O primeiro turno das eleições presidenciais surpreendeu muita gente que acompanhava os números de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). A última pesquisa Ipec antes da apuração nas urnas previa o atual presidente com 37% das intenções de voto, porém o resultado nas urnas foi de 43%. Apesar disso, de acordo com Mauro Paulino, ex-diretor do Datafolha e atual comentarista da Globonews, o novo levantamento do 2° turno, divulgado nesta quarta-feira (5/10), “é confiável”.
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O analista explicou: “Mesmo a pesquisa de primeiro turno foi decisiva para que eleitores que iriam votar em branco e nulo fossem votar conscientes, informados pela última pesquisa. Isso fez com que houvesse uma migração de votos para Bolsonaro. Especialmente saindo dos que iriam votar branco e nulo, para evitar eleição de Lula. Essa hipótese é a mais consistente para explicar o resultado de pesquisas presidenciais em 1° turno”.
Paulino reforçou a alta confiabilidade do levantamento. “Portanto, essa pesquisa Ipec é confiável, esse resultado deve ser levado em conta considerando os limites que toda pesquisa impõe: margem de erro, intervalo de confiança e eventuais movimentos de eleitores que ocorrem naturalmente”.
“É importante dizer que pesquisa é um instrumento muito valioso para ser utilizado nas democracias e não há outro que substitua. O próprio questionário do Ipec traz uma série de elementos, perguntas, muito bem formuladas que vão nos ajudar a entender os movimentos”, acrescentou.
Movimento bolsonarista contra pesquisas
Em relação ao movimento bolsonarista de boicotar as pesquisas, Mauro Paulino ressaltou que “não há como os institutos garantirem a fidelidade. “Há um fato inédito, como tantas coisas inéditas acontecendo nesta eleição, que é uma campanha dos bolsonaristas para que eleitores não respondam às pesquisas. Isso os institutos não têm como controlar”.
“Uma boa mostra representativa da sociedade, é distribuída social e demograficamente nesse país. Uma boa mostra garante a representatividade, mas não há como os institutos garantirem a fidelidade de todos os entrevistados ou a recusa de parte dos entrevistados. Como aconteceu o mesmo fenômeno em 2018 e aconteceu agora em 2022, há elementos para que os institutos estudem se apenas a migração explica as divergências ou se há outros elementos que interferem”, concluiu.