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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

Lula e Bolsonaro ampliam ataques, e presidente 'some' de seu programa na TV

A maior guinada foi nas propagandas da TV, onde Lula e Bolsonaro iniciaram a campanha, no final de agosto, evitando citações ao adversário


16/09/2022 14:51 - atualizado 16/09/2022 14:57

Lula e Bolsonaro
A linha mais agressiva já vinha sendo testada na internet (foto: Dione Afonso/Divulgação e MAURO PIMENTEL / AFP%u2003)
A duas semanas da eleição, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente, primeiro e segundo colocado na pesquisa Datafolha, aumentaram o tom nos ataques nos espaços de propaganda no rádio, na televisão e na internet.

 

A maior guinada foi nas propagandas da TV, onde ambos iniciaram a campanha, no final de agosto, evitando citações ao adversário.

 

Na última semana, com o cenário de estabilidade na pesquisa Datafolha, onde aparece 12 pontos atrás de Lula, o presidente da República passou a usar a maior parte do seu tempo da propaganda eleitoral para atacar o petista.

 

O ápice foi no horário eleitoral desta quinta (15), quando Bolsonaro não apareceu no programa de quase três minutos no horário nobre da televisão. O espaço foi ocupado por uma peça publicitária, com uma atriz, mulher e negra, que prometia dizer a "verdade sobre Lula".

 

A propaganda usou o exemplo de um "bandido assaltando uma mulher" para explicar uma das anulações da condenação de Lula no STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu que a vara de Curitiba não deveria ter julgado o caso do ex-presidente.

 

Leia: Lula reduz vantagem de Bolsonaro entre evangélicos, segundo Datafolha 

 

"O processo mudou de lugar, mas a verdade, essa não muda", diz a locutora.

A propaganda ignorou decisão seguinte do STF que considerou o ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, suspeito para julgar Lula, de junho de 2021.

 

A linha mais agressiva já vinha sendo testada na internet. Em agosto, a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, mostrou que havia uma divisão na campanha do presidente, com a equipe responsável pela propaganda digital apostando em ataques ao petista e a que cuida da TV em programas exaltando o presidente e seu governo.

 

A reportagem apurou que, na reta final, a linha mais agressiva será dominante. Os temas corrupção e pautas de costume devem pautar a propaganda do candidato do PL.

 

Leia: Datafolha: Lula tem 45%; Bolsonaro, 33% 

 

Desde o início da campanha, em 16 de agosto, Bolsonaro não conseguiu subir nas intenções de voto, segundo o Datafolha. Tinha 32% e está com 33%, diferença dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais.

 

À frente na disputa, Lula também teve mudanças no tom em parte da sua propaganda eleitoral. O petista tem divido o tempo em três frentes: defesa às ofensivas bolsonaristas, exaltação ao seu período como presidente e ataques ao atual presidente.

 

Na defesa, o PT veiculou uma propaganda ironizando campanhas de que um governo do partido irá fechar igrejas, transformar o Brasil num país comunista ou quebrar a economia. Um fantasma aparece na sala repetindo as ameaças, que são contrapostas por um ator. "Não acredite em velhos fantasmas", conclui o locutor.

 

Leia: Campanha de Bolsonaro cria e impulsiona site com ataques a Lula 

 

A campanha de Lula também usa seu tempo na TV, o maior entre os candidatos à Presidência da República, para atacar Bolsonaro em pontos como rejeição entre as mulheres, discurso de ódio e defesa das armas.

 

A campanha petista explorou na propaganda na terça (13) as divisões e brigas políticas na sociedade. Defendeu que o candidato do PT volte a unir o Brasil.

O programa ainda buscou associar o governo federal a escândalos de corrupção, lembrando do suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no período em que ele era deputado estadual, sigilos de informações por cem anos decretados pelo presidente e denúncias de compra de imóveis com dinheiro vivo, que teriam sido feitas pela família Bolsonaro.

 

Críticas contra o presidente foram ao ar também no último dia 8, quando a campanha do PT exibiu relato de uma mulher que chora e lamenta a perda de entes queridos na pandemia. Ao transmitir falas de Bolsonaro minimizando os perigos da Covid, uma máquina que monitora o batimento cardíaco emite som de perda de sinal e morte.

 

O PT buscar aumentar a rejeição do adversário, que já é de 53%, para liquidar a eleição no primeiro turno.

 

Embora os candidatos tenham subido o tom na tentativa de mudar o rumo nas eleições, a história mostra que na reta final a tarefa é difícil. Após a redemocratização do Brasil, nunca um candidato que apareceu em segundo lugar no Datafolha a menos de um mês para a votação conseguiu virar o resultado.

 

Neste ano, outro fator torna a missão ainda mais complicada. Lula e Bolsonaro têm oscilado menos quando comparado a outros candidatos em pleitos anteriores --em junho, Lula e Bolsonaro tinham, respectivamente, 53% e 32% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

 

A estabilidade é explicada, em parte, porque ambos os candidatos se encaixam, segundo a cientista política Deysi Cioccari, no conceito sociológico de mitos políticos, construído a longo prazo e que dão sustentação às candidaturas.

 

"Lula foi preso, e Bolsonaro sofreu atentado a faca. Isso faz com que, além de eleitores, ambos tenham muitos seguidores fiéis que formam um corpo social coeso e não consideram a possibilidade de mudar o voto", diz Cioccari.

 

O "Beabá da Política"

série Beabá da Política reuniu as principais dúvidas sobre eleições em 22 vídeos e reportagens que respondem essas perguntas de forma direta e fácil de entender. Uma demanda cada vez maior, principalmente entre o eleitorado brasileiro mais jovem. As reportagens estão disponíveis no site do Estado de Minas e no Portal Uai e os vídeos em nossos perfis no TikTokInstagramKwai YouTube.
 

 


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