Prefeitos de municípios de Minas Gerais chegaram ao evento de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta sexta-feira (14/10), em Belo Horizonte, usando carros oficiais, que são custeados com dinheiro público.
O prefeito do município de Santo Antônio do Rio Abaixo, Alexandre Rodrigues de Souza, por exemplo, chegou ao local do evento, na Avenida Raja Gabaglia 1.143, dirigindo o carro da prefeitura. Santo Antônio fica a 170 quilômetros da capital, na região central do estado.
Dinarte Henrique Guedes de Ornelas, prefeito de Formoso, outro que viajou com carro oficial até Belo Horizonte para o ato de campanha de Bolsonaro, disse que o convite para participar do encontro foi feito pela Associação Mineira dos Municípios (AMM) e pelo deputado estadual Gustavo Santana, que é apoiado por ele.
Sobre o custeio para se deslocar até a capital, Ornelas disse que utilizou recursos da prefeitura. “Vim resolver outros assuntos em Belo Horizonte, por isso vim com recursos da prefeitura.” Ele chegou no carro da Câmara de Vereadores do município, junto com o presidente da Casa. “Ontem tive compromissos em Unaí e Paracatu.”
Sobre participar de um evento de campanha no horário de expediente na prefeitura, Ornelas disse que “é um agente político”. “Nesse momento, não há expediente na prefeitura.”
Luciano Rabelo Veloso, prefeito de Mirabela chegou ao espaço do evento a pé. Por isso não é possível saber se estava em carro oficial. No entanto, o prefeito afirmou que utilizou recursos próprios para participar da solenidade. Além disso, Veloso ressaltou que a prefeitura não está cumprindo expediente hoje, já que o município emendou o feriado de Nossa Senhora Aparecida.
Além dos carros oficiais de Formoso e de Santo Antonio do Rio Abaixo, a reportagem do Estado de Minas flagrou veículos de outras prefeituras, como as de Guricema, Várzea da Palma, Urucânia, São Sebastião da Bela Vista, Resende Costa, São Geraldo do Baixio, Guimaranea, Congonhas e Pará de Minas.
Durante o evento, Bolsonaro agradeceu a presença e apoio de prefeitos e vereadores de Minas que participaram do ato de sua campanha à reeleição, caracterizando assim o ato de campanha.
No site do governo, a informação é de que hoje não há compromissos oficiais do presidente.
O presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM) e prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicius Bizarro (PSDB), afirmou que a entidade não é a organizadora do evento. Segundo ele, a AMM foi convidada a participar do encontro.
“Vamos fazer a pauta municipalista e cada prefeito está custeando a sua vinda. Isso eu até já falei para a coordenação de campanha do PT, o deputado Reginaldo Lopes. Implantaram essa fake news de que a AMM está custeando. Coitada da AMM, não temos recurso financeiro para isso.”
Bizarro ressalta que convocou uma pauta para ambos os candidatos à Presidência da República. “A pauta é comum e vale para os dois partidos. Mas, quem procurou a gente, em 3 de outubro, para a primeira reunião foi o PL. Estamos esperando o PT oficializar a gente.” O presidente da AMM, porém, afirma que até agora não foi procurado pelos petistas.
Sobre os prefeitos estarem participando de um evento de campanha, em horário de expediente, Bizarro diz que eles estão em um encontro para tratar de reivindicações dos municípios. “É de interesse de todos os municípios. É uma agenda de trabalho, ninguém está vindo por uma agenda política.”
Disputa
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rival do candidato à reeleição no segundo turno, terminou à frente no primeiro em âmbito nacional, com 48,43% dos votos válidos. Bolsonaro teve 43,20%.
Bolsonaro também ficou atrás do petista em Minas Gerais, com 43,6%. Lula recebeu 48,29%. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 12.655.228 eleitores no primeiro turno, atrás somente de São Paulo - com 27.189.714 votos.
O governador Romeu Zema (Novo) foi reeleito em primeiro turno com 56,18% em 2 de outubro. Alexandre Kalil (PSD), candidato apoiado por Lula, foi o segundo, com 35,08%.
O senador Carlos Viana (PL-MG), então candidato oficial de Bolsonaro em Minas, teve 7,23% e parou na terceira posição. Zema teve como nome à Presidência no primeiro turno o correligionário Felipe d’Ávila (Novo), que teve somente 0,47% e ficou na sexta posição.
Bolsonaro em MG
Desde o início do segundo turno, Bolsonaro tem visitado Minas Gerais. Já foram outras duas visitas realizadas: na quinta-feira (6) da semana passada, em um evento com empresários do ramo da indústria; e na última quarta-feira (12), para um culto evangélico, ambos na capital