Liminar concedida ao Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT-MG) obriga o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSB), a suspender a prática de assédio moral. Ele foi denunciado após circular vídeo onde pede votos ao presidente Jair Bolsonaro (PL). A gravação seria exibida no evento realizado na semana passada na quadra da empresa "Líder Interiores".
As investigações começaram após denúncia protocolada pelo diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT). Nela, o presidente da legenda, o vereador Anthony Rabelo, informava sobre o vídeo e que ele seria exibido no ato voltado para trabalhadores.
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"A participação dele (prefeito) representa coautoria na conduta empresarial de se aproveitar da relação de assimetria existente entre empregado e empregadores. A situação implica séria violação tanto da relação contratual, quanto do processo eleitoral, na medida em que, direta ou indiretamente, traz a possibilidade de perda do emprego caso não atendidas as “sugestões” do empregador e daqueles que participaram da aludida reunião, comportamento viola os valores sociais do trabalho, o pluralismo político e o dever de não discriminação, valores constitucionais irrenunciáveis”.
Caso descumpra a decisão, o político poderá ser multado em R$ 100 mil.
Liminar será cumprida
Vilela disse que o MPT propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que ele assumiria que estava cometendo assédio eleitoral. “Como eu manifestei um posicionamento pessoal, não falei nada em relação à troca de nada com ninguém, não ofereci vantagem, eu não assinei”, explicou. Ele voltou a dizer que o vídeo foi gravado a pedido de um funcionário da Líder.
O prefeito informou que cumprirá a liminar, embora negue que tenha cometido assédio. "Manifestei minha posição", ressaltou. Ele gravou o vídeo, que será compartilhado nas redes sociais, se desculpando com os trabalhadores como a decisão determina. “Não vou descumprir uma decisão da justiça”, destacou.
Entretanto, Vilela antecipa que isso não refletirá no posicionamento político dele. Ele também admite que a mobilização segue pedido do governador Romeu Zema (Novo).
“É claro que amanhã vou continuar meu trabalho normal com o posicionamento que eu tenho mantido aberto e de forma clara, até mesmo acompanhando pedido do governador Romeu Zema”, afirmou.
Ao mesmo tempo, diz não ser fã de Bolsonaro, não ser "direitista" e que ninguém nunca o verá "em carreata ou gritando mito". "Estamos numa linha de ação que acho que deve continuar", completou.
Expulsão
O vídeo e a posição política também renderam ao prefeito a expulsão do PSB. O anúncio foi feito ontem (26/10) pelo diretório estadual. A lista inclui outros prefeitos, vereadores que seguem a mesma linha. O partido integra a chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com Geraldo Alckmin como vice.
Vilela confirmou que a expulsão já ocorreu e que não irá recorrer. Entretanto, criticou a atitude do PSB. Ele comparou a decisão ao que ocorreu ao ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, quando retirou a candidatura ao governo de Minas, em 2018, a partir de mobilização nacional do partido.
“Isso é o que o PSB tem feito. Esse tem sido o perfil do PSB. Hoje temos um candidato a vice-presidente na chapa do Lula que não é PSB, Ele é PSBD. Vejo nas imagens o desconforto do Alckmin em relação a essa campanha”, pontuou.
Para o prefeito, o PSB perdeu os ideais do fundador Miguel Arraes.
*Amanda Quintiliano especial para o EM