O governador Romeu Zema (Novo) esteve presente, após duas ausências em confrontos anteriores, e teve sua administração como alvo dos demais postulantes ao Executivo estadual, em especial do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), seu principal adversário.
Marcus Pestana (PSDB) defendeu as administrações do seu partido em Minas, enquanto Kalil e Carlos Viana (PL) ressaltaram ações dos ações apoiadores que disputam o Paláco do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), respectivamente.
Frente a frente pela primeira vez, Zema e Kalil partiram para o ataque. Sob críticas dos adversários à sua gestão, logo no início do debate, Zema se irritou e deu um tapa no púlpito.
Em seguida, Kalil criticou a postura do adversário e direcionou uma das declarações mais ríspidas ao governador, se referindo a ele como subserviente ao setor industrial do estado.
"Primeiro, quero dizer que pedi o direito de resposta [que foi negado, mas o ex-prefeito falou em outro momento] porque eu fui citado e acrescentar que tapa na mesa aqui, não, não é a Fiemg [Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais]. Ele não está rodeado nem de puxa saco nem de bilionário. São quatro candidatos que merecem respeito. Aqui não tem lugar para tapa na mesa", disse o ex-prefeito de BH. O candidato do PSD disse também: "Tapa na mesa aqui, não. Queria que [Zema] tivesse essa valentia com minerador".
O confronto seguiu ao longo do debate. Zema citou um site intitulado "Mentiras do Kalil" e disse que o ex-prefeito "não tem moral" para falar com ele por ser um "mentiroso profissional". O governador também questionou a formação do rival como engenheiro. Em um terceiro momento, o governador mencionou "dívida" de Kalil de IPTU de Kalil, fato negado pelo candidato do PSD posteriormente.
Para se defender dos ataques, Kalil disse que não teria coragem de mencionar uma denúncia sobre o governador. "A acusação que pesa em um processo contra o senhor, eu teria que dizer às 3h da manhã, porque não pode ter criança na sala [...] Eu não vou entrar na acusação que tem contra o senhor na Polícia Civil que o senhor como governador arquivou", disse sem entrar em detalhes. Zema também pediu direito de resposta, mas não foi atendido pela TV Globo.
Kalil também ironizou a ausência de Zema nos dois debates desta campanha organizados pela Rede Bandeirantes e pela TV Alterosa. Segundo o candidato do PSD, o governador só foi à Globo ontem após a divulgação do resultado da pesquisa Ipec horas antes do evento. "Ele está vendo a onda vir e a pesquisa está avisando para ele que o negócio ficou feio. Ele está aqui hoje por causa da pesquisa".
O levantamento mostra que a distância entre o candidato à reeleição e o ex-prefeito da capital caiu para 11 pontos percentuais após Kalil subir cinco pontos no páreo.
Em outro momento do debate, Zema errou o nome da candidata do Psol, chamando-a de Edilene e se referindo ao partido dela como "social". Depois, ela respondeu com ironia: "Romeu da Zema, meu nome é Lorene. Grava esse nome. E não sou do social, sou socialista, eu sou feminista e sou antifascista. Luto pelo direito de todas as minorias políticas".
Comparação de governos
Zema foi criticado por todos os quatro adversários, que questionaram pontos específicos da sua gestão. O governador chegou a reclamar: "Esse pessoal está bom de discurso. E só acusando o meu governo. Parece que está tendo muito direcionamento ao meu governo", logo antes de voltar a criticar a administração de Pimentel no estado. Repetidas vezes, o governador citou a gestão "PT-Pimentel", associando o partido e o antecessor a Kalil, que tem sua candidatura apoiada por Lula. As menções reiteradas ao ex-governador petista viraram munição para críticas.
Marcus Pestana fez sua primeira participação dizendo a Zema: "Esqueça Pimentel e comece a governar". Em outra oportunidade, com tom irônico, o tucano ofereceu passar o número do celular do petista ao candidato do Novo. Já no fim do debate, Zema justificou a insistência em citar o petista: "E muito difícil esquecer o Pimentel" e emendou citando dívidas que teriam sido deixadas pelo antecessor.
O Regime de Recuperação Fiscal, alternativa proposta por Zema para o pagamento da dívida do estado com a União, também citado. Kalil trouxe o tema à tona em fala sobre propostas para a saúde, alegando que a medida impede a contratação de novos funcionários para os hospitais.
Carlos Viana também criticou a proposta e disse que o atual governo "só conseguiu algum avanço porque não pagou a dívida". Viana também criticou a gestão de Zema na segurança pública, afirmando que as polícias do estado estão sucateadas e dizendo que o governo 'terceirizou' o policiamento para as prefeituras.
Os governos de Aécio Neves e Antônio Anastasia em Minas foram diversas vezes citados por Pestana, que integrou as gestões. Ele falou sobre índices de educação, sobre negociações para ampliação do metrô de Belo Horizonte e construção de hospitais como trunfos dos governos do PSDB, pouco relembrados por outros candidatos durante o debate.
Presidenciáveis
Durante o debate Lorene Figueiredo pediu votos para Lula e também falou do ambiente de violência na campanha. Carlos Viana defendeu Bolsonaro em diversas oportunidades, inclusive criticando Zema.
"Muitos prefeitos iam no meu gabinete em Brasília porque a Secretaria de Saúde não dava respostas. Iam lá pedir socorro porque faltava remédio, faltava leito de UTI e o governo federal foi quem deu respostas", afirmou Viana, que disse que o presidente tem sensibilidade e "está preocupado com Minas Gerais". Kalil fez críticas ao presidente, dizendo que "tudo que Bolsonaro fez para Minas Gerais, foi nada". Ele também se disse orgulhoso por estar ao lado de Lula nas eleições.