Nomes como Eduardo Cunha (PTB-SP), Romero Jucá (MDB-RR) e Marconi Perillo (PSDB-GO), que tiveram projeção política nacional e submergiram em meio ao avanço de investigações anos atrás, tentaram voltar ao Congresso, mas fracassaram.
O mais conhecido alvo da Lava Jato, o ex-presidente Lula (PT), disputará o segundo turno da eleição presidencial. O petista teve processos anulados depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o ex-juiz Sergio Moro agiu de modo parcial contra ele na Vara Federal de Curitiba.
Seu companheiro de chapa, Geraldo Alckmin (PSB), ainda é réu em ação penal na Justiça Eleitoral em São Paulo em desdobramento da delação da Odebrecht sobre supostos pagamentos na época em que integrava o PSDB.Outro ex-presidenciável tucano, José Serra, foi alvo de denúncia também relacionada à Odebrecht e ficou de fora da Câmara dos Deputados. O procedimento foi trancado no STF, e Serra sempre negou que tenha cometido irregularidades.
Ex-presidente do PSDB, Aécio Neves conseguiu a reeleição à Câmara por Minas, depois de quase ir ao ostracismo político em decorrência de acusações de corrupção, como a relativa à delação do frigorífico JBS. Ele foi absolvido nesse caso neste ano.
No Rio Grande do Norte, dois veteranos muito influentes no Congresso antigamente foram derrotados.
Ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, deputado por 11 mandatos consecutivos a partir dos anos 1970, ficou quase um ano preso preventivamente sob suspeita de desvios na Caixa e na construção do estádio da Copa de 2014 de Natal.
Seu principal processo teve sentença anulada em 2021, e ele articulou um retorno à política, trocando o MDB pelo PSB.
A mudança foi motivada pela falta de espaço no partido diante da candidatura de seu primo, Garibaldi Alves, ex-presidente do Senado e também denunciado pelo Ministério Público Federal em 2017, mas o caso foi considerado prescrito.
As vagas do Rio Grande do Norte, porém, acabaram concentradas entre bolsonaristas e petistas, e os dois ficaram de fora.
Em Mato Grosso do Sul, o ex-senador Delcídio do Amaral, antiga liderança do PT nos governos Lula e Dilma Rousseff, se filiou ao PTB, hoje um dos principais núcleos do bolsonarismo. Ele foi apenas o 42º mais votado no domingo (2) em seu estado.
Delcídio esteve no centro de uma das mais graves crises que culminaram no impeachment de Dilma, em 2016. Foi o primeiro senador preso no exercício do mandato desde a redemocratização, sob suspeita de tentar comprar o silêncio de um ex-diretor da Petrobras, e deixou a cadeia ao virar delator, fazendo acusações inclusive contra Lula. O ex-presidente também foi absolvido nesse processo.
O ex-presidente Fernando Collor (PTB), réu no STF também em desdobramento da Lava Jato, ficará sem mandato após perder a disputa ao Governo de Alagoas.
Quatro suspeitos de integrar organização apelidada em denúncia do Ministério Público de "quadrilhão do PP", sobre supostos irregularidades em favor do partido na Petrobras, venceram nas urnas.
São eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e os correligionários Aguinaldo Ribeiro (PB), Eduardo da Fonte (PE) e Luiz Fernando Faria (MG). Os parlamentares sempre negaram que tenham ocorrido desvios, e a denúncia sobre o caso foi arquivado no Supremo em 2021, apesar de a corte inicialmente ter decidido que abriria processo.
No Rio de Janeiro, tentou novos mandatos um grupo de deputados estaduais que tinha sido detido em 2018 na Operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato do Rio sobre o suposto pagamento de mesada na Assembleia fluminense pelo ex-governador Sérgio Cabral.
A Furna da Onça foi o ponto de partida de investigação que abordou esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro (PL), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Um dos seis ex-presos há quatro anos que concorreram agora foi Chiquinho da Mangueira, do Solidariedade, ex-dirigente da escola de samba. Ele não se reelegeu.
Desse grupo, o único que conseguiu novo mandato foi André Corrêa, do PP, que sempre negou as acusações.