(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas FAKE NEWS

As estratégias utilizadas nas redes para desinformar durante a campanha eleitoral no Brasil

Confira as principais manobras usadas para propagar narrativas enganosas nas redes sociais


21/10/2022 06:44 - atualizado 21/10/2022 11:29

celular com a tela escrita fake news e imagens de Lula e Bolsonaro ao fundo
(foto: Mauro PIMENTEL /AFP )
Em uma campanha eleitoral marcada pela desinformação, os criadores de conteúdo brasileiros têm adotado estratégias sistemáticas para propagar narrativas enganosas nas redes sociais. A seguir, as principais manobras identificadas pela AFP antes do segundo turno, em 30 de outubro.

  • Retirar frases de contexto


Uma das principais táticas usadas pelos desinformadores é a edição de vídeos para dar a impressão de que os candidatos estão defendendo ideias que, na verdade, não foram abordadas.

Um exemplo disso foi um vídeo que viralizou entre apoiadores do presidente na quarta-feira, com a ajuda de figuras proeminentes como o pastor evangélico Silas Malafaia, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirma "É preciso mentir. O político tem que mentir".

Na verdade, na frase completa durante sua entrevista ao podcast Flow, Lula atribui estas palavras a Bolsonaro, a quem chama de mentiroso compulsivo poucos segundos depois.

Bolsonaro também foi alvo deste tipo de manobra para enganar os internautas.

Em um destes trechos, Bolsonaro parece dizer que, caso eleito, nomeará o ex-presidente Fernando Collor (PTB) como ministro e que, juntos, irão "confiscar a aposentadoria dos aposentados".

No entanto, a gravação foi editada para extrair só esse fragmento e omitir a parte em que ele explicava que estava falando de "boatos" difundidos por seus adversários.

  • 'Maré vermelha' na América Latina


Com governos de esquerda assumindo o poder nesses países da América Latina, vários conteúdos têm se proposto a "prever" o que pode acontecer no Brasil se Lula vencer o segundo turno. Mas a narrativa é muitas vezes baseada em episódios que nem mesmo aconteceram durante os governos de Gustavo Petro na Colômbia, Alberto Fernández na Argentina, ou Gabriel Boric no Chile.

Foi o caso da suposta "autorização da pedofilia" vinculada ao governo de Petro. As publicações são baseadas em uma medida que tornou legal o casamento de maiores de 14 anos sem ser necessária a permissão dos responsáveis, adotada em 18 de agosto de 2021. Na época, o mandatário era Iván Duque. Petro assumiu o cargo somente um ano depois.

"Avicultores, suinocultores são atacados na Argentina, pela população faminta", disseram usuários que compartilharam o vídeo de um saque que teria sido registrado durante o governo de Fernández. Mas as imagens foram gravadas no município colombiano de Puerto Tejada, durante a onda de protestos que começou em abril de 2021 contra a administração de Duque.

Vídeos gravados durante o movimento de protestos no Chile de 2019 também viralizam nas redes sociais como se mostrassem manifestações em 2022, durante o governo de Gabriel Boric.

  • Pesquisas apócrifas


A versatilidade dos desinformadores também chega às pesquisas eleitorais. O resultado vai de levantamentos completamente inventados a montagens de supostas reportagens televisivas que indicam vantagem de um ou outro candidato.

Em anos eleitorais como 2022, no entanto, a Justiça Eleitoral exige que entidades e empresas que realizarem levantamentos de opinião pública relacionados ao pleito os registrem no sistema do Tribunal Superior Eleitoral. Ali pode ser conferido se um levantamento existe ou não.


  • Provas de fraude?


Logo depois do primeiro turno, viralizaram nas redes vários conteúdos que tentavam provar a existência de uma fraude eleitoral.

Uma das teses que mais circulou foi a que afirmava que a totalização de votos seguiu um algoritmo em que a cada 12% das urnas apuradas, Lula ganhava 1% dos votos válidos e Bolsonaro perdia 0,5%.

Mas os números listados na mensagem não coincidem com as porcentagens atingidas pelos candidatos.

Também circulou uma lista de cidades onde, supostamente, teriam sido registrados mais votos em Lula do que habitantes. Mas os dados citados no texto estão incorretos e algumas das cidades mencionadas nem mesmo existem.

Já os dados que mostravam um maior número de votos para presidente do que eleitores aptos em uma seção de Minas Gerais não eram indicativos de fraude, mas de que a seção recebia o chamado voto em trânsito. Com essa modalidade, eleitores podem votar em um estado diferente do seu domicílio eleitoral, mas apenas para presidente.

  • Montagens baseadas em sites de notícia


O grupo Globo tem sido um dos principais alvos dos desinformadores que pegam o "estilo" do site de notícias g1 para criar matérias falsas e emprestar uma falsa credibilidade a conteúdos enganosos.

Foi o caso de uma captura de tela que parecia indicar que Lula teria dito que, se eleito, daria um prazo para que a população entregasse suas armas, ou outra que atribuía ao candidato a declaração de que "nem Deus tira essa eleição" dele.

O site da Jovem Pan também foi alvo durante o primeiro turno, quando circulou uma captura de tela da suposta notícia de que Bolsonaro teria sido reeleito na Nova Zelândia.

Esse tipo de imagem pode ser obtida por meio de montagens, acrescentando o texto sobre um fundo real, ou alterando o código HTML do site para depois fazer a captura de tela.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)