Os candidatos ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT) vão disputar o segundo turno da eleição para o governo da Bahia. Participaram da disputa o ex-ministro da Cidadania João Roma (PL), Kleber Rosa (Psol), Giovani Damico (PCB) e Marcelo Millet (PCO). Será a primeira vez desde 1994 que a Bahia terá uma eleição estadual em dois turnos. A disputa repete quadro de polarização entre dois grupos políticos que se enfrentam desde 1998.
De um lado, a tradição do carlismo iniciada pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007) e que comandou a Bahia entre 1990 e 2006. Do outro, candidaturas do PT, que mantêm hegemonia desde 2007, emendando quatro mandatos consecutivos.
Ancorado no apoio de Lula (PT) e do governador Rui Costa (PT), Jerônimo Rodrigues fez uma campanha com o desafio de se tornar conhecido pelo eleitorado baiano, já que concorre a um mandato eletivo pela primeira vez. Ele foi escolhido candidato a governador apenas em março, em meio a uma crise no PT baiano após a desistência do senador Jaques Wagner (PT) em concorrer ao governo do estado.
Agrônomo e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Jerônimo foi secretário estadual de Desenvolvimento Agrário e de Educação. É considerado um nome próximo ao governador Rui Costa dentro do PT baiano.
ACM Neto, por outro lado, já era conhecido pela maioria do eleitorado e percorreu a campanha como uma espécie de corrida de resistência. Ele se manteve neutro na eleição nacional para atrair tanto eleitores de Lula quanto de Jair Bolsonaro (PL), o que lhe rendeu críticas ao longo da campanha, de petistas e bolsonaristas.
Os dois candidatos travaram embate pelo apoio de líderes políticos e por engajamento nas redes sociais, onde as críticas a ACM Neto ganharam maior repercussão. A principal delas foi a autodeclaração racial de ACM Neto como pardo na Justiça Eleitoral, episódio que fez crescer buscas relacionadas ao ex-prefeito.
ACM Neto e Jerônimo ainda travaram uma disputa em torno das alianças partidárias antes do início oficial da campanha. De um lado, o ex-prefeito de Salvador conseguiu atrair o PP, partido que era aliado do PT e que é comandado pelo vice-governador, João Leão. O PT, por usa vez, contra-atacou e trouxe para sua base aliada o MDB, partido sob influência de Geddel Vieira Lima e que indicou o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior, como candidato a vice-governador.