O apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição nacional, sacramentado nesta terça-feira (4/10), não vai se restringir à declaração de voto pública e a manifestações pontuais de endosso. No núcleo de articulação política de Zema e no diretório mineiro do PL, o discurso é uníssono: o governador reeleito vai participar de atos públicos a favor de Bolsonaro no estado.
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Segundo Igor Eto, secretário de Estado de Governo de Minas Gerais e coordenador político da campanha de Zema, o aliado vai se engajar na campanha do presidente da República.
"Não consigo imaginar o porquê de não subir no palanque. O governador estará ao lado do presidente falando para o povo de Minas Gerais sobre o legado do governo federal nos últimos quatro anos e, também, da importância de nos mantermos unidos nos próximos quatro anos", afirmou.
PL espera Zema na campanha
Reeleito deputado estadual e recordista de votos na disputa para a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Bruno Engler (PL), escolhido por 637.412 eleitores mineiros, é um dos principais aliados de Bolsonaro em Minas. À reportagem, ele garantiu que a articulação entre Novo e os liberais envolve a entrada para valer de Zema na busca do presidente pela reeleição."Não é, meramente, uma declaração de voto. O que está sendo costurado é que ele reforce nosso palanque em Minas Gerais", reforçou.
Hoje, ao justificar a escolha por Bolsonaro, Zema reforçou a posição contrária ao PT, do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, que encampou durante o período eleitoral em Minas. "Sempre dialoguei com o presidente Bolsonaro. Sabemos que, em muitas coisas, convergimos, e, em outras, não. Mas é um momento em que o Brasil precisa caminhar para frente. Acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário", falou.
Presidente e aliados confiam na virada em Minas
No primeiro turno da eleição presidencial, Bolsonaro perdeu para Lula em Minas por 48,29% a 43,6%. No Brasil, a derrota foi com percentuais parecidos: 48,43% a 43,2%. Entre os aliados do presidente, há a confiança por uma virada do cenário nacional a partir de Minas Gerais.
Mais cedo, na capital federal, Bolsonaro adotou discurso semelhante. "Zema goza de grande credibilidade dada à administração que fez. Esse apoio, no meu entender, é decisivo. Em Minas Gerais, vamos ter uma boa diferença para o adversário", pontuou.
O presidente, inclusive, já articula viagens ao estado. Segundo ele, sua campanha deve passar três vezes por Minas neste segundo turno - uma das agendas vai acontecer no dia 12, em evento religioso com o apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus.
"Tive um candidato em Minas (Carlos Viana). Não fiz uma campanha massiva para ele, até porque tinha simpatia com Zema. Falei com ele sobre isso. A intenção dele vir candidato era me ajudar em pontos mais isolados por Minas. Em todas as minhas lives que falava do meu candidato, falava que Zema fez bom governo em Minas", reforçou Bolsonaro, ainda comemorando a união ao governador reeleito.
Durante a reunião de hoje, Bolsonaro falou a respeito dos planos de reunir, em Minas, governadores que declararam apoio a ele. O presidente conseguiu, por exemplo, os embarques de Cláudio Castro (PL), reeleito no Rio de Janeiro, e Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado em São Paulo.
Apoio de bolsonaristas na Assembleia impulsiona aliança
Ontem, quando as conversas a respeito da aliança Zema-Bolsonaro avançaram, o presidente reivindicou o apoio dos deputados estaduais eleitos pelo PL. A partir de fevereiro do ano que vem, o partido terá a segunda maior bancada da Assembleia Legislativa, com nove representantes - mesmo número do PSD. À frente deles, apenas o PT, que teve 12 vitórias.
Bruno Engler projetou os liberais caminhando ao lado do governador. "Vamos caminhar com ele e ser base do governo na Assembleia para fazer um segundo mandato melhor do que o primeiro", garantiu.
"Ele está sendo nosso parceiro agora, no momento da eleição, e não vamos nos esquecer", emendou.
A união aos nove deputados do PL vai ajudar o núcleo político de Zema a tirar do papel a ideia de ter, na base aliada ao governo, de 40 a 50 deputados estaduais. Houve, nesta gestão, entraves na relação com Assembleia - o atual presidente do Legislativo, Agostinho Patrus (PSD), chegou a ser acusado pelo governador de "sabotagem".
Um dos pontos de conflito reside na resistência de parte dos parlamentares a pautas como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), visto pelo governo como saída para refinanciar a dívida bilionária junto à União. Para integrantes da oposição e representantes do funcionalismo, o plano vai gerar prejuízos a servidores públicos e desinvestimentos em áreas sociais.
"Nossa expectativa é trabalhar mais próximo da Assembleia, de modo geral", projetou Igor Eto. "Temos pautas para aprovar que envolvem emendas à constituição. Para isso, são necessários 48 votos. Estamos trabalhando com margem suficiente para aprovar essas pautas com segurança e firmeza", continuou, citando, como exemplo, o desejo do Palácio Tiradentes de viabilizar a desestatização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).