Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Mulheres indecisas têm percepção negativa de Bolsonaro e da economia, mostra Datafolha

Eleitoras que ainda não definiram em quem irão votar para presidente se ressentem da situação da economia, tendem a ter uma avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro e veem desgaste no cenário político do país.





As observações constam em pesquisa qualitativa feita pelo Datafolha com um grupo de entrevistadas de diferentes regiões do país e de variadas ocupações, graus de escolaridade e idade.

A pesquisa foi feita na última quarta-feira (21) e contou com 16 entrevistadas.

Segundo o Datafolha, as eleitoras descreveram uma sensação de retrocesso no país hoje, mencionando problemas como a perda de poder de compra e a inflação, principalmente dos alimentos e combustíveis.

Na mais recente pesquisa de intenções de voto para presidente feita pelo Datafolha, realizada de terça-feira (20) a quinta-feira (22) da semana passada, os eleitores indecisos somaram 2% do eleitorado no levantamento estimulado (quando o entrevistador mostra os nomes dos candidatos).





Na pesquisa espontânea (quando não são informados ao entrevistado quais candidatos estão concorrendo), esse índice pula para 14%.

Essa fatia do eleitorado pode ser crucial, por exemplo, para definir no próximo domingo (2) se haverá ou não um segundo turno na eleição presidencial.

Diferentemente da pesquisa quantitativa, como a de intenção de voto, a qualitativa tem como objetivo se aprofundar em percepções de um grupo restrito de entrevistados que possam mostrar tendências de comportamento de determinado segmento da sociedade. A pesquisa não representa o total de eleitores.

Na pesquisa qualitativa feita na semana passada, as eleitoras indecisas afirmaram ter foco na eleição para presidente --somente uma participante manifestou real interesse nos demais cargos, ainda que tenha havido menções sobre a importância do voto para as outras vagas em disputa neste ano.





Houve também menções críticas das eleitoras a questões como falsas promessas dos candidatos e brigas e ataque entre os políticos.

Bolsonaro (PL) foi criticado especialmente por seu despreparo para governar e atitudes como a gestão da pandemia do coronavírus.

Uma eleitora que acha que seu governo não foi de todo mal classificou o candidato à reeleição como "um cara desbocado, que não sabe se portar" e que não agiu na área da segurança pública como prometia em 2018.

Também houve rejeição ao ex-presidente Lula (PT), principalmente em decorrência das acusações de corrupção contra ele e seu governo. O petista ficou preso por 580 dias entre 2018 e 2019 devido à condenação na Operação Lava Jato que foi anulada posteriormente no Supremo Tribunal Federal.





Uma das entrevistadas afirmou que é preciso parar de pensar na ideia de "roubou, mas fez".

Entre pontos positivos mencionados acerca do ex-presidente estão a promessa de reajustar o Auxílio Brasil e o histórico de trabalho pelo Nordeste.

Uma das entrevistas disse que o petista representa "a única chance de despedir Bolsonaro".

Sobre Ciro Gomes (PDT), que tem aparecido em terceiro lugar nas pesquisas, mas muito atrás dos dois líderes, o grupo de eleitoras também não demonstra entusiasmo com a candidatura, mencionando como pontos negativos o fato de ser um político de carreira.

A favor do pedetista, há citações a proposta de cobrar mais impostos dos mais ricos e ainda a preocupação com a educação.

A pesquisa qualitativa também questionou as participantes sobre a candidata Simone Tebet, do MDB, pouco conhecida no grupo.





Entre pontos favoráveis à emedebista, foram mencionados o fator novidade na eleição e a preocupação com questões sociais.

Mas houve questionamentos sobre sua capacidade para governar caso eleita e até comparação com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016.

As eleitoras ouvidas também disseram ter poucos detalhes sobre os planos de governo dos presidenciáveis e afirmaram que precisam buscar mais informações para decidir em quem votar.

Mesmo quem diz não gostar de política afirma que, com a proximidade das eleições, procura se inteirar sobre o assunto. A maioria votou em 2018 e pretende votar também neste ano.