Até a reta final, Tarcísio aparecia em segundo lugar nas pesquisas. O bolsonarista, no entanto, estava numa curva crescente, ao contrário de Haddad, que foi desidratando. Tarcísio é visto como favorito no estado, que é tido como conservador e que sempre elegeu governadores de direita.
O resultado não surpreendeu a campanha de Tarcísio, que, desde o fim da semana passada, esperava que o bolsonarista terminasse colado no petista ou à frente dele.
Os aliados de Tarcísio consideravam importante que o candidato tivesse uma vantagem numérica sobre Haddad, para que o petista chegasse diminuído ao segundo turno. Além disso, a chegada em primeiro lugar fortalece o palanque de Bolsonaro no estado.
Em São Paulo, Bolsonaro terminou com 47,8%, e Lula teve 40,9%.
Entre aliados de Haddad, o clima na noite deste domingo (2) era de surpresa com uma onda bolsonarista não captada pelas pesquisas de opinião. O petista passou a campanha reservando críticas mais duras a Rodrigo do que a Tarcísio, na expectativa de tirar o tucano do segundo turno e com a previsão de que enfrentar o bolsonarista seria mais fácil.
Em entrevista à imprensa, Haddad afirmou que o voto útil favoreceu o bolsonarismo, já que parte dos votos que iriam para Rodrigo migraram para Tarcísio.
Na avaliação dele, como aqueles favoráveis a Tarcísio dentro do grupo de eleitores tucanos já mudaram seu voto no primeiro turno, ainda cabe disputar o voto do contingente que permaneceu fiel ao tucano, que marcou 18,4% dos votos.
"[O resultado] era um pouco menos do que almejávamos, mas perto dos 40% que era a meta do estabelecida do início da campanha", disse Haddad, ressaltando que foi o melhor resultado do PT no estado e que vê boas perspectivas para o segundo turno.
Tarcísio vinha reduzindo distância de Haddad desde agosto A diferença entre Haddad e Tarcísio já vinha caindo nas simulações de segundo turno do Datafolha. Em 18 de agosto, o petista tinha 53% contra 31%. Na pesquisa de véspera, no sábado (1º), a diferença era de 5 pontos --46% a 41% para Haddad.
Além da derrota para Tarcísio no primeiro turno, outro índice que evidencia a dificuldade de Haddad no segundo turno é sua rejeição --de 40% contra 33% de Tarcísio.
Há ainda, sobretudo da parte de aliados de Tarcísio, a expectativa de que os votos do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que não foi para o segundo turno, migrem para o bolsonarista. Segundo o Datafolha, 44% dos eleitores tucanos escolheriam Tarcísio e 33%, Haddad.
No segundo turno, a campanha de Tarcísio planeja seguir a estratégia de explorar o apoio de Bolsonaro o máximo possível, em eventos, carreatas e propagandas no rádio e na TV.
A equipe de Tarcísio também quer aumentar a carga contra Haddad, apontando suas falhas na gestão na Prefeitura de São Paulo.