Catia Seabra e Victoria Azevedo - FOLHAPRESS
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com parlamentares do PSD na tarde desta quinta-feira (6) e afirmou que não irá indicar os nomes de ministros de seu eventual governo antes do fim das eleições.
"É loucura alguém imaginar que você pode indicar um time antes. Primeiro, tenho que ganhar as eleições. E, quando ganhar, vou montar o governo não apenas com o meu partido ou meus aliados, tem gente de fora que vai participar", disse o petista.
"Fico feliz quando vejo economistas importantes, economistas que trabalharam com Fernando Henrique Cardoso, com Temer, com Sarney dedicando o voto a minha candidatura. É porque essas pessoas sabem que eu sou a garantia do exercício democrático desse país e que o meu adversário não é", continuou.
Lula disse que quem quiser conhecer a eventual composição de seus ministérios terá que esperar ele ganhar as eleições primeiro. "A hora de montar o governo é como escalar uma seleção. Você vai escolher os melhores, aqueles que vão ganhar o jogo."
No encontro, parlamentares do PSD reafirmaram apoio à candidatura do petista. Participaram figuras como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e os senadores Otto Alencar, Carlos Fávaro e Alexandre Silveira, além do deputado Marcelo Ramos.
Nas conversas com integrantes do PSD, Lula discutiu estratégia para ampliação de seu eleitorado para derrotar Bolsonaro.
Ao senador reeleito pela Bahia, Otto Alencar, pediu que fosse ampliada em 500 mil votos a vantagem que tem sobre o presidente no estado.
Do prefeito do Rio, Eduardo Paes, ouviu sugestões para reversão do quadro na cidade. Paes defendeu que Lula substitua a defesa da democracia a temas ligados ao dia a dia do eleitor.
Nas reuniões que Lula participou com aliados nesta tarde, foi enfatizado o papel dos prefeitos para dar capilaridade à campanha no segundo turno, uma vez que não há mais disputa para o Legislativo. Sem candidatos a Câmara de Deputados e assembleias legislativas, os prefeitos têm potencial propagador de propostas.
Desde o início do segundo turno, Lula tem dirigido seus discursos também aos prefeitos. Nesta quinta-feira, ele se reuniu com Waguinho (União Brasil), prefeito de Belford Roxo, cuja esposa foi a mais votada na disputa pela Câmara dos Deputados pelo Rio.
Otto Alencar diz ter conversado nesta quinta com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre a possibilidade de apoio formal do partido a Lula neste segundo turno. Kassab alegou, no entanto, que a ideia sofre resistência de parte do partido, como é o caso do governador Ratinho Jr. (PR).
Nesta quinta, Marcelo Ramos fez um apelo a Kassab. "O chamado que nós temos que fazer aqui é um chamado a todos que defendem a democracia. E esse chamado tem que chegar aos ouvidos do nosso presidente Gilberto Kassab, porque o lugar dele na história é aqui, junto conosco", disse.
Mais uma vez, Lula acenou com o acolhimento de propostas caras à senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno, que declarou apoio ao petista na quarta-feira (5).
Ao discursar nesta quinta, Lula falou na proposta de renegociação da dívida das famílias, com a criação de um fundo que serviria de avalista para credores.
Esse foi um dos cinco itens apresentados por Tebet como condição para participação da campanha.
No discurso desta quinta, Lula acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de plagiar essa sua proposta, afirmando que o presidente "leu nosso programa de governo" e conhece a proposta Desenrola Brasil, que trata da renegociação de dívidas.
"Ele sabendo que a gente está fazendo isso. Ele sabendo do nosso discurso contra a alta do preço da gasolina, ele começou a baixar. Se tudo que a gente falar ele quiser copiar, que copie e que faça. Porque nós vamos fazer mais e melhor do que ele", disse Lula.
Pela manhã, em discurso após caminhada em São Bernardo do Campo, Lula mencionou outra proposta de Tebet: paridade salarial para mulheres que exerçam a mesma função que homens dentro da mesma empresa.
O petista deverá fazer sua primeira aparição pública ao lado da senadora na tarde desta sexta-feira (7). Eles irão se reunir e, depois do encontro, está previsto um pronunciamento à imprensa.