Jornal Estado de Minas

XADREZ ELEITORAL

PT aposta nos votos de Tebet e Ciro para manter vantagem de Lula em Minas

Guilherme Peixoto

 

Os aliados mineiros do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afinam os detalhes para recebê-lo em Belo Horizonte no domingo (9), para a primeira passagem do petista pelo estado neste segundo turno. Ontem, a coordenação da campanha de Lula em Minas definiu os principais pontos do trajeto da caminhada que o ex-presidente vai fazer pela capital.



A passeata vai partir da Praça da Liberdade, na Savassi, e deve se dispersar na Praça Tiradentes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Paralelamente às articulações em torno da agenda, há esperança em crescer a distância para Jair Bolsonaro (PL) no estado por meio dos votos dados a Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). No primeiro turno, a margem entre os dois primeiros colocados foi de 563,3 mil votos.

Em Minas, Lula terminou com 48,29% dos votos válidos, o que representa aproximadamente 5,8 milhões de eleitores. Bolsonaro, por sua vez, ficou com 43,6% - percentual equivalente a cerca de 5,2 milhões de votantes. Tebet, a terceira colocada, foi escolhida por 500,6 mil mineiros (4,17%); Ciro, o quarto, por 310,3 mil (2,58%). Agora, o PT trabalha para levar, à sua chapa, a maioria dos mineiros que optaram pelas candidaturas do MDB e do PDT.

Uma das articulações em busca dos apoiadores dos dois ex-concorrentes é construir pontes de diálogo com dirigentes locais pedetistas e, também, com representantes do Cidadania, que apoiou Tebet no primeiro turno, mas neste momento endossa Lula.



"A avaliação (da campanha) é muito positiva, de agradecimento aos mineiros pela expressiva votação no estado, (com) quase 600 mil votos de frente. Estamos confiantes de que, com os votos de Tebet e Ciro, vamos ampliar para mais de 1 milhão de votos (a vantagem) em Minas", disse ontem, ao Estado de Minas, o deputado federal reeleito Reginaldo Lopes (PT), coordenador da campanha de Lula em terras mineiras.

Para chegar à região da Praça Tiradentes, em cortejo previsto para começar às 11h de domingo, Lula deve passar pela Avenida Brasil, na Região Centro-Sul. A ideia inicial era levá-lo até a Praça da Estação, mas foi abortada. Segundo apurou o EM, o petista deve percorrer as vias belo-horizontinas do alto de uma caminhonete, ao lado de lideranças do estado e de Geraldo Alckmin (PSB), seu candidato a vice-presidente. Lula e Alckmin devem fazer discursos ao fim da caminhada. Depois da agenda de domingo, o presidenciável do PT deve voltar a BH na reta final do segundo turno - internamente, o partido trabalha para viabilizar nova agenda na cidade nos dias 21 ou 22 deste mês.

"Vamos fazer uma caminhada com o povo. A Praça da Liberdade é muito simbólica, o símbolo do governo de Minas. Queremos descer a Avenida Brasil e, talvez, chegar à Praça Tiradentes, outro símbolo da luta pela República e pela Independência", explicou Reginaldo.



O plano de encerrar o ato na Praça Tiradentes vai ao encontro de recentes discursos de Lula, em que Joaquim José da Silva Xavier, o mártir da Inconfidência Mineira, recebeu citações. Durante a última passagem por BH, em agosto, o líder petista falou em fazer uma "nova Independência" no país.

"Em 1792 um homem deste estado foi enforcado porque queria a independência deste país; em 1792, eles esquartejaram, cortaram a carne, salgaram e penduraram no poste para que ninguém mais falasse de independência. Quero que os esquartejadores saibam: nós estamos de volta para fazer uma nova independência nesse país, que garanta a dignidade, o respeito e a harmonia do nosso povo", defendeu.

A busca por diálogos com lideranças locais vai passar, ainda, por outra estratégia adotada pelos representantes mineiros da campanha presidencial: utilizar os deputados federais e estaduais eleitos como uma espécie de "agentes" de Lula. A cada um deles, caberá a tarefa de montar agendas isoladas, em vilas, favelas e comunidades.



Sem palanque formal no estado por causa da derrota em primeiro turno de Alexandre Kalil (PSD) na disputa pelo governo, Lula aposta, também, em políticos de outras siglas. Duda Salabert (PDT), terceira mais votada entre os 53 eleitos para a Câmara dos Deputados, foi uma das que passaram a engrossar a frente em torno do PT.

Aceno a governadores da situação

Em meio às alianças firmadas por Bolsonaro com os governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), o grupo de Lula busca sinalizar que pretende dialogar, inclusive, com os chefes de Executivo estaduais que, a princípio, estão na oposição. Segundo Reginaldo Lopes, se conseguir retornar ao Palácio do Planalto, a primeira ação do ex-presidente será "republicana e federativa".

O deputado federal afirmou que a ideia de Lula é chamar Zema para conversar já na primeira semana de gestão. Em pauta, um plano de obras públicas. "Em Minas Gerais, a infraestrutura é a pior que tem no país", criticou, citando a necessidade de melhorias em rodovias como a BR-381 e a BR-040. "O presidente Lula tem falado em um pacto emergencial pela educação, para recuperar a defasagem escolar, de aprendizado, o que o governo Bolsonaro não fez", pontuou.



Quando passou por Minas pela última vez, há duas semanas, em Ipatinga, no Vale do Aço, Lula prometeu intervenções federais na BR-381, caso eleito. Ele assegurou transformar a "estrada da morte" em "estrada da vida".

"Dilma (Rousseff) fez a licitação da BR-381, que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares, a chamada 'estrada da morte'. Acontece que uma empresa espanhola ganhou a licitação, faliu e não fez a obra. A Dilma foi golpeada no governo, depois entrou o cara que deu o golpe na Dilma e agora está esse genocida lá, e eles não fizeram nada", protestou.