Jornal Estado de Minas

Cláudio Castro é reeleito com folga


O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de 43 anos, foi reeleito em primeiro turno, com mais de 58% dos votos válidos. Ele superou o deputado Marcelo Freixo (PSB), seu principal adversário e segundo lugar na disputa. Aliado de Jair Bolsonaro (PL), Castro fez uma campanha na qual defendeu o presidente, mas não aderiu a bandeiras bolsonaristas. Na reta final, acenou para o ex-presidente Lula (PT), até então favorito na disputa nacional, declarando não ver ameaças em seu eventual retorno à Presidência da República.





A estratégia tinha como objetivo se apresentar como única opção dos bolsonaristas no estado e, ao mesmo tempo, se aproximar do eleitorado mais pobre que tinha intenção de votar no petista. O plano deu certo e, na reta final, Castro se distanciou de Freixo até garantir a vitória. “Todos nós erramos. Deixamos de enxergar o Brasil que jurávamos que não ia repetir 2018 e, em parte, esse 2018 foi repetido. Nenhum de nós imaginava que um projeto de extrema-direita tivesse tanta força neste país nem desejávamos isso”, disse Freixo sobre sua derrota.

A campanha de Castro foi calcada na apresentação de projetos já inaugurados ou em curso com dinheiro obtido com a concessão do serviço de saneamento básico do estado. A licitação injetou R$ 22 bilhões nos cofres do estado e permitiu a inauguração de pontes, praças e o início de outras obras que auxiliaram na divulgação de seu nome no interior.

Advogado formado pela UniverCidade, Castro é também cantor gospel ligado ao movimento de Renovação Carismática da Igreja Católica. Ele iniciou sua trajetória política como assessor parlamentar do ex-deputado Márcio Pacheco, tendo sido eleito vereador no Rio de Janeiro em 2016.





Vice de Witzel 

Foi eleito vice-governador em 2018 na chapa de Wilson Witzel, o ex-juiz que surfou na onda bolsonarista daquele ano. Assumiu o Palácio Guanabara em agosto de 2020, após Witzel ser afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob acusação de corrupção na saúde – o impeachment seria confirmado em abril do ano seguinte.

O governador reeleito também foi investigado no esquema que afastou seu antecessor, tendo sofrido busca e apreensão. Não foi denunciado no caso, mas passou a ser alvo de outras investigações. Dois delatores afirmam que Castro recebia propina quando vereador e vice-governador.

Também viu o vice de sua chapa, Washington Reis (MDB), ser alvo de busca e apreensão numa investigação sobre corrupção na saúde. O aliado teve o registro de candidatura negado em razão de condenação por crime ambiental no Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, foi sucessivamente questionado pela investigação do Ministério Público, ainda em curso, sobre funcionários fantasmas do Centro Estadual de Pesquisa e Estatística do Rio de Janeiro (Ceperj). 

Nada disso, porém, foi suficiente para abalar a ascensão na intenção de votos de Castro no estado em que cinco ex-governadores já foram presos.