Victor Correia - Correio Braziliense
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (20/10) que a pesquisa Datafolha divulgada ontem, que mostrou crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL), é um alerta. O petista, porém, acredita ser ""impossível Bolsonaro tirar a diferença em uma semana". As eleições acontecem no próximo dia 30.
Lula participou de coletiva de imprensa durante a manhã, no Rio de Janeiro. "Eu não comento a pesquisa, porque eu não vi a pesquisa do Datafolha. Ontem, cheguei tarde aqui no hotel. Mas eu estou informado da pesquisa, e acho que ela serve apenas para nos alertar", respondeu o ex-presidente, ao ser questionado sobre os resultados do último levantamento do instituto.
Divulgado nessa terça-feira (19), o Dafafolha mostrou que o chefe do Executivo cresceu um ponto percentual em relação à semana passada, atingindo 45% das intenções de voto. Anda na liderança, Lula segue estável em 49%. A diferença entre os dois, porém, está no limite da margem de erro, de acordo com o instituto.
"Nós estamos disputando aqui o chamado voto de abstenção, o voto das pessoas que não foram votar, de um pequeno setor da sociedade, porque a eleição está muito parelha. Ela está muito disputada, tem muita gente definida, e fica cada vez mais apertado o número de pessoas que a gente tem que convencer a votar nos candidatos", avaliou o ex-presidente.
Apesar do crescimento do adversário, Lula ainda se diz certo de que vencerá o pleito. "A quantidade, enxurrada de dinheiro, de anúncio que está sendo colocado pelo governo na televisão, a liberação de fundo de garantia, o décimo terceiro não sei para quê. No fundo, no fundo, tem sido uma coisa que ele tem ganhado os pontos muito lentamente", declarou o petista. "Eu acho impossível ele tirar a diferença em uma semana, mesmo fazendo as loucuras que ele faz, as mentiras que ele conta, e criando os casos que eles criam", emendou.
Bolsonaro tem 'máquina poderosa de contar mentira'
Lula também foi questionado, durante a coletiva, sobre as polêmicas recentes envolvendo Bolsonaro e sobre como isso não parece o afetar nas pesquisas. Entre os casos citados estão a fala do presidente envolvendo adolescentes venezuelanas de São Sebastião, em que insinuou que as meninas se prostituíam - o que foi desmentido -, e a confusão que bolsonaristas causaram no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida durante a celebração de 12 de outubro.
"A verdade é que o nosso adversário tem uma máquina poderosa de contar mentira. Não é pouca coisa a rede que o meu adversário utiliza para vender monstruosidade, para contar mentira e para se explicar. Se você pegar essa situação das meninas de Brasília, ele levantou à 1h da manhã para fazer uma live tentando se explicar, tentando desmentir o que ele mesmo tinha confessado. Porque o que ele fez está contado num vídeo por ele mesmo", afirmou Lula.
O petista também criticou a tentativa de retratação feita por Bolsonaro nesta semana, que gravou um pedido de desculpas ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da "embaixadora" da Venezuela María Teresa Belandria. A mulher, porém, não é ligada ao atual governo de Nicolás Maduro, mas sim ao líder da oposição Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país. O governo brasileiro reconhece Guaidó, e não Maduro, como o chefe de Estado legítimo.
"O Brasil é fantástico. Porque nós temos que reconhecer a embaixadora de um país que o cara não é governo. É inacreditável que a embaixadora da Venezuela seja a embaixadora indicada pelo Guaidó. Ou seja, ela não representa nem a Venezuela, nem o Guaidó, que não é mais nada na Venezuela, e ela continua sendo tratada como se fosse embaixadora", comentou.
Guaidó era presidente da Assembleia Legislativa Nacional da Venezuela em 2019, quando se autodeclarou presidente interino e tentou derrubar Maduro do cargo. A tentativa falhou e Guaidó perdeu o cargo que ocupava em janeiro de 2020.