O candidato à reeleição em Minas, Romeu Zema (Novo), vem adotando a tática de associar seu principal adversário, Alexandre Kalil (PSD), a Fernando Pimentel (PT), chefe do Executivo estadual de 2015 a 2018, e ao Partido dos Trabalhadores. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta retornar ao Palácio do Planalto em disputa contra Jair Bolsonaro (PL), não tem sido alvo de críticas recentes do governador.
Todavia, Zema já se posicionou de forma contrária ao PT e a Lula. Em 2018, depois de vencer o primeiro turno para o governo em Minas, com 42,73% dos votos válidos - Antônio Anastasia (PSDB) foi o segundo, com 28,2% -, o político declarou voto em Bolsonaro diante de Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial.
Leia Mais
Bolsonaro elogia Romeu Zema ao pedir voto para Carlos Viana em MinasKalil ironiza falas de d'Ávila, aliado de Zema: 'Coração enche de alegria'Kalil para Zema: 'Não há por que esculhambar Lula'"Enquanto o juiz não apita, o jogo pode mudar", diz Zema sobre eleiçãoKalil encerra campanha no 1º turno com carreata em ContagemNa semana anterior, Zema disse que o PT não seria “capaz de resolver os problemas da crise que eles mesmos causaram”. Embalado pelo slogan “Bolsozema” no segundo turno, ele confirmou a vitória sobre Anastasia com mais de 4 milhões de votos de vantagem - 71,8% (6,9 milhões) a 28,2% (2,7 milhões).
Em setembro de 2022, Zema foi sabatinado pela rádio CBN e pelos jornais O Globo e Valor Econômico. Ele considerou a gestão de Jair Bolsonaro menos problemática que a da era petista - com Lula, de 2003 a 2010, e Dilma Rousseff, de 2011 a 2016 (sofreu processo de impeachment e deu lugar ao vice, o emedebista Michel Temer).
"O governo Bolsonaro tem problemas? Tem. Mas numa escala muito menor. Para mim não tem nada pior para um país, para um povo, do que a corrupção. PT significa corrupção. Significa atraso. Significa que nada vai dar certo”.
Votos em Lula e Zema
À Folha de S.Paulo, em 22 de setembro de 2022, Zema evitou subir o tom e enxergou com naturalidade o “voto casado” dos eleitores mineiros nele para governador e em Luiz Inácio para presidente. O candidato do Novo atrelou os bons momentos do governo petista a “conjunturas externas”.
"O eleitor é pragmático. Ele vota onde percebe que há melhores perspectivas e tivemos no passado uma coincidência durante o governo do presidente Lula de uma série de fatores no mundo, como a alta das commodities, que fez com que o Brasil vivesse um momento bom. Não podemos falar que a gestão dele foi boa. Houve um momento bom, mas causado por conjunturas externas”.
Na mesma entrevista, Zema garantiu que não apoiaria Lula em um eventual segundo turno - em que pese não ter prometido estar com Bolsonaro. "No segundo (turno), apoiar o PT só te adianto que não apoiarei. Para mim é o que há de pior na política no Brasil”.
Pesquisa
Pesquisa Datafolha divulgada em 29 de setembro apontou alta probabilidade de a eleição em Minas terminar no primeiro turno. Segundo o levantamento, Romeu Zema tinha 57% da intenção de votos válidos, contra 34% de Kalil.
O instituto ouviu 1.500 pessoas entre 27 e 29 de setembro em 81 cidades. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o número no TSE é MG-09084/2022.
Já o Ipec (ex-Ibope) apresentou dados sobre a “transferência de votos” de presidenciáveis aos candidatos ao governo. Dos eleitores de Lula em Minas, 51% afirmaram que votariam em Alexandre Kalil, e 32% em Zema. Dos que optam por Bolsonaro, 76% escolhem Zema, e apenas 9% Kalil.
A pesquisa Ipec entrevistou 2.000 pessoas entre 24 e 26 de setembro em 102 cidades mineiras. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O número no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR%u201006414/2022.