Após recebimento de denúncia, a Polícia Militar (PM) apreendeu em uma gráfica em Montes Claros, no Norte de Minas, um material impresso apócrifo, com referência à chamada “ideologia de gênero” para crianças nas escolas, recomendando às pessoas a não votarem no PT, com associação do partido à questão.
A ocorrência foi registrada na tarde dessa segunda-feira (24/10) e encaminhada à Polícia Federal, que instaurou inquérito para apurar os fatos. No material que estava sendo produzido na gráfica, é solicitado que as pessoas não votem no Partido dos Trabalhadores, e sim, no 22, número do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), rival do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.
O deputado federal reeleito Paulo Guedes (PT) gravou um vídeo, divulgado nas redes sociais, no qual pede investigação sobre o material produzido ilegalmente (sem o número de CNPJ do autor, como determina a Justiça Eleitoral) na gráfica em Montes Claros e a punição para as pessoas responsáveis. Na gravação, ele atribui a autoria do material apócrifo a “bolsonaristas”.
Outras pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores também fizeram postagens nas redes sociais, denunciando a gráfica de Montes Claros como “uma fábrica de fake news contra o PT” e atribuindo a ação ilegal a eleitores de Bolsonaro.
Nesta terça-feira, o delegado Gilvan Cleofilas Garcia de Paula, chefe da delegacia da Polícia Federal em Montes Claros, afirmou que a PF recebeu o boletim de ocorrência da Policia Militar, que instaurou inquérito “para apurar a responsabilidade”. Ele disse que ninguém foi preso.
Gilvan Garcia disse ainda que não poderia fazer comentários sobre o teor do material apreendido ou a possível autoria. “Como foi instaurado o inquérito policial, a PF não vai mais comentar o fato”, argumentou.
Presidente do PL rebate acusação
Em vídeo gravado na gráfica onde o material estaria sendo produzido, um integrante de uma entidade ligada à causa LGBTQIAP+ em Montes Claros cita o nome da presidente do diretório do PL em Montes Claros, Aline Bastos, como uma das responsáveis pela produção dos panfletos ilegais contra professores e contra o PT.
Por meio de nota, Aline Bastos negou a acusação, alegando que não tem nenhuma relação com a impressão dos panfletos e com a propagação de fake news.
“O partido (PL) informa que vai tomar as medidas cabíveis na forma da lei, visto que atinge a honra e o bom nome da sua representante direta”, assegurou Aline Bastos.
Ela disse nesta terça-feira que foi flagrada em Montes Claros a distribuição de material produzido de forma irregular, com “comparações” entre os governos de Jair Bolsonaro e Lula, repudiando o atual presidente e enaltecendo o petista.
Segundo a presidente do PL de Montes Claros, a distribuição dos panfletos irregulares estava sendo feita por pessoas vinculadas ao PT. Ela disse iria encaminhar a dunúncia ao TSE, por intermédio do aplicativo “Pardal”.