A nove dias do primeiro turno da eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), os dois primeiros colocados das pesquisas a respeito das intenções de voto, escolheram Minas Gerais como palco de suas campanhas.
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O presidente deve chegar à cidade durante a manhã e, em uma motociata, partir rumo a um comício na Praça do Santuário, no centro. A agenda enviada pela assessoria da campanha nacional do PL ao EM aponta, ainda, um almoço com entusiastas da adoção de crianças em um clube e um encontro com lideranças religiosas em um ginásio.
À noite, já sem Viana, um hotel no Riacho das Pedras, bairro de Contagem, vai receber o candidato à reeleição e a primeira-dama, Michelle, para outro evento, batizado "Mulheres pelo Brasil". Walter Braga Netto (PL), candidato a vice-presidente, deve compor a comitiva. Na semana passada, o militar visitou Belo Horizonte, onde nasceu.
Enxuta, a agenda de Lula prevê apenas um ato público no Vale do Aço. O palanque montado no Parque Ipanema, que fica ao lado do estádio Ipatingão, deve ser utilizado pelo presidenciável entre o fim da tarde e o início da noite. Geraldo Alckmin (PSB), o vice da coalizão liderada pelos petistas, não vai participar.
Na semana passada, o ex-governador paulista fez incursão solo pelo estado. O roteiro incluiu Uberlândia, no Triângulo, Poços de Caldas, no Sul, e BH. Ele aproveitou a viagem para ter conversas com representantes de um setor historicamente refratário ao PT: a agroindústria.
Eventos em Minas vão trazer bons frutos, creem aliados
Ontem, em Divinópolis, apoiadores de Bolsonaro organizaram um ato que serviu de "esquenta" para a passagem do presidente pela cidade. O deputado estadual Bruno Engler (PL), um dos principais aliados do presidente em Minas, confia no sucesso da atividade. "Vai dar para fazer um evento muito bacana, de Bolsonaro apoiando Cleitinho e de Cleitinho apoiando Bolsonaro", diz.Será a quarta vez de Bolsonaro em Minas desde 15 de agosto, quando os candidatos foram autorizados a pedir votos. De lá para cá, o presidente fez um comício em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e discursou a apoiadores em Belo Horizonte e Betim. Houve, ainda, um evento institucional e alheio aos compromissos de campanha: a solenidade de instalação do Tribunal Regional Federal da 6° Região (TRF-6).
"Minas Gerais é um estado decisivo em qualquer eleição presidencial. Nesta, não é diferente. O presidente, mais uma vez, (está) prestigiando nosso estado. Ele mesmo fala que nasceu de novo em Juiz de Fora e que se considera mineiro de coração", afirma Engler.
Em Contagem, a ideia é que Bolsonaro converse com mulheres cristãs. "É sempre uma agenda que ele gosta de estar fazendo, com o público cristão", festeja o aliado.
No Vale do Aço, Ipatinga é a principal cidade de uma região formada por um "cinturão" de municípios que tiveram sucessivas administrações do PT. Segundo Alexandre Silveira, a ideia é dar a Lula uma "bonita festa". "Tenho certeza de que, com Lula presidente, nossa região vai retomar seu protagonismo político e econômico e vamos conseguir resolver os principais problemas da nossa região, que dependem da ação eficaz do governo federal", declarou.
Na semana passada, Lula visitou Montes Claros, no Norte mineiro. Antes, esteve na capital mineira. "Lula dá uma importância muito grande para nosso estado", garantiu Kalil, três dias atrás, em entrevista à TV Alterosa.
O poder das palavras nos discursos anteriores em Minas
Quando estiveram em BH no mês passado, Lula e Bolsonaro aproveitaram os minutos que tiveram ao microfone para tecer críticas às correntes rivais e falar a respeito dos desejos para o Brasil."Queremos que nossos meninos trabalhem e estudem; não queremos que a mulher continue sendo tratada como se fosse objeto de cama e mesa neste país. Queremos que a mulher seja sujeita da história, que possa querer fazer o que ela quiser, do jeito que ela quiser", bradou Lula, durante discurso na Praça da Estação, no Centro da capital.
Na Praça da Liberdade, na Savassi, Bolsonaro pediu o empenho de seus apoiadores na busca por mais votos: "Não queremos a volta da corrupção. Não queremos a volta daqueles que defendiam, e defendem ainda, a ideologia de gênero. Não queremos a liberação das drogas. Não queremos a legalização do aborto. Queremos a defesa da família; queremos o culto aos nossos símbolos; queremos a liberdade de religião e expressão. Queremos, cada vez mais, dizer que somos um país livre".
Em BH, como mostrou o EM no fim do mês passado, Bolsonaro fez 17 menções a Minas Gerais, enquanto Lula citou o estado em dez ocasiões. O petista chegou a dizer que Bolsonaro comete "heresia" por "citar o nome de Deus em vão".
"A gente tem que olhar a Constituição, e ela tem que ser cumprida. A gente tem que olhar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e ela tem que ser cumprida. A gente tem que olhar a "Bíblia", e ela tem que ser cumprida. Todos nós somos irmãos, somos filhos de Deus, e temos direito a viver com muita dignidade e muito respeito", frisou.
Ao discursar na Praça da Liberdade, o presidente da República lembrou o ataque a faca que sofreu em Juiz de Fora e relacionou Lula ao governo da Nicarágua, na América Central. "(É) um país onde não se tem mais liberdade, onde se fecham emissoras de rádios católicas e prendem padres. Esse é o país que Lula da Silva defende lá fora", acusou.