O relatório foi apresentado no momento em que a legenda dá sinais divergentes sobre o pleito e que Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto a presidente, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Enquanto Bolsonaro tem repetido ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, faz acenos à corte. Ele esteve com Alexandre de Moraes nessa terça-feira (27/9) e, no dia seguinte, disse que não há "sala secreta" de apuração dos votos, ao contrário do que afirma o mandatário.
Chamado de "resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE", o documento tem duas páginas e afirma que "o quadro de atraso encontrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)" gera "vulnerabilidades relevantes" e pode resultar em invasão interna ou externa nos sistemas eleitorais. "Com grave impacto nos resultados das eleições", diz ainda o partido.
A existência do documento havia sido noticiada pela Veja e divulgado à imprensa na tarde desta quarta-feira (28/9) pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP).
Os partidos políticos podem fiscalizar as eleições. O PL contratou uma equipe comandada pelo engenheiro Carlos Rocha para esse trabalho.
"Esses fatos recomendam à alta direção da organização (o TSE) a tomar ações de precaução e a realização de auditoria independente do funcionamento da urna eletrônica, na seção eleitoral", disse Rocha à reportagem. Ele afirmou que o documento é um resumo de trabalho de 130 páginas.
Fraude no pleito?
Questionado sobre a chance de Bolsonaro usar o documento para levantar a tese de fraude no pleito, Rocha disse que "o objetivo do PL é colaborar de forma construtiva com a Justiça Eleitoral".
Rocha é fundador do Instituto Voto Legal (IVL), entidade que chegou a ser indicada por Bolsonaro para uma auditoria privada das eleições. Como essa fiscalização não saiu do papel, o PL contratou o engenheiro para representar o partido na análise do pleito.
No documento, o partido de Bolsonaro afirma que "o Relatório de Autoavaliação do TSE de 2021 apresentou sete notas ‘zero’, dadas pelos próprios servidores do tribunal", em áreas como "gestão de continuidade do negócio, gestão de incidentes de segurança da informação", entre outras.
O PL também afirma que "um grupo restrito de servidores e colaboradores" do TSE controla os códigos-fonte dos sistemas eleitorais.
O tribunal, porém, abriu o código em outubro de 2021 para análise dos partidos. Representantes do PL foram à corte, assinaram uma lista de presença, mas não fizeram a análise.
O relatório também diz que não foram encontrados mecanismos "para proteger estas pessoas expostas politicamente (PEP) (que lidam com o código) contra a coação irresistível, gerando outro risco elevado”.
Colaboração, não contestação
Aliados do presidente do PL dizem que ele conversou com Moraes sobre o relatório e teria afirmado que o espírito é de colaboração, não de contestação.
Apesar da auditoria, a intenção do dirigente seria contribuir com o processo eleitoral, mas não questionar o resultado das urnas.
Na avaliação de integrantes do PL ligados a Valdemar, a realização da auditoria e a divulgação do resultado dela são uma forma de o ex-deputado prestar contas a Bolsonaro e mostrar que endossa seus argumentos para evitar atritos com o mandatário.
Bolsonaro, porém, tem repetido ataques às urnas e insinuações golpistas. Ele se nega a afirmar que vai deixar o poder caso seja derrotado no pleito deste ano.
Aliados do presidente do PL, no entanto, dizem que o dirigente não pretende embarcar em questionamentos ao resultado do pleito.
Nesta quarta-feira, Valdemar acompanhou uma visita de representantes de presidenciáveis à sala de totalização dos votos.
"Não tem mais (sala secreta). Agora é aberta", disse Valdemar ao visitar o setor. O espaço, porém, já era aberto aos partidos e fiscais das eleições em pleitos anteriores.