O debate da TV Globo entre os candidatos à presidência, nesta quinta-feira (29/9), precisou ser interrompido após troca de acusações entre Padre Kelmon (PTB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O apresentador e mediador William Bonner precisou intervir nas interrupções de um candidato à fala do outro. Em alguns momentos, o petista se descontrolou com o religioso.
Em uma pergunta, Kelmon acusou Lula de ser “chefe do maior esquema de roubo da história mundial”. Quando o petista iniciou a resposta, foi “cortado” pelo petebista. Com isso, William Bonner interveio na situação.
“Candidato Lula, vou pedir a interrupção do debate. Candidato Kelmon, não consigo entender, já falei algumas vezes, o senhor compreendeu que há regras no debate e que basta cumpri-las. Quando seu adversário está falando, é só aguardar. É assim que funciona. Em respeito ao público, candidato”.
Lula então chamou Kelmon de “candidato laranja” e o acusou de desrespeitar a regra. Em seguida, defendeu-se das acusações. “Tive 26 denúncias, mentirosas, com uma pessoa que depois foi ser ministro do governo. Fui absolvido em 26 processos dentro do Brasil, pela Suprema Corte e pela ONU (...). Queria dizer uma coisa muito séria, quando quiser falar de corrupção, olhe para outro, não para mim”.
Kelmon bateu na tecla da corrupção para Lula. “O senhor é um descondenado, nem deveria estar aqui. Por que o senhor está aqui? O senhor é cínico, mete, é um ator. O senhor deveria respeitar um padre”.
Irritado, Lula “atravessou” Kelmon. “O senhor é padre ou está fantasiado?”. O adversário respondeu: “Eu sou um sacerdote!”. A partir daí o debate esquentou, e Bonner novamente entrou em ação depois de cortar os microfones dos políticos. Ele chegou a sugerir um intervalo caso os presidenciáveis não controlassem os ânimos.
“Peço desculpas ao público, pois, infelizmente, não está sendo cumprido o ordenamento combinado entre os candidatos. Posso pedir um intervalo ou os senhores vão se conter? Peço que se acalmem. Estamos aqui para debater, e não por esse tipo de agressão e ofensa pessoal”, advertiu o jornalista.
O debate não precisou ir para o intervalo, mas logo Kelmon atacou Lula. “Deveria falar a verdade para as pessoas. O senhor falou em vídeos que não precisa de padre, o senhor é amigo de (Daniel) Ortega (presidente da Nicarágua acusado de perseguir religiosos no país), é fundador do Foro de São Paulo junto com Fidel Castro. Vocês não acreditam no cristianismo, perseguem os cristãos”.
Lula provocou o petebista ao dizer que ele não era padre. “Vou te chamar só de Kelmon. Tenho uma história de vida. Vou voltar a ser presidente da República. O povo brasileiro está cansado de gente da sua espécie. De onde você veio?”, questionou. “Da Igreja”, respondeu Kelmon.
Por fim, o ex-presidente da República se declarou cristão e chamou Kelmon de “fariseu”. “Comportamento de um fariseu se dizendo padre não dá. Sou cristão, casado na igreja, batizado, crismado e frequentador da igreja. Estou vendo um impostor, alguém disfarçado aqui na minha frente. Não sei como o senhor conseguiu enganar muita gente. Talvez pelo seu chefe não ter sido candidato, você veio se prestar a esse papel de mentir para o povo”.
Último debate
Com participação de Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe d'Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB), o debate na TV Globo é o último antes do primeiro turno das eleições presidenciais.
O primeiro debate entre os presidenciáveis ocorreu em 28 de agosto e foi realizado pelo pool formado por Grupo Bandeirantes de Comunicação, TV Cultura, jornal Folha de S.Paulo e portal Uol. Participaram Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet, Soraya e Felipe d'Avila.
Posteriormente, em 24 de agosto, foi realizado o debate do SBT em um pool de veículos de mídia formado pela CNN Brasil, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal de notícias Terra e a Rádio Nova Brasil FM. O ex-presidente Lula não compareceu.
Foram quatro blocos com duração total de cerca de duas horas. Em dois, os candidatos escolheram para qual adversário perguntar, com direito a réplica e tréplica. Nos outros dois, eles responderam perguntas dos jornalistas dos veículos que compuseram o pool.
As eleições deste ano acontecem em 2 de outubro. Caso necessário, o segundo turno ocorrerá no dia 30 do mesmo mês.