O Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT-MG), através da procuradoria regional sediada em Varginha, no Sul de Minas, acolheu representação apresentada pelo PT e PSOL de Passos, para determinar a instauração de inquérito civil para apurar suposto crime de assédio eleitoral por parte do deputado federal Emidinho Madeira (PL), reeleito no 1º turno das eleições de 2022.
A representação foi feita com base em informações prestadas pelo vice-prefeito de Passos, Arlindo Nascimento, e do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Passos, Darlan Esper Kallas, em outros dois inquéritos que correm no MPT de Varginha.
Os partidos alegam que, em reunião realizada em Passos no dia 11 de outubro de 2022, organizada e coordenada por Emidinho Madeira, foi elaborado um Plano de Ações que orienta empresários e fazendeiros a assediar os trabalhadores para votar em Bolsonaro, dispensar do trabalho os empregados bolsonaristas com remuneração, na semana que antecede o pleito, e, ainda, transportar o empregado da zona rural no dia da eleição.
Despacho
No despacho que determinou a instauração de inquérito civil, a procuradora do trabalho diz que os fatos noticiados já são de conhecimento do MPT, destacando, quanto a participação do deputado na reunião de organização da campanha de 2º turno do presidente Jair Bolsonaro, realizada em Passos, o depoimento do vice-prefeito de Passos, Arlindo Nascimento, citando trecho da ata referente ao Inquérito Civil:
“O Sr. Arlindo esclareceu que o Deputado Federal Emidinho Madeira é representante do Bolsonaro na região e que ele, na reunião realizada em 11/10/2022 passou as diretrizes a serem adotadas para cooptação de votos, evento que contou com a participação de aproximadamente 100 pessoas de Passos e municípios da região. A partir dessa reunião, com base nas diretrizes trazidas por aquele Deputado, foi elaborado o "Plano de Ações" pela Comissão de Passos, cuja liderança é exercida pelo Sr. Arlindo. Ele também informou que Emidinho Madeira realizou reuniões semelhantes em Guaxupé, Alfenas e iria realizar em Piumhi”.
Denúncia
Ao apreciar a denúncia formulada pelos partidos, a Procuradora do Trabalho, Melina de Sousa Fiorine e Schulze, afirmou que, além de crime, as condutas citadas no referido “Plano de Ações” podem configurar a prática de assédio eleitoral no ambiente de trabalho, ensejando a responsabilização do(a) assediador(a) e demais responsáveis na esfera trabalhista.
Assim, a procuradora recomendou ao deputado que garanta, imediatamente, aos trabalhadores e trabalhadoras o respeito ao direito fundamental à livre orientação política e ideológica, na qual se insere o direito de votar e ser votado, bem como que se abstenha de adotar qualquer conduta que se enquadre como assédio eleitoral contra os trabalhadores.
A representante do MPT recomendou que Emidinho Madeira, em até 24 horas, divulgue o teor das recomendações listadas por e-mail, áudios e/ou redes sociais aos destinatários empregadores, a fim de se retratar, informando a ilegalidade das condutas de assédio eleitoral estabelecidas na reunião organizada pelo deputado junto aos empresários convocados.
A comprovação da retratação deverá ocorrer até 28 de outubro, sexta-feira, sob pena de adoção de medidas administrativas e judiciais "com vistas à defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sem prejuízo da apuração da responsabilidade criminal pelos órgãos competentes.".
Em nota, divulgada por meio de sua assessoria de Comunicação, Emidinho Madeira diz o seguinte:
“O deputado acabou de receber o procedimento do Ministério Público do Trabalho, mas desde já reitera que nunca praticou assédio eleitoral, e é totalmente contra esse tipo de manifestação praticada por quem quer que seja, sempre a favor e defensor do estado democrático de direito. O parlamentar estará sempre à disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário, seja diante da opinião pública ou da justiça”.
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