Por Vinícius Prates
O ex-ministro da Fazenda do governo Temer e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (União Brasil), questionou de onde o governo Jair Bolsonaro (PL) irá tirar dinheiro para arcar com as "bondades" econômicas anunciadas nos últimos dias. Meirelles alegou que Bolsonaro está usando a pauta "gastos sociais" como "gasto eleitoreiro disfarçado".
A declaração foi dada pelo ex-ministro, na manhã desta sexta-feira (7/10), nas redes sociais, quando Meirelles questionou o
"É o terceiro anúncio de bondades com dinheiro público nos últimos dias. Antes foi anunciado o 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a promessa de incluir mais 500 mil famílias. E ainda faltam mais de 20 dias para o segundo turno. Gastos sociais são essenciais. Mas, neste caso, o gasto é eleitoreiro e está disfarçado de social por causa da campanha", criticou o ex-presidente do Banco Central.
Leia Mais
Por que Bolsonaro perdeu votos em capitais e cresceu no interior?OAB exonera advogada que fez vídeo incentivando boicote ao NordestePT aposta nos votos de Tebet e Ciro para manter vantagem de Lula em Minas'São liberais mesmo?', diz Guedes sobre economistas que apoiam LulaBolsonaro em vídeo no programa do PT: 'Queria ver o índio sendo cozinhado'Bolsonaro na TV: 'Peço para você mostrar que o Brasil está dando certo'Nikolas anuncia que vai ao Nordeste virar votos de Lula para BolsonaroPrioli evita comentar corte de verbas para educação: 'Eu tô em Nova York'Para Meirelles é preciso saber de onde virá o dinheiro antes de sair propondo medidas que "agradam o eleitor", mas provocam uma crise econômica no futuro.
"Vamos aos fatos. O governo acelerou o gasto. Há cerca de R$ 158 bilhões que não se sabe de onde virão. No total, o rombo para 2023 pode ser de R$ 430 bilhões, de acordo com o @FGVIBRE Como eu já disse antes, é preciso saber de onde virá o dinheiro. O dinheiro que agrada o eleitor e o político agora, provoca a crise no futuro. Este gasto excessivo vai provocar mais inflação, maior dívida, juros maiores e, no final, crescimento menor no futuro próximo", pontuou.
O ex-ministro, que está apoiando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, disse que há muitas cobranças para que Lula apresente um planejamento econômico mais elaborado no seu projeto de campanha, mas, para ele, não há o mesmo nível de cobrança quanto à "gastança do governo".
"Eu vejo muita gente cobrando programa econômico das campanhas de Lula e Bolsonaro. No caso do @LulaOficial, vejo uma cobrança por programa com mais detalhes e até por equipe. Não vejo uma cobrança semelhante sobre essa gastança do governo, que será desastrosa para o país qualquer seja o presidente no ano que vem", declarou.
Meirelles ainda acredita que a perspectiva econômica para 2023 é de "crescimento quase zero e inflação ainda alta" e pontua que os gastos do governo Bolsonaro podem ser um agravante para a situação.
"Como já escrevi no Estadão, 2023 será um ano desafiador. O mundo estará em recessão, com inflação em alta e uma guerra de forte impacto na economia que não se sabe até onde vai. O Brasil precisa recuperar a confiança do mercado internacional. A inflação está caindo e o PIB crescendo por medidas artificiais tomadas pelo governo. Mas a perspectiva para 2023 é de crescimento quase zero e inflação ainda alta. Com estes gastos, pode ser pior. Não é um bom caminho para recuperar confiança", opinou.