O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o segundo turno da eleição presidencial contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 de outubro, será decidido no voto. A declaração foi dada nesta quarta-feira (26/10) durante pronunciamento em Brasília sobre a negativa do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, em abrir inquérito sobre um suposto favorecimento à campanha petista em inserções eleitorais no rádio.
“O que nós sempre lutamos e queremos é por democracia, respeito à constituição e ao estado democrático de direito. Por isso a urgência em recorrer. Sabemos que está em cima, as eleições estão aí, mas um lado foi muito prejudicado, e não foi de agora. Esperamos que haja celeridade por parte das eleições de Brasília. Eleições se decidem no voto. Aquele que tiver mais votos na urna deve assumir aquele cargo na data adequada”.
Bolsonaro revelou ter contratado duas auditorias para apurar eventuais irregularidades e que uma terceira empresa está em negociação. “As inserções foram realmente potencializadas para o outro lado. Dezenas de milhares de inserções do outro lado e do nosso lado quase zero. Isso desequilibra o processo democrático”.
Ele acredita que as propagandas eleitorais no rádio prejudicaram sua campanha em determinados lugares. “Em certos locais que eu achava que iria bem e poderia até ganhar, perdemos. As inserções de rádio fizeram diferença ou poderiam ter feito diferença. Não existe outro fator que possamos levar em conta”.
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Negativa de Moraes
Nesta quarta-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes negou o pedido da campanha de Bolsonaro (PL) para investigar irregularidades em inserções eleitorais em emissoras de rádio. Para o presidente do TSE, os dados apresentados pela equipe do presidente são inconsistentes.Ele acionou o Procurador-Geral Eleitoral, Augusto Aras, para averiguar "possível cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito", além de eventual desvio de finalidade no uso do Fundo Partidário para a contratação de auditoria pela campanha do presidente. O caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre a atuação de "mílicia digital" que atenta contra a democracia.
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Relatório
A campanha de Bolsonaro entregou ao TSE um relatório acompanhado de um link público do Google Drive com acesso a uma planilha de horários que comprovaria que oito emissoras de rádios teriam reproduzido mais inserções a favor do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que do presidente.
Entre as citadas estão as rádios Bispa FM e Hits FM, de Recife (PE); Clube FM, de Santo Antônio de Jesus (BA); Povo FM, de Feira de Santana (BA); Viva Voz, de Várzea da Roça (BA); Povo FM, de Poções (BA); Integração FM, de Surubim (PE); e Extremo Sul FM, de Itamaraju (BA).
Na segunda-feira (24/10), Fábio Faria, ministro das Comunicações, disse que o presidente teve 154 mil inserções de rádio a menos que Lula nas últimas duas semanas.
Resultado no 1º turno
Lula ficou à frente no primeiro turno ao receber 48,43% dos votos válidos (57.259.504). Bolsonaro, que tenta a reeleição, avançou em segundo, com 43,2% (51.072.345). A terceira posição foi de Tebet, com 4,16% (4.915.423), enquanto Ciro Gomes terminou em quarto, com 3,04% (3.599.287). Os demais candidatos ficaram abaixo de 1%.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 118.229.719 votos válidos (95,59%), 1.964.779 brancos (1,59%) e 3.487.874 nulos (2,82%) no primeiro turno. As urnas contaram com 123.682.372 comparecimentos (79,05%), ao passo que 32.770.982 eleitores (20,95%) deixaram de votar. O segundo turno será realizado em 30 de outubro.