Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Vanessa Portugal rejeita Bolsonaro, critica Lula e aborda socialismo

Vanessa Portugal (PSTU) abriu ontem a série de entrevistas do Estado de Minas, Portal Uai e TV Alterosa com candidatos ao governo de Minas nas eleições deste ano. A socialista participou do podcast de política “EM Entrevista” e defendeu o sistema socioeconômico em detrimento do capitalismo, se mostrou contrária à reeleição do presiente Jair Bolsonaro (PL), fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também candidato ao Planalto, e ao PT, e apontou caminhos possíveis a Minas Gerais caso seja eleita. O partido de Vanessa Portugal tem Vera Lúcia (PSTU) como candidata à Presidência da República. Para a mineira, que tem o “fora, Bolsonaro” como um dos lemas, há diferença clara entre Bolsonaro e Lula, mas nenhum deles é o “ideal”.





“Nós não colocamos um sinal de igual entre Lula e Bolsonaro, não faríamos isso porque não tem um sinal de igual. Bolsonaro, de fato, ataca e ameaça o tempo todo as liberdades democráticas. Precisamos derrotar Bolsonaro com certeza, isso não é um elemento político solto no ar. É um elemento de necessidade da nossa classe, vidas são colocadas em risco a cada dia desse governo. Mas não basta derrotar Bolsonaro, temos que derrotar o bolsonarismo, temos que derrotar o que ele significa, e o programa apresentado pelo PT não faz isso”, afirmou.

“Ele não faz um enfrentamento a fundo ao que o bolsonarismo significa, ele não faz um enfrentamento a fundo com os privilégios dos grandes bilionários. E ao não fazer um enfrentamento a fundo com o privilégio dos grandes milionários, não vai ter condições de garantir as necessidades básicas da população pobre, trabalhadora”, disse também.

Questionada se o fato de ter o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice-presidente seria o grande problema do programa de governo de Lula, Vanessa Portugal foi além: para ela, o petista “não fala nem sequer o básico”.





“O problema da candidatura é o programa que se apresenta, e que é um programa que não aponta nenhuma das rupturas necessárias. Lula não fala nem sequer o básico, em revogar a reforma da Previdência, não fala em revogar, porque é revogar a reforma trabalhista, não é rever alguns pontos. E tantas outras questões que estão colocadas, essas são essenciais se queremos gerar empregos, se queremos gerar condições dignas de vida. Não seriam suficientes, mas seriam uma primeira premissa essencial”, disse.

Sobre uma eventual disputa em segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Vanessa Portugal reafirmou a rejeição contra o atual presidente, mas ponderou um possível apoio ao petista. “Fora Bolsonaro? Com certeza. Agora, se nós vamos apoiar o Lula no segundo turno, essa também é uma decisão coletiva que nós ainda não tomamos”.

Socialismo

Para Vanessa Portugal, “o socialismo é um regime que distribui a riqueza que é produzida coletivamente”. A candidata propõe uma mudança de sistema e diz que isso não seria fácil, mas diz que é uma “tarefa necessária”. “Não é uma tarefa das mais simples, talvez seja uma das mais complicadas, mas é uma tarefa necessária. Difícil mesmo é viver neste sistema. Vamos pensar, 33 milhões de brasileiros passando fome. Vamos pensar em Minas Gerais, 60% das pessoas em idade de trabalhar ou estão desempregadas ou estão em subemprego. Isso é muito difícil, e isso é impossível de resolver se permanecem as coisas como estão”, afirmou.





“A tarefa de mudar é muito difícil, mas é a única que tem possibilidade para resolver os problemas”, completou a candidata. Ela também considera que o voto em sua candidatura não é individual, mas a um “programa” socialista, completou. “Não queremos voto em um nome, em uma imagem. Queremos voto em um programa que apresentamos, e queremos discutir com cada trabalhador, com cada desempregado, que não adianta o candidato apresentar uma lista de propostas. Isso todo mundo fez em todas as eleições, mas se esse candidato não estiver disposto a, junto dos trabalhadores, enfrentar aqueles que se apropriam da nossa riqueza, as propostas não vão se concretizar”.

Saúde e Educação

Vanessa Portugal tem uma proposta de “universalização” dos sistemas de saúde e educação, a fim de ambos serem públicos e de uma grande qualidade. “A saúde e a educação têm que ser única para todo mundo, não pode ter escola diferente do filho do pobre e do filho do rico”, disse. “Única para todo mundo, no caso da educação, respeitando as especificidades e individualidades de cada povo, de cada realidade, mas única sobre o ponto de vista dos equipamentos que são oferecidos, da formação dos profissionais, do salário dos profissionais, do tempo dos profissionais para planejar e atender as crianças. E para ela ser única para todo mundo, ela tem que ser estatal, ela não pode ser privada”, completou.

A candidata do PSTU abordou também a questão financeira de Minas Gerais. Atualmente, o estado tem uma dívida de R$ 141,5 bilhões com a União. O governador Romeu Zema (Novo), que tenta a reeleição, considera a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) uma alternativa viável para sanar essa questão. Vanessa Portugal discorda.





“O Regime de Recuperação Fiscal no estado de Minas Gerais vai representar um apagão social. As pessoas precisam entender o que isso significa, que é limitar os investimentos na saúde e na educação, mais limitados que eles já estão, não ter contratação de novas pessoas (...) O estado não tem como espremer mais, e o Regime de Recuperação Fiscal é isto: é espremer aí”, diz.

Para ela, a dívida precisa ser suspensa. “Tem que ter uma suspensão do pagamento da dívida. A partir do estado e, é claro, a partir de uma campanha efetiva para que haja suspensão do pagamento da federação. Minas Gerais não é um estado marginal, Minas Gerais precisa ter uma posição mais efetiva nas lutas e nas pressões nacionais. Tem que mobilizar a população para isso”.

Disputa em Minas

Sobre a disputa ao governo de Minas, Vanessa Portugal se mostra esperançosa quanto à disputa num segundo turno entre Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD). A candidata afirma que nenhum deles é “uma alternativa para a população trabalhadora”. “Não tem uma decisão com relação a isso tomada neste momento, e essas decisões serão coletivas. O que nós temos dito, nem Zema, nem Kalil e nem outros candidatos, de fato, são alternativa para a população trabalhadora. Agora, a posição que nós vamos tomar em relação ao segundo turno, quem sabe nós vamos estar no segundo turno, aí está clara nossa posição”, afirmou.



Outros trechos da entrevista

Candidatura

"Vamos continuar fazendo a campanha do jeito que a gente acredita que seja verdadeira. Usando os meios que a gente tem, as redes sociais, espaços como esse são muito importantes para mostrar e esclarecer as pessoas as contradições que nós vivemos. Nós estamos em uma eleição e queremos voto. Mas nós não queremos voto em um nome ou em uma imagem. Nós queremos votos no programa em que nós apresentamos. E nós queremos discutir com cada trabalhador, com cada desempregado que não adianta um candidato apresentar uma lista de propostas. Isso todo mundo fez, em todas eleições. Mas se esse candidato não estiver disposto, junto com os trabalhadores, aqueles que se apropriam da nossa riqueza, essas propostas não vão se concretizar". 

Economia

"O Regime de Recuperação Fiscal no estado de Minas Gerais vai representar um apagão social. As pessoas precisam entender o que isso significa, que é limitar os investimentos na saúde e na educação, mais limitados que eles já estão, não ter contratação de novas pessoas (...) O estado não tem como espremer mais, e o Regime de Recuperação Fiscal é isso: é espremer aí".

"Tem que ter uma suspensão do pagamento da dívida. A partir do estado e, é claro, a partir de uma campanha efetiva para que haja suspensão do pagamento da federação. Minas Gerais não é um estado marginal, Minas Gerais precisa ter uma posição mais efetiva nas lutas e nas pressões nacionais. Tem que mobilizar a população para isso".





Zema e Bolsoanro

"O Zema e Bolsonaro, e o Kalil, em certa medida, Lula e Alckmin, embora eles não sejam iguais, governam para pessoas que se beneficiam dessa dívida. Eles governam para os banqueiros, para as mineradoras, governam para os senhores. E eles atendem àqueles para quem eles governam. Eles são eficientes em determinar políticas que atendam as demandas de quem já tem muito dinheiro". 

Microempreendedor

"O PSTU é contra a propriedade privada dos meios de produção. Estamos discutindo aqui, os meios de produção e a propriedade privada daqueles que produzem em larga quantidade e se apropriam da riqueza da nossa classe. O micro e pequeno empresário, até o médio, em boa parte, são, na verdade, trabalhadores que ficaram desempregados e rasparam o “fundo do tacho”e começaram um pequeno negócio. Em regra, são trabalhadores do seu próprio negócio. As pessoas estão ali, não só administrando, estão ali “ralando”, literalmente. Esses trabalhadores são parte do setor que precisa ser acolhido por um programa de governo. O dono da padaria paga mais impostos que o dono de uma rede de supermercados, proporcionalmente. Tem uma inversão completa".

Entrevistas

A série de sabatinas dos Diários Associados Minas com os candidatos  ao governo do estado está sendo realizada às 17h30, com transmissão ao vivo pelo canal do Portal Uai no YouTube e pelo site do Estado de Minas. E às 19h15  no “Jornal da Alterosa”, na TV Alterosa. Confira as datas das entrevistas:

Hoje – Alexandre Kalil (PSD)

Amanhã – Renata Regina (PCB)

22/9 – Cabo Tristão (PMB)

23/9 – Indira Xavier (UP)

26/9 – Romeu Zema (Novo)

27/9 – Lourdes Francisco (PCO)
 
28/9 – Carlos Viana (PL)

29/9 – Marcus Pestana (PSDB)

30/9 – Lorene Figueiredo (Psol)