Matheus Muratori e Mariana Costa
Em campanha pela reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) visitará Belo Horizonte pela terceira vez, hoje, no segundo turno, na tentativa de inverter a derrota sofrida para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado em 2 de outubro.
Na quinta-feira passada, ele se reuniu com empresários. Anteontem, participou de culto evangélico e hoje tem encontro com prefeitos e vereadores mineiros. O chefe do Executivo federal deve voltar a Minas ainda antes do dia 30, data do segundo turno. Ele deve fazer campanha no Norte do estado no dia 28.
Agora, apoiador oficial de Bolsonaro, o governador reeleito Romeu Zema (Novo) também deve participar do evento de hoje, na Região Centro-Sul de BH. O chefe do Executivo, inclusive, foi anunciado ontem pelo candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto, como coordenador da campanha presidencial em Minas.
O presidente considera que a chance de virar a disputa presidencial no país passa por Minas Gerais, terceiro maior colégio eleitoral brasileiro. "Tem uma tradição: só ganha a Presidência quem ganha em Minas Gerais. Então, aqui é o segundo colégio eleitoral e nós temos essa preocupação também", afirmou o presidente em entrevista à TV Alterosa.
Ontem, Bolsonaro cumpriu agenda em Recife e em São Paulo. Na semana passada, ele esteve em evento com empresários do setor industrial, na Região Centro-Sul da capital. Na ocasião, referendado por lideranças do setor, Bolsonaro fez ataques indiretos a Lula.
“Converse com os mais humildes, com os mais necessitados. Porque eles, uma parte, continuam acreditando nas promessas mirabolantes de picanha e auxílios estratosféricos. Se fosse possível, daríamos, mas sabemos que isso não é possível”, afirmou.
Na última terça-feira, a passagem de Bolsonaro por BH foi mais rápida. Ele prestigiou a inauguração de nova unidade da Igreja Mundial do Poder de Deus, que tem como fundador Valdemiro Santiago, e fez discurso de somente quatro minutos. O presidente estava rouco e também tinha compromissos em Aparecida, São Paulo.
"Peço a Deus que ilumine cada um de vocês no próximo dia 30 de outubro para bem decidir quem vai comandar o nosso Brasil. Se estamos dando certo até o momento, eu peço humildemente a vocês essa oportunidade de, ao lado do governador Zema, comandarmos Minas Gerais e o nosso Brasil", disse, em trio elétrico instalado à frente da Igreja Mundial do Poder de Deus, no Centro de BH.
Zema acompanhou Bolsonaro nos dois eventos em BH e também vai acompanhar o candidato à reeleição hoje. “As mordomias, os favores e os privilégios para a companheirada não parou não, isso nós não assistimos aqui”, afirmou Zema sobre a oposição no evento com lideranças da indústria. Na sequência, ele completou falando que "todo mineiro que conhece um pouco dessa realidade deveria falar: 'Eu sou Ptfóbico'", declarou.
Já anteontem, ao lado de Bolsonaro, Zema participou do evento cristão e utilizou justamente de uma referência religiosa para pedir votos para o atual presidente. Uma novidade também foi vista ontem: os candidatos usaram adesivos com os rostos do presidente e do governador. "Todos nós aqui sabemos o desastre que o Brasil viveu em 2015 e 2016, com mais de três milhões de desempregados que foram gerados naqueles dois anos devido à corrupção, devido aos escândalos no governo PT. Precisamos de um homem de Deus na Presidência da República, e esse homem é o presidente Bolsonaro", afirmou o governador.
Zema deverá estar com Bolsonaro também no dia 28. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o evento no Norte de Minas seria "de povão", com maior contato corpo a corpo com o eleitorado. Bolsonaro também ficou atrás do petista em Minas Gerais, com 43,60% dos votos. Lula recebeu 48,29%.
Coordenação
Braga Netto anunciou Zema como coordenador da campanha presidencial no estado. Ele publicou a informação nas redes sociais, durante encontro com o governador e deputados estaduais, em evento na Região Centro-Sul de BH. “Presidente @jairbolsonaro define governador reeleito @RomeuZema como coordenador da campanha presidencial em Minas Gerais”, disse ele na postagem. O evento é uma preparação para a reunião de hoje, que contará com a presença de Bolsonaro.
O governador afirmou que está sendo estruturado um grupo no estado, com a participação dos deputados. O objetivo, segundo ele, é levar "esclarecimento para o povo mineiro.” “O PT de Minas não está aparecendo. Não vi a Dilma, o Pimentel. Queremos levar essa mensagem para o mineiro. Cadê o Pimentel, a Dilma? Eles são os representantes de Minas”, disse. De acordo com o governador, os mineiros precisam ser lembrados sobre “a tragédia" vivida há pouco tempo no estado”. “E também o que o Brasil viveu em 2015 e 2016. Ninguém pode esquecer a pior recessão da história que nós já tivemos, enquanto o mundo crescia”, ressaltou, se referindo ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Zema lembrou que, nos últimos quatro anos, o país enfrentou reflexos provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, além da pandemia de COVID-19. “Em 2015 e 2016, o Brasil conseguiu a exclusividade de o país que regrediu, enquanto Europa, América e Ásia avançaram”. “Estamos aqui para começar o planejamento, com a coordenação para a reunião de amanhã. Por isso, pedi para conversar com o governador e alguns parlamentares. O presidente determinou que eu viesse aqui fazer esse acerto”, disse Braga Netto. O encontro dessa quinta-feira contou ainda com a participação de deputadas e deputados estaduais, em um espaço na Avenida Raja Gabaglia.
“Vamos ganhar bem em Minas”, afirma ministro
Carlos Marcelo e Guilherme Peixoto
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), diz que números apontados por pesquisas internas da campanha de Jair Bolsonaro (PL) apontam a vitória dele em Minas Gerais. Em entrevista ao Estado de Minas, Nogueira citou o “apoio decisivo” do governador Romeu Zema (Novo) a Bolsonaro como elemento essencial para garantir o triunfo no estado. Para ele, o bom desempenho em solo mineiro pode assegurar um novo mandato ao presidente da República. “Com o cenário, agora, de virada em Minas Gerais e em São Paulo – e depois me cobrem: vamos ganhar bem em Minas –, está muito próximo de estourarmos de alegria com a vitória de nosso presidente”, disse, em menção à expressão "tic tac", muito utilizada pelo ministro nas redes sociais para tratar de números eleitorais.
Em setembro, Ciro Nogueira foi ao Twitter criticar o Datafolha e assegurar que Bolsonaro havia ultrapassado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas. Nas urnas, porém, o petista teve 48,29% das intenções de voto, ante 43,60% do candidato à reeleição. Os percentuais indicam diferença de cerca de 560 mil votos. “No 1º turno, o estado que teve a maior volatilidade foi Minas. Chegamos a virar em Minas e a distância aumentou, mas a vitória de Lula terminou de forma bem mais estreita do que se imaginava e do que deram os institutos. Nossa expectativa é que a entrada decisiva do governador Zema consolide a vitória do presidente em Minas”, justificou o chefe da Casa Civil.
"Em Minas, (houve) essa entrada decisiva do governador. Não é uma aliança partidária, mas pela prosperidade. As pesquisas qualitativas que temos de Minas nos indicam que o eleitor mineiro tem recebido muito bem a forma com que seu governador entrou nesta campanha", assegurou Ciro Nogueira.
Ao tratar da aliança, o ministro não poupou elogios a Zema. "Podem ter certeza: se o presidente Bolsonaro ganhar, Minas vai sair com um fortíssimo candidato à reeleição dele, que é Zema. É um potencial candidato em 2026 pela forma decisiva como está entrando nesta eleição”, acredita o auxiliar de Bolsonaro.
Campanha retomada no Nordeste
Ingrid Soares
Brasília – Ao desembarcar para a sua primeira agenda de campanha no Nordeste neste segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou demonstrar proximidade com a região. “Boa tarde, meu Nordeste. Aqueles que falam que eu não gosto de nordestino, fiquem sabendo que a minha princesa, dona Michelle, é filha de um cabra da peste”, disse ele no Recife. “Sou apaixonado por uma nordestina e a minha filha, em suas veias, corre sangue de cabra da peste. Não adianta rotular”, emendo, dizendo ainda que sete de seus ministros são da região. Bolsonaro também ressaltou que dará continuidade ao Auxílio Brasil. “Aqueles que falam que vou acabar com o Auxilio Brasil, é mentira. Eles estão com ciúmes porque pagavam uma importância irrisória para o povo brasileiro”, afirmou, em cima de um carro de som.
O chefe do Executivo destacou que, ainda nesta semana, assinará duas portarias autorizando a construção de usinas eólicas na costa do Nordeste para a produção de energia limpa. “Teremos essa semana duas portarias regulamentando a construção de eólicas na costa do Nordeste, ou seja, o Nordeste, em pouco tempo, passará a exportar energia verde para o mundo todo, além de reindustrializar o seu parque aqui nos nove estados. O Brasil está condenado a dar certo”.
Na semana passada, o presidente negou ter atacado nordestinos. No dia anterior, ele voltou a relacionar o melhor desempenho de Lula no primeiro turno no Nordeste ao analfabetismo na região. Em sua propaganda eleitoral, Lula rebateu afirmando que “quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista monstro que governa esse país”.
O presidente ressaltou também a queda no preço dos combustíveis, destacando que o país tem “uma das gasolinas mais baratas do mundo”. “Os produtos da cesta básica caíram 10% no supermercado”, disse, em referência ao levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgado ontem. A pesquisa apontou que o preço da cesta básica com 12 alimentos registrou queda de 9,9% em setembro, na comparação com julho de 2022. A cesta básica saiu de R$ 362,84 para R$ 326,96 no período.
Maioridade penal
Bolsonaro afirmou também que, caso reeleito, reduzirá a maioridade penal de 18 anos, prevista na Constituição, para 16. A declaração ocorreu durante coletiva de imprensa em Pernambuco. “O Congresso eleito atualmente foi muito mais a centro-direita. Então, pautas como a redução da maioridade penal, obviamente, caso seja reeleito, nós implementamos. Podemos dizer sim. Temos muita chance de aprovar a redução da maioridade penal. Então, a molecada que rouba celular para tomar uma cervejinha... vai acabar essa mamata.”
A proposta de redução da maioridade penal no Brasil de 18 para 16 anos valeria para casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. No Brasil, jovens a partir dos 12 anos já podem responder por atos infracionais. No entanto, seguindo uma linha socioeducativa. Logo, os menores de 18 anos ficam sob as regras estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente.