Por Ana Mendonça
Dos antigos palanques até as “motociatas” e carreatas, as eleições de 2022 são marcadas também pela participação nas redes sociais. Na disputa do segundo turno, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apostam no engajamento e esperam transformar os likes dos eleitores em votos reais. Nesta reta final, ambos colecionam seguidores, “trends”, músicas e vídeos curtos que, não só engajam a campanha, mas podem ser decisivos no resultado final.
Dos antigos palanques até as “motociatas” e carreatas, as eleições de 2022 são marcadas também pela participação nas redes sociais. Na disputa do segundo turno, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apostam no engajamento e esperam transformar os likes dos eleitores em votos reais. Nesta reta final, ambos colecionam seguidores, “trends”, músicas e vídeos curtos que, não só engajam a campanha, mas podem ser decisivos no resultado final.
Favorito dos candidatos, o TikTok, plataforma de vídeos curtos, foi a ferramenta mais usada por Bolsonaro e Lula neste segundo turno. O presidente tem mais de 49 milhões de likes no aplicativo e mais de 3 milhões de seguidores. Já Lula, tem mais de 28 milhões de likes e mais de 2 milhões de seguidores.
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Lula liga para ex-carcereiro da PF para agradecer declaração de votoApós Zema se aliar a Bolsonaro, vice-governador de MG declara voto em LulaNikolas faz vídeo em frente a avião da FAB antes de ir ao NordesteVeja a previsão de Márcia Sensitiva sobre eleição para presidenteEleitores reclamam de uso de imagem, e PT nega criação de vídeoAlém dos presidenciáveis, suas mulheres são presentes no app. A primeira-dama Michelle Bolsonaro não possui uma página oficial, mas apenas a tag com o nome dela tem mais de 209 milhões de visualizações. Favorita dos evangélicos, Michelle foi também a responsável pela criação de uma dança na plataforma que impulsionou uma trend chamada “22 e confirma”.
Janja, mulher do ex-presidente Lula, posta vídeos diários na plataforma. A socióloga compartilha o dia a dia com Lula e chega a ter mais de 1,2 milhão de curtidas. Ela coleciona 152 mil seguidores e mais de 16 milhões de visualizações na tag “lulaejanja”.
Os números que parecem ser improváveis, na verdade animam as campanhas, que acreditam que a presença nas redes pode ser crucial nesta reta final.
Do palanque aos likes
Em conversa com o Estado de Minas, o professor da Faculdade Arnaldo e cientista político Vladimir Feijó lembra que, apesar de ser considerado o ano das redes políticas, 2022 não foi o ano do ingresso dos políticos nas plataformas digitais.
“Jair Bolsonaro entrou nas redes sociais muito antes da sua primeira candidatura à Presidência em 2018. Apesar de ser deputado federal, ele se lançou como uma mídia social. Bolsonaro tentou se ‘humanizar’ fazendo um canal no YouTube, divulgando atos do dia a dia, sendo simplesmente comum e conseguindo alavancar a imagem. Ele se lançou em 2018 com essa visão, de campanha barata. Uma vez no poder, ele manteve essa estratégia em seu canal do Youtube e também usando lives no Instagram e Facebook”, destaca o professor.
“Jair Bolsonaro entrou nas redes sociais muito antes da sua primeira candidatura à Presidência em 2018. Apesar de ser deputado federal, ele se lançou como uma mídia social. Bolsonaro tentou se ‘humanizar’ fazendo um canal no YouTube, divulgando atos do dia a dia, sendo simplesmente comum e conseguindo alavancar a imagem. Ele se lançou em 2018 com essa visão, de campanha barata. Uma vez no poder, ele manteve essa estratégia em seu canal do Youtube e também usando lives no Instagram e Facebook”, destaca o professor.
Ao falar sobre o ingresso no TikTok, Vladimir explica que a abertura na plataforma veio depois da entrada bem-sucedida de candidatos a deputados estaduais e federais.
"Antes, os vídeos traziam cortes de lives e frases contra o sistema. Da mesma forma, isso foi traduzido para essa plataforma. São vídeos de impacto e denúncia. Com isso, muitos candidatos se tornaram verdadeiras celebridades trazendo eleições expressivas”, explicou.“É possível que as campanhas à Presidência, percebendo isso, acreditem que o ingresso nessas plataformas pode ser decisivo.”
"Antes, os vídeos traziam cortes de lives e frases contra o sistema. Da mesma forma, isso foi traduzido para essa plataforma. São vídeos de impacto e denúncia. Com isso, muitos candidatos se tornaram verdadeiras celebridades trazendo eleições expressivas”, explicou.“É possível que as campanhas à Presidência, percebendo isso, acreditem que o ingresso nessas plataformas pode ser decisivo.”
“É claro que os memes podem contribuir para tornar um candidato conhecido ou demonizar certos candidatos, mas, no grau de certeza de voto, parece que esses veículos servem para manter a base engajada ou manter uma abstenção mais baixa”, conclui.
Cerca de 32 milhões de brasileiros não compareceram às urnas no primeiro turno das eleições. Dois milhões a menos do que foi registrado quatro anos atrás. Por outro lado, esse ano foi registrado o menor índice de votos brancos e nulos desde 2014.
Trends estouram a bolha
O TikTok surgiu em 2014, ainda com o nome Musical.ly. Desenvolvido por uma empresa chinesa, era um aplicativo para as pessoas postarem vídeos dublando músicas. Em 2017, a empresa foi comprada pela conterrânea Byte Dance. A partir daí, a plataforma se popularizou principalmente entre os jovens.
“Capitão do Povo” e “22 e confirma” são as “trends” que alavancaram Bolsonaro no aplicativo. Seguidores e apoiadores do presidente dançaram no ritmo das músicas para expressar voto e apoio à reeleição. Entre os nomes, que entraram na brincadeira estão Neymar e a primeira-dama Michelle.
Já Lula, que coleciona mais de 11 bilhões de visualizações na tag #Lula, ganhou o público com seus discursos emocionais sobre o ProUni, Lei de Cotas, religião e sobre o fim da fome. As músicas e trends também fazem sucesso. O “reverse” onde a pessoa grava fazendo um sinal de uma arma e troca para o “L” de Lula é mais popular. A campanha fez parte do “vira voto” ainda em primeiro turno.
Diego Davoli, especialista em marketing digital e cofundador da Academia de Tiktokers, explica a importância da plataforma para a adesão de novos eleitores. “Faz muita diferença”, afirma.
Segundo o especialista, Bolsonaro e Lula já têm uma base de seguidores com as quais se comunicam. Antes, a única maneira de chegar a pessoas que ainda não eram seus seguidores, era a partir do compartilhamento de mensagens pelos seus simpatizantes ou por meio de posts patrocinados. Com os vídeos curtos, segundo ele, isso é diferente.
“Os vídeos têm alto poder de entrega orgânica e, com isso, eles ‘estouram a bolha do candidato’. Em vez de serem vistos apenas por seguidores e simpatizantes eles têm mais chance de chegar nos indecisos ou, até mesmo simpatizantes da oposição, do que conteúdos em outro formato, como por exemplo, um post de foto estática”, afirmou.
Diego chama a atenção para a campanha de baixo custo. De acordo com o especialista, os vídeos curtos são a grande tendência de consumo. “Logo, é mais fácil que um futuro eleitor assista a um vídeo de 1 minuto no TikTok do que preste atenção em 1 minuto em um jingle na rádio”, disse. “Isso sem investir nem um real a mais.”
Para Diego, se as pessoas encontrarem um político com o qual eles se identificam no TikTok, elas vão investir o seu voto nessa pessoa. “A trend do 'vira voto' do Lula ou do 'vota vota e confirma 22' de Bolsonaro são muito boas porque tornam fácil para o eleitor demonstrar o seu voto. Elas são divertidas e também ativam no eleitor o gatilho do pertencimento. A sensação de estar junto de muita gente e apoiando uma causa”, afirma.
Redes Sociais
Além do Tiktok, campanhas políticas lançaram mão do Twitter e Instagram. Confira os números de cada candidato:
Jair Bolsonaro:
Lula: