Tim Maia, Belchior, Ana Castela, Melody, até Shunsuke Kikuchi, o compositor da abertura do Dragon Ball Z: ninguém ficou a salvo de ter seu trabalho parodiado para canções com cunho político.
Criatividade é o ponto-chave para criar um jingle cativante durante a campanha eleitoral. Por isso, muitos políticos recorrem a paródias musicais com a intenção de chamar a atenção dos eleitores.
Em outros casos, os eleitores criam versões de canções famosas como forma de colocar a ideia de um político em destaque. Com a proximidade do dia das eleições, essas músicas estão em alta nas redes sociais e comícios políticos.
'Vai neto' - paródia de "Ai preto", de L7nnon e Biel do furduncinho, com participação da Mc Bianca
Candidato ao governo da Bahia, ACM Neto parodiou o hit do TikTok 'Ai preto' para seu jingle de campanha. Ele adaptou a letra para 'Vai neto' e mudou o ritmo de funk para pagode.
"Jingle Kim Kataguiri" - paródia da música tema de Dragon Ball Z
O candidato a deputado federal por São Paulo, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), criou um dos seus jingles como uma paródia da abertura do anime Dragon Ball Z. Nas suas redes sociais, o político se descreve como "otaku" - fã de anime e produtos culturais japoneses - e "gamer", o que conversa com o vídeo de campanha eleitoral.
Em certo momento da música, ele canta "parei com o Lolzinho para não pagar a conta de luz", em referência ao jogo eletrônico League of Legends. Além disso, ele também critica a polarização política, mas, principalmente, o governo Bolsonaro.
"Que PT que nada" - paródia de “Que pescar que nada”, de Bruno e Marrone
A paródia é campanha para o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger nas Eleições de 2022. A música faz críticas ao Partido dos Trabalhadores e diz que votará no atual Chefe do Executivo para o Brasil não “virar a Venezuela”
Alexandre Silveira - paródia de "Não quero dinheiro", de Tim Maia
O candidato à reeleição como senador, Alexandre Silveira (PSD), parodiou o clássico "Não quero dinheiro" para apresentar a sua história. Com a melodia e a composição da música, ele cantou o seu currículo e também citou a coligação com o candidato ao governo de Minas, Alexandre Kail (PSD), e o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Vote Cleitinho 200" - paródia de "Tem cabaré essa noite", do Nattan e Nivaldo Marques
O candidato ao Senado e músico Cleitinho Azevedo (PSC) canta o próprio jingle, uma paródia da música “Tem cabaré essa noite”, de Nattan e Nivaldo Marques. Na letra, ele critica o sistema político, alfinetando o Supremo Tribunal Federal (STF).
'A rebeldia da esperança' - paródia de "Sujeito de Sorte", do Belchior
O candidato à presidência Ciro Gomes (PTD) parodiou o hit de Belchior para se declarar um 'rebelde" e a "esperança" do país. No vídeo do jingle, ele aparece no meio de imagens destruídas de Lula e Bolsonaro e diz "para o Brasil ficar de pé, estou ao lado de Ciro".
‘Capitão tá com Bruno’ - paródia de "Onda Onda", do Tchakabum
Candidato ao Senado Federal pelo Estado da Paraíba, Bruno Roberto (PL) parodiou a música “Onda Onda” como campanha política. No jingle, ele diz que o “capitão”, que é o presidente Jair Bolsonaro, está com ele, ou seja, o apoia.
'Manda embora o Bolsonaro' - paródia de “Tá Escrito”, do grupo Revelação
Apoiadores do ex-presidente Lula modificaram a letra da canção de pagode na estrofe que diz "manda a tristeza embora". A versão petista é "manda o Bolsonaro embora".
'Me leva' - paródia de "Me leva", do Latino
Candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou a música "Me leva", do cantor Latino, para o seu jingle. O artista, que é apoiador do presidente Bolsonaro, cantou a paródia do candidato.
'Tiririca, Brasília é seu lugar' - paródia de "O portão", de Roberto Carlos
O candidato a deputado federal Tiririca (PL-SP) se vestiu como o "rei" no vídeo do seu jingle de campanha eleitoral. A música é uma paródia de "O portao", que tem os versos "eu voltei/agora para ficar/porque aqui, aqui é meu lugar". O político mudou para: "Eu votei, de novo eu vou votar. Tiririca, Brasília é seu lugar".
Parodiar sem consentimento do artista original é crime?
Esta é a quarta vez que tirica parodiou o cantor em sua campanha eleitoral. O político e Roberto Carlos travam uma batalha judicial pelo uso das músicas parodiadas desde 2014.
Este ano, o
cantor também apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tirar a propaganda eleitoral do ar e pede R$ 50 mil em indenização por danos morais. Os advogados do artista afirmam que o jingle “induz os eleitores e o público em geral a erro, causando uma associação indevida entre Tiririca e Roberto Carlos, gerando danos à reputação do músico”.
O candidato ao governo de São Paulo, Vinicius Poit (NOVO), parodiou a música '
Pipoco', de Ana Castela, para o seu jingle. Porém, conforme o UOL, a versão política não tinha autorização da artista.
"O STJ já decidiu sobre isso lá atrás e não fica necessário o pedido de autorização do titular da obra. Chequei isso direitinho antes de fazer", disse Poit na entrevista ao portal.
Escute a paródia de Poit de 'Pipoco' da Ana Castela:
Venda e compra de paródias
O site
Jingle online vende paródias e músicas para a campanha de políticos. No formato de cardápoio, eles apresentam uma série de músicas com exemplos de paródias que podem ser modificadas conforme o candiato. O valor do trabalho é R$ 599,00 e o contato é feito através do Whatsapp.
Resignificado:
As músicas ‘Vermelho’, da cantora Gloria Groove, e ‘Vai dar PT’, do MC Rahell, foram ressignificadas por petistas. A letra das canções não têm cunho político, mas têm as palavras 'vermelho' e ‘PT’, que são a cor e a sigla do Partido dos Trabalhadores.