Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Ofensas, acusações e poucas propostas no último debate

O último debate da campanha à Presidência da República, que reuniu sete candidatos antes do primeiro turno das eleições, foi marcado por troca de acusações e ofensas pessoais que geraram duelos de direito de respostas, principalmente entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), logo no primeiro bloco. Ao todo, foram 18 pedidos, sendo 10 concedidos e oito negados. Um dos temas mais abordados foi corrupção, que teve como alvos principais o atual chefe do Executivo e o petista.




 
O apresentador William Bonner, responsável pela mediação, precisou intervir diversas vezes para pedir que os participantes respeitassem as regras do evento, transmitido pela Rede Globo, que começou às 22h30 e terminou por volta de 0h50 de hoje. O candidato do PTB, Padre Kelmon, desrespeitou seguidas vezes as regras do debate e levou Lula ao descontrole, ao ponto de ambos ficarem cara a cara batendo boca com o microfone desligado, quando o petista foi tachado de “descondenado” e rebateu chamando o adversário de “candidato laranja” de Bolsonaro.
 
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O principal tema do primeiro bloco foi a corrupção, citada majoritariamente para ataques a Lula. O petista foi quem mais pediu direitos de resposta para se defender. Teve quatro solicitações concedidas e uma negada. Bolsonaro pediu quatro vezes e foi atendido em duas. Ciro Gomes (PDT) foi o primeiro a perguntar. Ele questionou Lula sobre suas pretensões de retornar ao Planalto, citando números negativos da economia durante a gestão petista. Lula voltou a ser alvo de críticas de Bolsonaro, Luiz Felipe d’Avila (Novo) e de Padre Kelmon, que foi acusado também por Soraya Thronicke (União Brasil) de ser “laranja” de Bolsonaro.
 
Lula se defendeu das denúncias de corrupção citando medidas tomadas em seu governo, como a criação do “Portal da Transparência” e a fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU) nos dos ministérios. O petista ainda chegou a dizer que os esquemas de corrupção foram descobertos e os responsáveis punidos por meio de mecanismos criados na gestão petista, admitindo casos ocorridos durante o período do PT na Presidência.




 
Em um pedido de resposta contra Bolsonaro, que o acusou de formar “quadrilha durante sua gestão, Lula rebateu: “Ele falar que montei quadrilha? Com a quadrilha da rachadinha, do sigilo de 100 anos, do Ministério da Educação. Ele vir falar de quadrilha comigo? Precisa se olhar no espelho e saber o que está acontecendo com ele. A quadrilha da vacina. Se quiser pedir direito de resposta, peça à CPI, e não ao debate. Respeite quem está assistindo, não minta.
 
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Comporte-se como presidente da República”, disse Lula. Em direito de resposta atendido, Bolsonaro afirmou: “Mentiroso, traidor da pátria. Que rachadinha? Rachadinha é teus filhos. Roubando milhões de empresas após a tua chegada ao poder. Que CPI é essa da farsa? Que dinheiro de propina?”. 

CELSO DANIEL

A acusação mais grave feita durante o primeiro bloco partiu de Bolsonaro para Simone Tebet (MDB). O presidente citou uma fala da vice na chapa da candidata, Mara Gabrilli (PSDB), na qual a tucana acusava Lula de ter pago para encobrir uma eventual participação no assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André, no ABC Paulista. Tebet rebateu o presidente pedindo para que ele fizesse a pergunta a Lula.




 
“Eu lamento essa questão ser tratada em um debate neste momento tão importante da história do Brasil e ser dirigida a mim. Acho que falta ao senhor coragem de perguntar isso ao candidato do PT, que segundo o senhor é envolvido, que está aqui”. Na tréplica, a senadora por Mato Grosso do Sul questionou se Bolsonaro não direcionou o tema ao petista por covardia.
 
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Lula teve direito de resposta concedido e se defendeu da denúncia dizendo que era amigo de Celso Daniel e chegou a convidar o correligionário para seu governo. O petista também afirmou que a Polícia Civil e o Ministério Público já finalizaram as investigações sobre o caso, ocorrido em 2002. Além dos pedidos de direito de resposta, o debate foi marcado por candidatos desrespeitando as regras, interrompendo outros participantes e falando fora do tempo determinado.
 
O apresentador William Bonner interrompeu a sequência das perguntas diversas vezes e chegou a pedir para que os candidatos “em respeito ao público, mantivessem o nível de tranquilidade”. Bolsonaro foi repreendido pelo jornalista enquanto tentava falar fora de seu tempo determinado. Sua voz foi ouvida mesmo enquanto o microfone estava fechado. 




 
O segundo bloco do debate teve como foco a discussão de propostas entre os candidatos. Simone Tebet elevou o tom ao questionou Bolsonaro presidente sobre o desmatamento na Amazônia e no Pantanal. “Seu governo foi o governo que mais deixou florestas devastadas. Maior desmatamento dos últimos 15 anos. Em vez de proteger florestas, o senhor protegeu mineradoras e grileiros.
 
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Nesse aspecto é o pior presidente da história.” Em resposta, Bolsonaro citou o passado da senadora que é ligada ao agronegócio. Durante réplica, o presidente disse ser “amado pelo agro” e pelos empresários porque ajuda “na questão das armas” que dão “mais segurança no campo”. Em seguida, voltou a dizer que o Brasil é exemplo na preservação de florestas. “O senhor mente tanto que acredita na própria mentira”, rebateu a senadora. 

BATE-BOCA

O terceiro bloco foi marcado pelo confronto entre Lula e Padre Kelmon. O tema do questionamento de Kelmon foi a corrupção. O religioso afirmou que Lula liderava esquemas de corrupção durante sua gestão no Palácio do Planalto. “O senhor é um descondenado. Não deveria nem estar aqui como candidato”. O petista se irritou e chamou o adversário de “candidato laranja que não tem respeito por regra, faz o que quer”. O tempo de resposta do petista foi interrompido reiteradamente pelo candidato do PTB. 




 
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Bonner interveio diversas vezes para fazer as regras do debate serem cumpridas. “Peço que se acalmem. Estamos aqui para debater, e não por esse tipo de agressão e ofensa pessoal”, disse o mediador enquanto se ouvia os participantes discutindo ao fundo. A corrupção seguiu como tema. Ciro Gomes questionou Bolsonaro sobre escândalos na família do presidente, sobre a venda de bens públicos a preços abaixo do avaliado pelo mercado e sobre as emendas do relator, que receberam a alcunha de “orçamento secreto” durante a atual gestão. 
 
Bolsonaro respondeu dizendo que não tem gerência sobre o orçamento secreto e transferiu a responsabilidade para o Congresso Nacional. O argumento foi repetido durante direito de resposta concedido ao presidente no fim do terceiro bloco. O candidato à reeleição também repetiu que seu governo não tem casos de corrupção e que não envolvimento de sua família em atividades ilegais.
 
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Por outro lado, Ciro Gomes e Lula fizeram o primeiro embate sem que a corrupção fosse tema. Os candidatos se questionaram sobre políticas culturais no país. O petista disse que o Brasil vive uma estratégia de desmonte na área e Ciro apresentou ideias para descentralizar o investimento em atividades culturais, que, segundo o presidenciável, ficam concentradas no Rio de Janeiro e São Paulo.




 
Bolsonaro e Soraya Thronicke protagonizaram confronto sobre apoios no quarto bloco. A discussão depois que Soraya perguntou ao presidente se ele daria um “golpe” caso não seja reeleito. Em resposta, Bolsonaro citou o apoio que recebeu de Soraya em 2018, mostrando carta enviada por ela pedindo cargos para amigos e colegas em Mato Grosso do Sul. “Se eu tivesse atendido a senhora pelos cargos que você pediu…? A senhora gosta de cargos. E não conseguiu, virou inimiga”, afirmou.
 
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Na tréplica, a candidata disse que em 2018, acreditava que o presidente “ia tirar a petralhada” e cobrou o presidente em apoiar candidatos que se aliam com ele.
Depois do bate boca entre os candidatos, os temas sorteados puderam ser debatidos. Simone Tebet e Felipe D'Avila lamentaram as brigas e prezam pela discussão de ideias e propostas. Foram sorteados os seguintes temas: segurança pública; gastos públicos; cultura; privatizações; saúde; habitação e agricultura.




“LARANJA”

Soraya Thronicke e Padre Kelmon também proporcionaram momentos críticos no primeiro e no terceiro blocos do debate. Ela questionou o adversário sobre a condução feita pela gestão Bolsonaro durante a pandemia e perguntou se ele, como padre, tinha dado extrema-unção para vítimas da doença. Na sua resposta, Kelmon defendeu o presidente, o que irritou a candidata. "Vocês só falam de covid, só se morre por COVID neste País?", respondeu o candidato do PTB.
 
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“Não deu extrema-unção porque é um padre de festa junina. Não sabe nem o que é direita ou esquerda. Não sabe!”, comentou a candidata do União Brasil, depois que o religioso associou o partido dela, União Brasil, à esquerda. 
 
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Em outro momento, ela provocou o padre: “O senhor não tem medo de ir para o inferno, não?'', perguntou Soraya. “Se a senhora soubesse o que significa um sacerdócio não estava desrespeitando um padre, mandando um padre para o inferno”, reagiu o candidato. Em outro momento, o padre afirmou: “Se vocês são capazes de fazer isso com um padre, imagine o que podem fazer com o povo?”.




 

O "Beabá da Política"

série Beabá da Política reuniu as principais dúvidas sobre eleições em 22 vídeos e reportagens que respondem essas perguntas de forma direta e fácil de entender. Uma demanda cada vez maior, principalmente entre o eleitorado brasileiro mais jovem. As reportagens estão disponíveis no site do Estado de Minas e no Portal Uai e os vídeos em nossos perfis no TikTokInstagramKwai YouTube.