Garcia, que é candidato a deputado federal, se aproximou da jornalista com o celular na mão a questionando sobre um contrato de trabalho de R$ 500 mil, alegando que ela trabalhava para falar mal do presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Pesquisa Genial/Quaest: vantagem de Lula para Bolsonaro é de 8 pontosTSE aprova sugestão de militares para teste em urnas eletrônicasLula e Bolsonaro 'escalam' vices para campanhas em MinasTarcísio repudia hostilidade de bolsonarista a Vera MagalhãesCiro sobre discussão de deputado com Vera: 'Bolsonaro é o líder da facção'Na discussão, Garcia questionava a jornalista sobre um contrato e pedia que ela publicasse o contrato na internet já que alegava ser de outro valor. O deputado também ofendeu Vera, dizendo que ela era uma "vergonha para o jornalismo" brasileiro.
"Olha mais um misógino, mais um machista. Um pau mandado do Presidente da República. O senhor veio para essa palhaçada?", disse Vera ao deputado.
A discussão foi encerrada quando o jornalista Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e mediador do debate, tomou o celular do parlamentar e arremessou a alguns metros de distância, na área onde estava a plateia.
Nas redes sociais, Vera disse que irá registrar um boletim de ocorrência contra o deputado. "Há centenas de testemunhas. Usou o convite no estafe de Tarcisio Freitas no debate apenas para vir mentir e me acossar e ameaçar", declarou.
"Este senhor é deputado estadual bolsonarista em SP. Se chama Douglas Garcia. Veio me xingar, me agredir, enquanto eu estava sentada no debate. É assim que essas pessoas tratam a imprensa", disse Vera nas redes sociais ao publicar o vídeo do ocorrido. "Aqui o deputado me agredindo. Mentindo que meu contrato é de 500 mil reais. Respondi no vídeo dele. Não tenho medo de homem que ameaça e intimida mulher", completou em outra publicação.
"Esse tipo de postura vinda de um parlamentar é inaceitável, intolerável na democracia. Não será um truculento, nem dois, que irão me intimidar a continuar fazendo meu trabalho. O deputado tem o meu contrato, porque o requereu. Mente reiteradamente. Agride mulher. Não vai me calar", finalizou.
Nas redes sociais, Douglas Garcia disse em todo o seu mandato "combateu o jornalismo militante" e afirmou que registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
"A Vera Magalhães está espalhando por aí que eu a agredi. Isso é mentira. Eu vou processar ela e quem divulgar isso por calúnia! Eu apenas a questionei educadamente, mas ela e seus amigos reagiram com agressividade", disse.
Nas redes sociais, políticos e autoridades se solidarizaram com a jornalista. "A escalada de ataques de bolsonaristas à jornalista @veramagalhaes já chegou ao ponto máximo, e tem que ser visto como uma múltipla ação terrorista que afronta não apenas uma mulher e jornalista independente, mas toda uma sociedade democrática. Os cães raivosos, como Douglas Garcia, não agiriam com tanta desenvoltura se não tivessem, de um lado, o estímulo e o apoio de Bolsonaro, líder da facção, e do outro, a passividade das autoridades. A mesa do Legislativo paulista também não pode ficar em silêncio", escreveu Ciro Gomes (PDT).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também se solidarizou e disse que "o que está em jogo nas próximas semanas não é simplesmente uma eleição. É o nosso futuro como civilização".
O governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição também se posicionou. "Meu total repúdio ao ataque covarde que a jornalista @veramagalhaes sofreu, após o debate da TV Cultura, vindo de um sujeito que não representa os valores democráticos nem o povo de São Paulo. Minha solidariedade a você, Vera", escreveu no Twitter.
Ao comentar o ocorrido, Simone Tebet (MDB) disse que atitudes como essas são reflexos do "comportamento covarde do Presidente", conforme a senadora.