Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Lula faz caminhada hoje em BH, com nova estratégia juntos aos eleitores

 
Guilherme Peixoto e Gabriela Ornelas
 
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará hoje em Belo Horizonte. O ato, que vai começar na Praça da Liberdade, na Savassi, e terminar na Praça Tiradentes, na Região Centro-Sul da cidade, faz parte de uma estratégia adotada pela campanha petista adotada na reta final do primeiro turno, ampliando o corpo a corpo com o eleitorado.



Depois de uma temporada de comícios em diversas regiões do Brasil, o PT e os partidos aliados passaram a apostar em caminhadas com o candidato. A avaliação de integrantes do núcleo estratégico é que, com agendas do tipo, o petista consiga ampliar o roteiro de viagens e visitar mais localidades. Ontem, por exemplo, Lula percorreu vias de Campinas, no interior de São Paulo. Na sexta-feira, o mesmo expediente foi usado em Guarulhos, também em solo paulista.

Em BH, Lula participará do ato em cima de uma caminhonete. A expectativa é que ele discurse ao chegar à Praça Tiradentes. O cortejo está previsto para as 11h, mas apoiadores do petista devem se concentrar nas proximidades do Palácio da Liberdade por volta das 9h. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente, também deve participar.

O deputado federal André Janones (Avante-MG), conselheiro de Lula em temas ligados à campanha digital, disse que o desafio, neste momento, é conciliar o tempo disponível à necessidade de construir agendas. O segundo turno será em 30 de outubro.



“Todas as cidades e estados são importantes. Temos um país de dimensões geográficas gigantescas. A escolha pela caminhada foi pelo objetivo de otimizar o tempo. Toda a estrutura de um comício, a mobilização, as apresentações, as falas, ele conseguisse visitar menos cidades e estados”, disse o deputado ao Estado de Minas.

Alianças


Depois da derrota de Alexandre Kalil (PSD) para Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo de Minas, Lula ficou sem palanque no estado. A aposta, então, passou a ser em apoios diversos, vindos de partidos que não estavam na composição original da frente em torno do petista, como o PDT. Em meio a isso, há a necessidade de minimizar os efeitos do apoio que Zema ofereceu a Bolsonaro.

O deputado Reginaldo Lopes (PT), coordenador da campanha de Lula em Minas, afirmou que os locais escolhidos para o ato em BH também carregam significados importantes para o ex-presidente. Lula tem falado em fazer uma “nova Independência” do Brasil e citado Joaquim José da Silva Xavier, mártir da Inconfidência Mineira. “A Praça da Liberdade é muito simbólica, o símbolo do governo de Minas. Queremos descer a Avenida Brasil e chegar à Praça Tiradentes, outro símbolo da luta pela República e pela Independência”, disse.





Depois do ato em BH, os aliados de Lula devem se reunir ainda na capital. A participação do presidenciável é dúvida, mas é certo que Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, vai coordenar os trabalhos. A ideia é usar o encontro para debater a possibilidade de novas agendas do ex-presidente em Minas. Neste momento, a tendência é que Lula retorne ao estado cerca de uma semana antes do segundo turno, mas lideranças locais tentam conseguir uma terceira visita. Será a primeira vez de Lula em Minas após o primeiro turno. A margem sobre Bolsonaro no estado foi de aproximadamente 563,3 mil votos.

Antes da primeira votação, o candidato do PT fez comícios em Belo Horizonte, Montes Claros, no Norte, e Ipatinga, no Vale do Aço. Paralelamente aos compromissos de Lula, Alckmin tem feito incursões solo por regiões brasileiras. Políticos de Minas tentam levar o ex-governador a alguma região do estado antes de 30 de outubro. No mês passado, ele esteve em Poços de Caldas, no Sul, e em Uberlândia, no Triângulo.

Corrida eleitoral

Pesquisa divulgada pelo Datafolha na sexta-feira e registrada junto à Justiça Eleitoral com o número BR-02012/2022, aponta Lula com 49% das intenções de votos no segundo turno, cinco pontos a mais que Bolsonaro, que tem 44%. Brancos e nulos representaram 6% dos entrevistados, enquanto 2% não souberam responder ou preferiram não opinar.





Lideranças de outros partidos se preparam para engrossar o ato de amanhã. “Estamos mobilizando territórios, chamando as pessoas e construindo esse ato para conseguir trazer a chamada terceira via para votar no Lula. E também mobilizar os indecisos. Com isso, a gente acredita que terá vitória folgada no segundo turno”, afirma Bella Gonçalves (Psol), vereadora de Belo Horizonte eleita deputada estadual. “Achamos que vai ser um ato grande e representativo do desejo da maioria da população, que se expressou nas urnas no primeiro turno”, projeta a parlamentar.

Campinas


Lula fez caminhada pelo Centro de Campinas, ontem, ao lado de Fernando Haddad (PT), que disputa o segundo turno pelo governo de São Paulo contra o candidato apoiado por Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os petistas precisam tentar conter o avanço do bolsonarismo entre os paulistas para ter chances de ganhar o pleito no estado. O Datafolha aponta provável derrota de Haddad para o Palácio dos Bandeirantes. Segundo a pesquisa estimulada, Tarcísio de Freitas tem 50% das intenções de voto e Fernando Haddad, 40%. Tanto Lula quanto Haddad perderam a disputa para Bolsonaro e Freitas no estado de São Paulo no primeiro turno. 

Na entrevista coletiva antes da caminhada de ontem no interior paulista, Lula disse estar convencido de que ele e Haddad vão ganhar no maior colégio eleitoral do país. “Pretendo ganhar as eleições em São Paulo e ajudar o Haddad a ganhar também. É muito importante essa parceria entre São Paulo e Brasil”, disse. Lula assumiu que a campanha errou no estado e que tem 20 dias para reparar os equívocos para ganhar.

Haddad lembrou que na campanha eleitoral de 2012 também esteve em desvantagem, mas conseguiu vencer José Serra (PSDB) na disputa pela prefeitura da capital paulistana. “O tempo é igual e vamos investir nas propostas para virar e ganhar estas eleições. São Paulo conhece a minha gestão e sabe o trabalho que eu já fiz aqui”, afirmou o candidato.