João Gabriel, Renato Machado e Paula Soprana - FOLHAPRESS
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (9/10) que deve decidir sobre a proposta de aumento do número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) após as eleições e que ela vai depender da "temperatura" na corte.
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O mandatário foi questionado especificamente por um dos entrevistadores sobre a sugestão de aumentar a composição do STF, que tem 11 ministros atualmente. Disse que já recebeu essa sugestão, mas que vai decidir depois das eleições.
"Se eu for reeleito, e o Supremo baixar um pouco a temperatura, já temos duas pessoas garantidas lá , tem mais gente que é simpática à gente, mas já temos duas pessoas garantidas lá, que são pessoas que não dão voto com sangue nos olhos, tem mais duas vagas para o ano que vem, talvez você descarte essa sugestão", afirmou o presidente ao canal Pilhado.
"Se não for possível descartar, você vê como é que fica. Você tem que conversar com o Senado também a aprovação de nomes. Você tem que conversar com as duas Casas a tramitação de uma proposta nesse sentido. E está na cara que muita gente do Supremo vai para dentro da Câmara e do Senado contrário, porque se você aumenta o número de ministros do Supremo, você pulveriza o poder deles. Eles passam a ter menos poder e lógico que não querem isso", completou.
O presidente teve um ambiente bastante amigável durante o podcast, com ambos os entrevistadores manifestando voto em Bolsonaro e repetindo mantras bolsonaristas, como críticas ao Judiciário e à imprensa.
Um deles, Paulo Figueiredo, é neto do último ditador do regime militar, o ex-presidente João Baptista Figueiredo (1918-1999). O comentarista louvou em alguns momentos o governo de seu avô, como a política habitacional.
Bolsonaro repetiu em diversos momentos críticas aos ministros do Supremo, embora não tenha usado desta vez palavras de baixo calão. Disse novamente ser perseguido e voltou a citar a determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que o proibiu de realizar lives dentro do Palácio do Alvorada.
"Os caras têm lado político, os caras decidem. Qualquer ação no Supremo, TSE, dá ganho de causa para o outro lado. Não tem isenção nisso tudo", afirmou.
O candidato também fez um apelo para que a corte eleitoral não derrube a rede de influenciadores e políticos que faz propaganda intensa a ele pelo Twitter. O time jurídico do PT vem estudando os principais perfis pró-Bolsonaro e entrou no TSE com uma representação cobrando a rede social pela disseminação de fake news por essas contas.
A lista de mais de 30 nomes inclui os filhos Carlos e Flávio Bolsonaro, sendo o primeiro o líder da campanha do pai na internet, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), a produtora Brasil Paralelo e influenciadores como Kim Paim e Bárbara Destefani.
"Peço que nosso querido TSE não embarque nessa porque se tirar o pessoal lá e eu nada fizer aqui é você mandar um batalhão para a guerra e no meio do caminho você tira os canhões dele. É nessa situação que eu fico aqui. Eu ia entrar na guerra e, em vez de fuzil e canhão, com pau e pedra, vou perder essa guerra", afirmou, referindo-se ao segundo turno da eleição.
Bolsonaro também foi questionado sobre o deputado federal André Janones (Avante-MG) e disse que ele é um "mal tremendo à nação".
O presidente depois acrescentou que "é impossível eu governar mais quatro anos com o Supremo fazendo ativismo judicial".
Em outro momento, Bolsonaro afirmou que o STF "condena santos e liberta capetas". O presidente usou a palavra santo, em particular, para se referir ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado por ameaças e incitação à violência contra ministros da corte.
O presidente Jair Bolsonaro também disse que, em caso de reeleição, terá muito mais facilidade para aprovar medidas de seu interesse no Congresso Nacional, por ter fortalecido a sua bancada nas últimas eleições.
"Temos um Congresso mais conservador vou ter facilidade para aprovar projetos de interesse da população", afirmou.
Bolsonaro também criticou o uso pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva de entrevista na qual afirma que comeria um índio. Disse que a menção ao canibalismo teria o intuito de "amedrontar a população". A frase associada ao canibalismo foi dada por Bolsonaro em entrevista ao jornal New York Times.
O mandatário também acusou seus opositores de jogo sujo ao divulgarem que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) se tornaria ministro da Previdência em eventual segundo governo e que iria confiscar a aposentadoria de aposentados.
"Agora estão falando duas coisas aí. Primeiro, que eu sou canibal. Pô, é foda né? Aguentar um trem desse aí. A outra é que o Collor vai ser ministro e que nós vamos confiscar a aposentadoria dos aposentados. É o tempo todo assim", afirmou.
Após ter relacionado a vitória de Lula no Nordeste à alta taxa de analfabetismo na região, Bolsonaro buscou amenizar a situação e disse que nunca havia feito essa associação. E, sem provas, levantou dúvidas sobre o desempenho do petista na região.
"Falam muito que o Nordeste é reduto do PT, no meu entender não é mais reduto do PT. Tem voto lá o PT, tem. Mas não a esse ponto. Não teve festa na Bahia com o Lula com dois terços do voto pro lado dele. Não justifica isso. Então, foi bastante esquisito esse resultado", afirmou.
Bolsonaro passa o domingo em Brasília após viagem no fim de semana. No sábado (8), o presidente participou das festividades do Círio do Nazaré, em Belém. O mandatário esteve a bordo da Corveta da Marinha Garnier Sampaio, embarcação que leva a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, mas permaneceu isolado.
A procissão pelas águas da baía do Guajará faz parte das 13 romarias do Círio de Nazaré, considerada uma das maiores festas religiosas católicas do mundo.
Ao retornar a Brasília, no fim da tarde, o presidente foi direto para o estádio nacional Mané Garrincha, onde posou para fotos com a dupla Henrique e Juliano.