Guilherme Peixoto
Uma reunião entre o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e prefeitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, serviu para que aliados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendessem sua vitória no segundo turno presidencial. O encontro, ocorrido nessa terça-feira (11/10), abordou outros tópicos, como os gargalos do transporte público e a necessidade de obras de infraestrutura. Na comitiva de gestores municipais, estavam Fuad Noman (PSD), prefeito de Belo Horizonte, e Marília Campos (PT), prefeita de Contagem.
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"É claro que aproveitei para mostrar aos prefeitos que estavam na reunião de ontem que eleger presidente Lula é melhor caminho para unificar o país, resgatar as políticas sociais e retomar o desenvolvimento econômico. A nossa luta também é pela democracia, pelas instituições livres, por justiça social", afirmou.
A participação de Silveira nas articulações pró-Lula ganhou força após o primeiro turno da eleição. O senador perdeu para Cleitinho Azevedo (PSC) e não conseguiu se reeleger. Agora, concentra suas forças na disputa presidencial.
A postura deixou Marília Campos contente. "Gostei de ver a determinação de Alexandre Silveira ao falar da importância da eleição de Lula, e pedir a todos um grande movimento para ampliar a votação dele em Minas Gerais. Estamos juntos neste esforço", pontuou.
Participaram, também, os prefeitos de Sabará, Wander Borges (PSB), Nova Lima, João Marcelo Dieguez (Cidadania), e de Ibirité, William Parreira (Avante). O grupo contou, ainda, com as presenças de Lucas Coelho (Avante), prefeito de Caeté, Pastor Sérgio (PSD), prefeito de Santa Luzia, e Ilce Rocha (PSDB), prefeita de Vespasiano e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel).
Embora o presidente Jair Bolsonaro (PL) busque conquistar prefeitos mineiros a reboque da boa relação deles com o governador Romeu Zema (Novo), que declarou apoio à sua reeleição, Alexandre Silveira também aposta nos gestores municipais. Igualmente bem relacionado com as prefeituras, o senador do PSD tenta atrair, ao grupo de Lula, os que não embarcaram na coalizão do petista.
De acordo com Silveira, a estratégia é mostrar a eles uma "comparação" entre os investimentos feitos por Lula e Bolsonaro no estado. "Não temos uma grande obra, uma moradia do programa habitacional construída por este governo que está aí. A mensagem é muito clara, assim como a diferença de resultados", assinalou.
Lei Kandir, dívida do estado e mobilidade em pauta
Além do tom político da reunião, houve espaço para a discussão de propostas. A recomposição das perdas da Lei Kandir, que isenta de ICMS empresas exportadoras de produtos primários, foi uma das pautas. Nas contas de Marília Campos, o prejuízo de Minas por causa das renúncias gira em torno de R$ 135 bilhões.
"Fizemos uma reunião para fortalecimento dos municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, cujas carências são muitas. Os municípios precisam de apoio do Senado e terão esse apoio", garantiu Rodrigo Pacheco.
A prefeita de Contagem fez menção, ainda, à dívida de quase R$ 160 bilhões do governo mineiro junto à União. Ela chamou o "passivo" de impagável e disse crer que o Senado pode auxiliar a destravar o impasse, cuja solução, na visão de Zema, passa pela adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. O plano dele, porém, é contestado por deputados estaduais de oposição e servidores, que temem desinvestimentos em políticas públicas e congelamentos salariais.
"Coloquei em discussão o gravíssimo problema do transporte coletivo entre nossos municípios e que pode ser enfrentado com a retoma do transporte via trem de passageiros. A linha férrea chega em 22 cidades da Região Metropolitana e, infelizmente, é utilizada apenas para o transporte de carga", falou Marília, ao listar outro problema levado à mesa de debates.
Outros prefeitos devem se encontrar com Bolsonaro
Paralelamente aos movimentos do entorno de Lula, o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Marcos Vinícius Bizarro, organiza, para sexta-feira (14), uma reunião entre prefeitos e Jair Bolsonaro. Segundo Bizarro, que administra Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, ao menos 300 gestores municipais devem participar do encontro, previsto para ocorrer em BH.
A ideia é que Romeu Zema participe da conversa. Os prefeitos se preparam para entregar uma pauta de reivindicações regionais ao presidente. O gesto de apoio a Bolsonaro fez com que surgisse, na AMM, um pedido para a viabilização de reunião similar com Lula.