A infectologista Luana Araújo fez duras críticas ao corte de verbas para a área da saúde que chegou aos pacientes com câncer. Em uma postagem nas redes sociais, Luana ressaltou que a inflação na área médica é maior do que a inflação do país e alertou para os desafios que os ocupantes de cargos eletivos vão enfrentar em 2023.
O site Estadão, do jornal Estado de São Paulo, publicou nessa sexta-feira (23/9), que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um corte de despesas para acomodar os R$ 19,4 bilhões reservados ao orçamento secreto e acabou atingindo os recursos destinados a investimentos para prevenção e controle do câncer. De acordo com o jornal, a verba foi reduzida em 45%, passando de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões, em 2023.
“Lembro a todos que a inflação médica - o índice que mostra de quanto foi a variação de custos médico-hospitalares em determinado período - é sempre maior que a inflação habitual. Como exemplo, em 2021, a inflação geral foi de 10,26% e deve fechar em índice menor esse ano. Em contrapartida, a inflação médica deve fechar 2022 em terríveis 25%. É mais que o dobro”, explica a infectologista.
Ela segue explicando que o repasse para linhas de cuidado como a oncologia - que utiliza ferramentas mais caras - deveria ser aumentado e melhor gerido.
Outras áreas também sofrem com cortes
A médica lembra ainda que o desmonte na área da saúde não se limita aos pacientes com câncer e lista outros setores que sofrem com os cortes no orçamento para essa área:
- Rede Cegonha, que cuida de gestantes e bebês;
- Rede de Atenção Psicossocial – Raps, que atende dependentes de drogas e portadores de transtornos mentais,
- Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência, que apoia a reabilitação de pacientes
Segundo Luana, todas elas tiveram recursos para infraestrutura de ambulatórios especializados e hospitais reduzidos. “Áreas fundamentais, consideradas estratégicas, sangrando à própria sorte”, afirma.
A infectologista diz ainda que esse tipo de notícia nem mostra mais o tamanho do que classifica como incompetência de gestão ou má administração de recursos. “Isso já ficou patente há muito tempo.”
Para Luana, problemas como este mostram a dificuldade que os ocupantes de cargos eletivos vão enfrentar em 2023. “ E mais: para nos unirmos em torno da solução de problemas gravíssimos que, se não criados, estão sendo aprofundados vergonhosamente para bancar o orçamento secreto.”