Jornal Estado de Minas

CONTRA DISCRIMINAÇÃO

Defensoria Pública move ação contra advogada que fez vídeo contra Nordeste

Vinícius Lemos - Especial para o EM

A coordenação regional da Defensoria Pública no Triângulo Mineiro moveu uma ação civil pública contra a advogada Flávia Moraes por dano moral coletivo. A advogada de Uberlândia se tornou assunto nacional por gravar um vídeo em que critica nordestinos pela maioria de votos da região ao candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No vídeo, ao lado de amigas, diz que “não vai mais alimentar quem vive de migalhas”.




 
De acordo com o comunicado da Defensoria Pública feito nesta quinta-feira (6/10) e assinado pelo coordenador Evaldo Gonçalves da Cunha, o acionamento da Justiça se deu por questões de preconceito contra moradores e pessoas nascidas no Nordeste.
 
“Em vídeo divulgado, a ré propaga falas preconceituosas e discriminatórias, causando um constrangimento ao povo nordestino de magnitude imensurável. Assim, a medida judicial visa a reparação do dano moral coletivo, no valor de R$ 100.000,00, a ser destinado a entidades de combate ao preconceito, racismo e xenofobia, além da retratação das ofensas pelas vias adequadas”, diz a Defensoria.
 
Induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, pelas redes sociais, é crime, com pena prevista de até 5 anos de reclusão, de acordo com Lei Federal.




 

O vídeo da advogada

No vídeo, a advogada Flávia Moraes está entre outras duas mulheres. As três estão com taças com bebidas na mão e, ao fundo, é tocada uma música de apoio a Jair Bolsonaro (PL). “Nós que geramos emprego, nós que pagamos impostos, sabe o que a gente faz? A gente gasta nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais. Vamos gastar dinheiro com quem realmente merece. A gente não vai mais alimentar quem vive de migalhas. Vamos gastar nosso dinheiro no Sudeste, no Sul ou fora do Brasil”, diz Flávia.
 
Casos de críticas de cunho xenofóbico a nordestinos se tornaram comuns desde o fim da apuração dos votos em primeiro turno no domingo (2/10). Lula recebeu na região 12,9 milhões de votos a mais que o atual presidente, candidato à reeleição.