Casos de violência política se acumulam no Brasil e, a menos de uma semana para o primeiro turno das eleições, agressões e até mesmo assassinatos de eleitores e candidatos ganham espaço nos noticiários.
Só no último fim de semana, duas discussões com motivação política terminaram em morte no Brasil e se somam a um cenário em que a disputa acirrada nas urnas extrapola para a brutalidade e, segundo especialistas, pode ter feito no resultado do pleito.
No último sábado, no Ceará, um homem foi morto a facadas em um bar. Testemunhas disseram que o autor do crime atacou a vítima após ela ter declarado voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mesmo dia, em Santa Catarina, um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) teve o mesmo fim, também esfaqueado.
Só no último fim de semana, duas discussões com motivação política terminaram em morte no Brasil e se somam a um cenário em que a disputa acirrada nas urnas extrapola para a brutalidade e, segundo especialistas, pode ter feito no resultado do pleito.
No último sábado, no Ceará, um homem foi morto a facadas em um bar. Testemunhas disseram que o autor do crime atacou a vítima após ela ter declarado voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mesmo dia, em Santa Catarina, um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) teve o mesmo fim, também esfaqueado.
Antônio Carlos Silva de Lima, de 39 anos, estava em um bar em Cascavel (CE) quando foi interpelado por um homem que, segundo testemunhas, entrou no estabelecimento questionando se havia algum eleitor de Lula no local. A vítima teria declarado apoio ao petista e, como resposta, recebeu uma facada na altura das costelas.
A Polícia Civil do Ceará investiga o crime e suas possíveis motivações eleitorais. Do outro lado do espectro político e do país, em um bar em Rio do Sul (SC), Hildor Henker, de 34 anos, morreu após discussão política. Segundo a Polícia Militar, ele levou facada na artéria femoral, foi socorrido, mas morreu no dia seguinte. O criminoso fugiu. A vítima era eleitora de Bolsonaro e vestia uma camiseta de apoio ao presidente quando foi assassinada.
A Polícia Civil do Ceará investiga o crime e suas possíveis motivações eleitorais. Do outro lado do espectro político e do país, em um bar em Rio do Sul (SC), Hildor Henker, de 34 anos, morreu após discussão política. Segundo a Polícia Militar, ele levou facada na artéria femoral, foi socorrido, mas morreu no dia seguinte. O criminoso fugiu. A vítima era eleitora de Bolsonaro e vestia uma camiseta de apoio ao presidente quando foi assassinada.
POLARIZAÇÃO
Para o professor da PUC Minas e especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori, as eleições deste ano ocorrem sob polarização ideológica e agressividade. Ele avalia que são necessárias estratégias específicas para garantir a segurança dos eleitores. “É preciso tomar providências para que o eleitor possa votar com tranquilidade e sem medo. Tem que ter um protocolo especial para essa eleição, priorizando maior ostensividade da polícia na rua, uma fiscalização rigorosa para que não haja venda e consumo de bebidas e atenção especial para armas de fogo. A gente vê que muitas dessas brigas acontecem em festas e bares, então, é preciso que a Lei Seca seja aplicada com tolerância zero”, aponta.
Sapori também acredita que, além de investir na segurança, é preciso divulgar as medidas para que a população se sinta tranquila para votar. “É imprescindível que esse plano para as eleições seja elaborado e tornado público da forma mais ampla possível para garantir que os eleitores votem sem medo. Apesar dos casos de violência, a situação não fugiu ao controle, não há situação de pânico”.
Ainda que o professor aponte que as ocorrências ocorram de forma episódica e não sistêmica, o contexto da campanha com ânimos exaltados causa impactos na sensação de segurança dos eleitores. Em pesquisa feita pelo Datafolha de 13 a 15 de setembro, 9% dos entrevistados disseram que podem deixar de votar por medo da violência e 40% acham que existe chance grande de atos violentos em 2 de outubro. Dados coletados pelo mesmo instituto entre 3 e 13 de agosto, por encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), mostram que 67,5% dos entrevistados temem ser agredidos fisicamente pela sua escolha política ou partidária.
O coordenador do Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio), Felipe Borba, ressalta que pesquisas que medem o temor dos eleitores já é um sinal de que as eleições deste ano destoam das campanhas anteriores. “Só de estarmos discutindo violência política já faz essa eleição ser diferente. Em nenhuma outra campanha desde a redemocratização, o tema foi tão vivo, tão quente e debatido e até tema de pesquisa eleitoral. Neste ano, se fala em inflação, emprego e se discute violência política. Nesta última semana, é possível que a militância bolsonarista acirre os ânimos. A violência sempre acompanha o calendário eleitoral”, aponta o doutor em ciência política.
ESTRATÉGIA DE CAMPANHA
“Acredito que Bolsonaro usa a violência como estratégia que tem dois propósitos. Um é acuar os atores políticos opositores, como tentou fazer com o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instituições. O outro é criar um discurso que mantém viva e acesa sua base política, manter no ar sempre um clima de ameaça. A gente teve esse caso recente do bolsonarista atacado, mas a grande maioria dos casos são praticados por eleitores de Bolsonaro, como no caso do drone no ato do Lula, pancada na cabeça da militante petista em Angra dos Reis. É um incentivo que vem de cima para baixo, Bolsonaro tem uma retórica violenta e belicista”, avalia o professor Felipe Borba.
A avaliação de Borba é medida na prática pela já citada pesquisa Datafolha de 13 a 15 de setembro. Entre eleitores de Lula, 50% acreditam que existe uma chance grande de atos violentos no dia das eleições, ao passo que, entre bolsonaristas, esse temor cai para 26% dos entrevistados. Para o especialista, no entanto, o clima de tensão pode acabar favorecendo o petista. “Muitas pessoas podem acabar decidindo por votar em quem lidera as pesquisas para encerrar a eleição no primeiro turno e encerrar esse clima de violência no país”.
De acordo com a pesquisa divulgada pelo Ipec ontem, Lula tem 48% das intenções de voto e Bolsonaro, 31%. Considerando apenas os votos válidos, o petista salta para 52% das menções, cenário em que seria eleito no primeiro turno. Se existe a chance do clima violento gerar votos para o ex-presidente, o pesquisador também levanta a possibilidade de que a abstenção de eleitores amedrontados leve o pleito para o segundo turno.
“Existe esse percentual, que não é muito grande, que deixaria de votar por causa da violência. Como o cenário é de uma eleição que pode ser resolvida no primeiro turno de forma apertada, se poucas pessoas deixam de votar por medo, isso pode ser decisivo. Como Lula está no limite dos 50%, como a pesquisa Ipec mostrou hoje, isso pode ter um efeito na decisão de ir ou não para o segundo turno”, explica.
MORTES PELO PAÍS
O primeiro caso de violência com conotação política na campanha eleitoral deste ano ocorreu em julho. Um tesoureiro do PT foi assassinado em Foz do Iguaçu-PT quando comemorava o aniversário de 50 anos em uma festa com motivos do Partido dos Trabalhadores. O policial penal Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro, invadiu o local e atirou contra Marcelo Arruda. Em setembro, no Mato Grosso, outro apoiador de Lula foi morto. O homem de 42 anos levou facadas e um golpe de machado durante briga com um colega de trabalho.
Outra morte relacionada à campanha eleitoral aconteceu em 13 de setembro, em Salto do Jacuí- RS. O empresário bolsonarista Luiz Carlos Ottoni morreu após bater com sua caminhonete em um barranco. O acidente aconteceu minutos após o empresário ter perseguido e colidido na traseira do carro da vereadora Cleres Maria Cavalheiro Revelante (PT-RS). A parlamentar disse que o homem batia de forma proposital, por divergências políticas.