Na reta final, a campanha de Alexandre Kalil (PSD), candidato ao governo de Minas, decidiu investir em peças que nacionalizam a disputa estadual. Apoiado pelo presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de Belo Horizonte tem levado à propaganda eleitoral na televisão e a seus canais na internet vídeos que associam o governador Romeu Zema (Novo), candidato à reeleição, ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem, Kalil lançou vídeo em que se define como "amigo do próximo presidente", em menção a Lula.
Lula e Kalil trilham caminho oposto ao de Bolsonaro e Zema. Apesar da tentativa de associar o presidente ao governador, o político do Novo tem dado apoio a Felipe d'Avila, candidato do seu partido a presidente. "Qual Minas Gerais você quer? A do Zema e Bolsonaro, onde a fome cresce a cada dia, atingindo quase 2 milhões de mineiros? Ou você quer a Minas Gerais do Lula e Kalil, que cuida do nosso povo mais pobre?", diz o narrador de uma das propagandas audiovisuais da coalizão liderada pelo PSD”.
O tom dos vídeos é de contraposição de projetos. A ideia é mostrar que Outra inserção recupera a postura crítica de Zema aos governos do PT. "Qual Minas Gerais você quer? A que o governador será inimigo do presidente Lula? Ou a Minas Gerais onde o governador e presidente jogarão juntos pelos mineiros?", pergunta o condutor do vídeo. A segunda propaganda mostra trecho de entrevista concedida por Zema ao portal G1 em agosto. À época, quando perguntado sobre a escolha que fará em eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o governador afirmou que não vota no PT.
Na semana passada, em entrevista à Folha de S.Paulo, Zema se esquivou sobre apoio a Bolsonaro, mas voltou a criticar os petistas. "Espero que (a eleição presidencial se) resolva no primeiro turno e, no segundo, apoiar o PT, te adianto que não apoiarei. Isso já está definido. Para mim é o que há de pior na política no Brasil", criticou.
A associação de Zema a Bolsonaro, feita por Kalil ainda no período pré-eleitoral, vem ganhando força gradativamente. Na sexta-feira, durante comício ao lado de Lula em Ipatinga, no Vale do Aço, o pessedista subiu o tom ao relacionar os candidatos à reeleição. "Esta semana, parece que estamos datilografando a ordem de despejo dos dois (Zema e Bolsonaro). Vamos tirar os negacionistas, os insensíveis, aqueles que acham que o estado é zero, que o povo tem de se virar. Vou parafrasear o presidente Lula ontem (quinta-feira) no SBT: os dois não fazem porra nenhuma", bradou.
Durante o discurso em Ipatinga, Kalil tachou Zema e Bolsonaro de "insensíveis" e afirmou que eles são "iguais". "Ignoram professor, servidores. Não passa de uma calculadora sentada na cadeira de governador. Vamos tirar essa calculadora. Temos oito dias", pediu.
O candidato a vice na chapa de oposição ao governo de Minas, André Quintão (PT), falou que Zema é "aliado despistado" do presidente. Embora evite falar mal às claras de Zema, Lula fez uma crítica ao governador em Ipatinga. "Não costumo chegar a nenhum estado e falar mal do governador, porque não conheço, não sei quem é e nunca conversei. Acho que não tenho direito de chegar em Pernambuco, no Acre ou em Minas Gerais e falar mal do governador. A única que posso dizer: vocês se lembram de alguma obra importante que o governador fez aqui em Minas Gerais?", pontuou.
Lula disse, ainda, ter notícias de que "a única coisa" que Zema faz é "criticar o PT". Ele cobrou respostas da direção estadual do partido aos ataques. "Se o atual governador fez todas as obras que vocês sonhavam que deveriam ser feitas, tudo bem. Mas, se não fez, temos um cara que, em apenas quatro anos, fez uma revolução em Belo Horizonte cuidando do povo da capital", assinalou, em menção a Kalil.