O primeiro turno das eleições deste ano se aproxima e muitos eleitores ainda estão indecisos na escolha dos candidatos. Desinteresse pela política, polarização, falta de tempo e de identificação com as propostas dos candidatos são os motivos mais citados para a indefinição.
As pesquisas de intenção de votos mostram um percentual maior de indecisos na disputa para o governo de Minas Gerais quando comparado com a eleição presidencial. A última pesquisa Ipec para Presidência da República, divulgada em 26 de setembro, mostra que os indecisos são 4% do total de entrevistados. Já no levantamento do Datafolha, de 22 de setembro, os eleitores que não sabem em quem votar somam 2%.
As pesquisas de intenção de votos mostram um percentual maior de indecisos na disputa para o governo de Minas Gerais quando comparado com a eleição presidencial. A última pesquisa Ipec para Presidência da República, divulgada em 26 de setembro, mostra que os indecisos são 4% do total de entrevistados. Já no levantamento do Datafolha, de 22 de setembro, os eleitores que não sabem em quem votar somam 2%.
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Bolsonaro usa fake news para dizer que Forças Armadas podem fechar seção eleitoral4 fatores que dificultam possível vitória de Lula no 1º turnoDatafolha divulga hoje (29/9) nova pesquisa para presidenteMas o percentual de indecisos é ainda maior na escolha do candidato ao Senado. Segundo o F5, 34,9% dos eleitores ainda não definiram o voto. Alexandre Silveira (PSD) tem 19,5% das intenções de voto, e o deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC), 17,8%. Os dois candidatos estão tecnicamente empatados, por causa da margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
O gerente de loja Henrique Silva, de 34 anos, decidiu apenas o voto para presidente até agora. Ele afirma que a polarização deixa a escolha mais difícil. “O governador, por exemplo, não sei para que lado ele se posiciona nessa briga e acaba deixando a gente na dúvida também. Se Lula ganhar, será que vai ser bom para BH? E se for o Bolsonaro?”, questiona. Sobre o Senado, Silva diz nem saber quais são os candidatos. E destaca ainda a falta de motivação para acompanhar a campanha eleitoral, por causa da polarização entre bolsonaristas e petistas.
“Hoje em dia, se criou uma rivalidade que a gente fica até com medo.” O gerente se declara eleitor de Bolsonaro, mas afirma ter receio de usar roupas e adereços com o nome ou o rosto do candidato à reeleição. “O clima está muito pesado, virou uma guerra, não é mais política. Tenho medo de falar que sou bolsonarista e ser agredido. Tenho amigos petistas que também estão na mesma situação. Eu gostava , mas acabei me afastando.” A decisão ficará para a última hora. “Se aparecer algum candidato na frente, eu vou votar, sem pesquisar muito. Nunca fui de anular ou votar em branco, sempre gosto de votar em alguém”, diz.
A estudante Luiza Gonçalves, de 18, vai votar pela primeira vez este ano e está indecisa na escolha do senador e do deputado estadual. “Ainda não achei alguém com quem me identifico com as propostas.” Ela conta que assiste à propaganda política na TV, já pesquisou candidatos para os outros cargos e pretende definir os votos restantes até domingo. O critério usado, segundo ela, será qual candidato a presidente o futuro senador ou deputado apoia. “A ideologia dos candidatos influencia demais, além do presidente que ele está apoiando.”
Luiz acredita que muitas pessoas vão anular o voto para não ter que escolher entre os dois lados da polarização na eleição presidencial. “Vejo pelo que acontece na minha casa, muita gente vai anular porque não gosta de nenhum dos dois .” Luiza mora com a avó e muitos parentes na mesma casa.
A cabeleireira Cátia Costa, de 40, está entre os poucos eleitores que ainda não sabem em quem votar para presidente da República. “É o que mais tenho dúvidas por causa das promessas que eles fazem.” Ela diz que pela disputa ser entre um candidato que tenta a reeleição e outro que já ocupou a Presidência, já conhece o perfil dos dois, mas ainda não conseguiu decidir. “Por isso que eu estou pensando muito. Vou deixar para decidir no domingo mesmo e pensar até a última hora para não fazer besteira”, afirma.
Já o supervisor de merchandising, Jeferson Lopes, de 42, está indeciso para os cargos de deputados estadual e federal. “Não estou conseguindo acompanhar a mídia. Quando tenho tempo vejo mais a internet e ainda não achei candidatos com propostas para a região onde moro, principalmente deputado estadual.” Lopes vive em Sabará, na Grande BH, e reclama da falta de candidatos para esses cargos que sejam da região. “Não vou votar em deputado estadual de outra área, porque ele não vai olhar os problemas do lugar onde eu moro”, explica.
Já para deputado federal, a reclamação é pelo perfil dos candidatos. “Vou ser bem sincero, está desanimando votar. Você vota em determinados candidatos e depois vê que eles não fazem nada do que prometem. Está difícil escolher”, desabafa. Mesmo com essas dificuldades, o supervisor diz que no sábado pretende fazer pesquisa na internet para definir os nomes, levando em consideração a região em que mora.
Laura Lopes, de 23, está desempregada e ainda não escolheu candidatos para nenhum dos cinco cargos. A jovem se diz desiludida com a política, está pensando no que fazer até domingo e cogita a possibilidade de votar em branco para todos os cargos.
“Acho que não vale a pena votar em nenhum.” Perguntada se as eleições não são oportunidade para mudar a situação em que ela se encontra – sem emprego e sem perspectivas de conseguir um novo trabalho –, a jovem é categórica: “Acho que não”.
Disputa presidencial tem maior atenção
O professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Ra- nulfo, membro do Observatório das Eleições, explica que o percentual de indecisos é muito menor do que o número real. “Na hora, muita gente não vota por uma série de razões”, afirma. Ele destaca também que a eleição presidencial atrai mais a atenção das pessoas do que a disputa para o governo estadual. “O que mobiliza as pessoas, com o que elas estão mais preocupadas, é com a eleição presidencial. É uma eleição que chama a atenção do mundo inteiro.”
Para Ranulfo, sempre há relevância pela disputa eleitoral brasileira, mas a deste ano, especificamente, desperta interesse maior. “Pela dramaticidade dela, pela questão do Bolsonaro. Isso pode explicar essa diferença.” Ele avalia que as eleições estaduais chamam menos a atenção da população, apesar de a disputa também estar limitada praticamente aos dois candidatos mais bem colocados: o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD). A diferença, segundo Ranulfo, é que Zema não apoia o presidente Jair Bolsonaro (PP). “Zema é um candidato ‘solteiro’. Ele não apoia ninguém e não é apoiado por ninguém. Mas, de qualquer maneira, quando se tem dois candidatos mais fortes, isso facilita muito a escolha”, pontua.
Outra característica da eleição presidencial destacada pelo cientista político é a cristalização do voto dos eleitores. “Mais de 80% já dizem que estão com o voto definitivo; já em Minas, o voto não está tão cristalizado assim.” Apesar de, historicamente, muitos indecisos deixarem para definir o voto na reta final, faltando poucos dias para a eleição, Ranulfo acredita que essa escolha não terá efeito decisivo para uma mudança de cenário. “A eleição em Minas, o mais provável é que seja definida no primeiro turno. Pode haver, na reta final, um crescimento do Kalil puxado pelo Lula, mas a distância entre eles ainda é grande.”
Ele ressalta, mais uma vez, que a disputa está praticamente restrita aos dois candidatos. “Carlos Viana está com poucos votos. Analisando os votos válidos, Zema está bem acima de 50%.” O cientista político acredita que a eleição de 2018 – quando o atual governador aparecia na terceira posição nas pesquisas de intenção de votos, às vésperas do primeiro turno – foi atípica. Os principais concorrentes eram o ex-governador Antônio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). “A eleição deste ano é ‘normal’, não vai ter grandes surpresas. A tendência é essa (de definição no primeiro turno).”
ANTERIORES
As pesquisas em 2018 mostravam cenário diferente do atual para a Presidência, com índice maior de eleitores indecisos. O levantamento do Ibope (atual Ipec) e do Datafolha contabilizavam 5% de pessoas que ainda não tinham definido o voto. Lembrando que os candidatos mais bem colocados eram Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Em Minas, a disputa pelo governo era liderada por Antônio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). Além disso, as pesquisas mostravam percentual de indecisos semelhante às eleições deste ano.
Segundo o Ibope e o Datafolha, 10% dos entrevistados não sabiam em quem votar. Nas eleições de 2014, 7% dos entrevistados ainda não haviam definido o voto para a Presidência, enquanto o Datafolha apontava 6% de eleitores indecisos. Na época, a disputa pelo Planalto tinha Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) liderando as intenções de votos. Já em Minas, o percentual de indecisos era bem maior para a escolha ao governo estadual. O Ibope mostrava que 14% não sabiam em quem votar. Já o Datafolha apontava 21%. A disputa pelo Palácio Tiradentes envolvia Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB) nas primeiras colocações das intenções de votos.
ÍNDICES DE INDECISOS
Eleitores em dúvidas na eleição atual e em anteriores
2022 – PRESIDENTE
Ipec: Data: 26/9
Não sabe ou não respondeu: 4%
Datafolha: Data: 22/9
Não sabe ou não respondeu: 2%
2022 – GOVERNADOR:
Ipec: Data: 27/9
Não sabe ou não respondeu: 8%
Datafolha: Data: 22/9
Não sabe ou não respondeu: 9%
2018 - PRESIDENTE
Primeiro turno: 7 de outubro
Ibope: Data: 1º/10
Não sabe ou não respondeu: 5%
Datafolha: Data: 28/9
Não sabe ou não respondeu: 5%
2018 - GOVERNADOR
Ibope: Data: 2/10
Não sabe ou não respondeu: 9%
Datafolha: Data: 28/9
Não sabe ou não respondeu: 9%
2014 - PRESIDENTE
Primeiro turno: 5 de outubro
Ibope: Data: 30/9
Não sabe ou não respondeu: 7%
Datafolha: Data: 26/9
Não sabe ou não respondeu: 6%
2014 – GOVERNADOR
Ibope: Data: 30/9
Não sabe ou não respondeu: 14%
Datafolha: Data: 26/9
Não sabe ou não respondeu: 21%