Taisa Medeiros - Correio Braziliense
O deputado federal André Janones (Avante-MG) deu mais um passo para aumentar ainda mais a tensão entre a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL). No início da noite desta terça-feira (25/10), Janones publicou no Twitter uma série de fotos que afirma terem sido retiradas do celular de Gustavo Bebianno, presidente nacional do PSL durante as eleições de 2018, que morreu vítima de um infarto em 2020.
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"Mortos não falam, mas os celulares deles sim! Lembra desse dia Carlinha? Lembra o que foi falado aqui?", disse Janones, endereçando o tweet à deputada aliada de Jair Bolsonaro, Carla Zambelli (PL-SP). "Isso aqui é só o frame de um vídeo, e de onde saiu esse tem muito mais! Apenas aguarde! HAVERÁ CHORO E RANGER DE DENTES!", escreveu o deputado.
Em seguida, Janones publicou: "O FINAL DESSA HISTÓRIA SERÁ APOTEÓTICO! Eu prometo!". Carla Zambelli respondeu ao colega da Câmara dos Deputados: "Mortos não falam mesmo. O Celso Daniel não fala também, mas seus registros, sim", disse. Celso Daniel (PT-SP) foi prefeito de Santo André (SP), e morreu assassinado a tiros em 2002.
A senadora Mara Gabrilli (PSDB) realizou uma acusação de que Lula teria envolvimento na morte do ex-prefeito, a qual foi veiculada no programa Jovem Pan News. O presidente Jair Bolsonaro também já havia mencionado tal acusação, mas o trecho do conteúdo da senadora foi compartilhado pela deputada federal Carla Zambelli (PL) e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL). Sobre a acusação, Lula recebeu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) direito de resposta.
Seis pessoas foram condenadas pelo assassinato de Celso Daniel e cumprem pena, mas nenhuma delas tem relação com o Partido dos Trabalhadores.
Quem foi Bebianno
Bebianno faleceu em março de 2020, quando já havia deixado o governo Bolsonaro. Conforme informações oficiais da época, o ex-ministro estava em seu sítio em Teresópolis. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu.
Bebianno era pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB. Ele também coordenou a campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República, o que lhe rendeu o cargo de secretário-geral da Presidência do governo. Ele foi exonerado no dia 18 de fevereiro de 2019, em meio às denúncias de que o partido que elegeu Bolsonaro à presidência havia utilizado de candidaturas laranjas.
A queda de Bebianno começou após denúncias de que uma candidata do PSL à Câmara dos Deputados alegou que havia sido usada como laranja nas eleições de 2018. Maria de Lourdes Paixão concorreu pelo estado de Pernambuco e teve um número inexpressivo de votos, na contramão da quantia destinada à ela durante a campanha. A candidata recebeu R$ 400 mil reais do fundo partidário. À época, Bebianno era presidente do PSL.