Um gerente da companhia pública no Maranhão foi acusado de ter recebido cerca de R$ 250 mil de empresas investigadas por fraudes a licitações.
Se confirmadas as suspeitas, o investigado poderá responder por corrupção passiva e associação criminosa (Art. 288, CP). Somadas, as penas podem chegar a 15 anos de prisão, segundo a PF.
O dirigente da estatal foi alvo da segunda fase da operação Odoacro, deflagrada na última quinta-feira (29/10) e divulgada na tarde desta terça (4/10) pela Polícia Federal. Foi pedido à Justiça o imediato afastamento do servidor público da sua função.
De acordo com a PF, a segunda fase da operação teve a "finalidade de desarticular o núcleo da organização criminosa composto por servidores públicos que auxiliavam nas fraudes licitatórias e no desvio de recursos públicos envolvendo verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)".
Na primeira fase da operação, deflagrada em 20 de julho, os policiais federais apreenderam na ação cerca de R$ 1,3 milhão em dinheiro, além de itens luxuosos, como relógios importados.
Turbinada por bilhões de reais em emendas parlamentares, a Codevasf é uma estatal federal entregue pelo presidente Bolsonaro ao controle do centrão em troca de apoio político.
Um dos alvos da apuração é a empreiteira Construservice. A Folha de S.Paulo mostrou em maio que a empresa é vice-líder em licitações na Codevasf e se valeu de laranjas para participar de concorrências públicas na gestão de Bolsonaro --o presidente sempre negou corrupção em seu governo, mas agora adapta o discurso.
Desde 2019, o governo reservou à Construservice ao menos R$ 140 milhões, tendo desembolsado R$ 10 milhões disso até agora.