De acordo com aliados, um dos primeiros gestos de Lula será procurar a adversária do MDB, Simone Tebet, para parabenizá-la por seu desempenho ao longo da disputa. Para petistas, a senadora se credenciou como interlocutora junto aos emedebistas.
Não é o que ocorre com Ciro Gomes, do PDT, com quem os canais de negociação estão obstruídos. Com a sigla, a princípio, a conversa se dará com parlamentares e membros da bancada recém-eleita. O líder nacional da legenda, Carlos Lupi, e o senador Cid Gomes, irmão de Ciro, também deverão ser procurados.
Ciro só deverá ser cortejado se der sinais de que poderá apoiar Lula, o que ele vinha descartando ao longo da campanha. Investindo na ideia de que sua candidatura é fruto de um movimento suprapartidário, Lula também buscará a declaração formal de endosso de emedebistas com os quais já vinha conversando.
Segundo petistas, será aberto um canal de interlocução mesmo com parlamentares do centrão e integrantes do governo na expectativa de que se estabeleça diálogo para eventual transição, caso eleito.
Na véspera do primeiro turno, o próprio Lula manifestou a intenção de conversar com todos os que estiverem abertos ao diálogo. "Nessas horas em que o que está em jogo é melhorar a vida do povo, a gente não tem que ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é como a Arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro, e nós iremos salvar todo o mundo", disse ele no sábado.
O vice na chapa petista, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e o deputado José Guimarães (CE) estão entre os encarregados dessa tarefa. Neste segundo turno, estão previstas viagens de Lula a Salvador e a Fortaleza, e, ainda nesta semana, a campanha se debruçará sobre o mapa eleitoral para definir a estratégia para o segundo turno.
É esperada, também, a adesão de aliados com trânsito entre os militares, o que permitiria a abertura de diálogo com um segmento resistente a Lula. O ex-chanceler Celso Amorim, por sua vez, terá a tarefa de articular o apoio de observadores e o reconhecimento internacional do resultado em caso de vitória.
Sem a estrutura dos candidatos à Câmara e ao Senado, o partido deverá iniciar uma campanha para atrair voluntários para mobilização e fiscalização, além de intensificar campanhas de arrecadação.
Segundo um aliado do ex-presidente, a campanha seguirá com o mesmo tom adotado na primeira etapa e abordará temas relacionados à "vida do povo", como fome, desemprego e inflação. Ainda de acordo com esse aliado, há a avaliação de que, na tentativa de reverter a disputa, Bolsonaro opte por uma campanha mais agressiva, em que prevaleça a linha defendida pelo filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).