O gesto de Barbosa foi obtido em meio a um esforço da equipe de Lula para conseguir apoios estratégicos, de nomes não alinhados ao PT, na tentativa de atrair indecisos e o voto útil de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) ainda dispostos a trocar de candidato.
O ministro aposentado foi indicado à cadeira na corte pelo próprio ex-presidente, mas depois tornou-se algoz do PT. Barbosa presidiu o STF e foi relator do mensalão, processo que atingiu em cheio o governo Lula.
No total, o ex-presidente da Supremo enviou 12 vídeos sequenciais à campanha petista na qual aborda alguns temas.
Neles, Barbosa lembra que foi integrante do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que, por ter composto a corte, assegura a segurança e transparência das eleições, além da capacidade de acompanhamento do processo, que não pode ser questionada.
O ministro ainda diz que o presidente Jair Bolsonaro (PL) representa um risco à democracia e conclui dizendo que Lula é o único que pode derrotar o atual presidente, justificando o voto como forma de proteger a democracia.
As peças foram enviadas à equipe de comunicação do PT, que serão exploradas pela campanha.
Barbosa já havia sido consultado por aliados de Lula havia cerca de três meses sobre a possibilidade de declarar apoio ao petista. O contato foi retomado no final da semana passada, porém, e teve como principal articulador o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).
Coube a Alckmin telefonar para Barbosa, na sexta-feira (23) e pedir o apoio do ex-presidente do STF.
Em julho, Barbosa já havia criticado as declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a segurança das urnas eletrônicas.
"Disse o general: 'As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE...'. Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto", afirmou Barbosa.
Depois, em agosto, o ex-presidente do STF assinou a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito".
Barbosa havia se filiado ao PSB em abril de 2018 e recebeu apelos do partido para disputar a eleição. Por motivos pessoais, porém, o ex-ministro optou por não concorrer à vaga. Neste ano, desfiliou-se também do PSB.
Na última semana, Lula viu uma série de figuras públicas anunciar apoio à candidatura do petista logo no primeiro turno.
Entre eles o ex-ministro Henrique Meirelles e o ex-senador Cristovam Buarque, que participaram de ato com Lula na segunda (19), e o advogado e professor Miguel Reale Jr., autor do pedido de impeachment que resultou na cassação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Personalidades ligadas ao PSDB também declararam apoio a Lula.
Na quarta (21), o diretor-geral da Fundação Henrique Cardoso, o cientista político Sergio Fausto, afirmou ao Painel que irá votar no ex-presidente.
No mesmo dia, o vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), ex-tucano, recebeu apoio de uma ala do PSDB de Goiás. Alckmin cumpriu agenda em Goiânia.