Jornal Estado de Minas

RETA FINAL

Aliados de Lula minimizam aliança Zema-Bolsonaro: 'Narrativa não colou'

A menos de 48 horas da abertura das seções eleitorais para o segundo turno, a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais não crê que o apoio do governador Romeu Zema (Novo) à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) vai ser capaz de inverter o resultado da eleição presidencial no estado. Os lulistas trabalham para manter os 563,3 mil votos de vantagem conquistados no primeiro turno.



"A narrativa do governador não colou em Minas Gerais. (Era) uma narrativa de tentar trazer a eleição para (o campo) local. A eleição é nacionalizada", disse, ao Estado de Minas, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), coordenador político de Lula em solo mineiro.

A favor das projeções dos aliados do PT, estão as mais recentes pesquisas sobre a etapa estadual da corrida ao Palácio do Planalto. Ontem, o Datafolha apontou que Lula tem 49% dos votos válidos em Minas, ante 44% de Bolsonaro. O Instituto Atlas/Intel, por sua vez, calculou 51,7% para o petista e 48,3% para o capitão reformado.

Segundo um interlocutor ouvido sob reservas pelo Estado de Minas, há a avaliação de que, apesar dos esforços de Zema para levar prefeitos e lideranças regionais ao grupo que apoia Bolsonaro, as articulações podem não resultar em votos. Isso porque, segundo o mesmo interlocutor, embora tenham participado de reuniões com o governador sobre a reeleição do presidente, há prefeitos que não têm se empenhado em suas cidades para pedir votos.



O voto casado em Lula e Zema no primeiro turno também é utilizado como mecanismo para basear a análise de que o petista pode manter a vantagem no estado apesar da ofensiva bolsonarista. Para integrantes da coalizão liderada pelo PT, o fenômeno "Luzema" representou, na prática, um voto mais convicto em Lula do que em Zema - o que tornaria difícil a migração desse eleitor para Bolsonaro no segundo turno.

Atos regionais dão último gás a Lula em Minas

A reta final da campanha dos mineiros pró-Lula vai ser marcada por atos regionais. Neste sábado (29/10), duas mil pessoas são esperadas para um abraço simbólico a pontos da Avenida do Contorno, em Belo Horizonte. Interior afora, a militância do PT também organiza eventos. Outras atividades são conduzidas por apoiadores ao centro e prefeitos.

"O que se discute são dois projetos muito antagônicos. O de Lula, que os brasileiros já conhecem, prioriza o desenvolvimento econômico, mas em especial a justiça social e os programas sociais. O outro projeto representa risco democrático e a desarmonia entre as instituições", pontuou Alexandre Silveira.



Acenos de Lula ao eleitorado de Zema

Ciente do capital político do governador, eleito em primeiro turno com 56,18% dos votos válidos, Lula gravou vídeos direcionados ao eleitor mineiro. Nas peças, veiculadas como propaganda eleitoral desde a semana passada, ele afirma que vai atuar ao lado de Zema.

"A independência é a grande marca de Minas. Vocês escolheram livremente seu governador, e é com ele que eu vou trabalhar como sempre trabalhei, independente dos partidos. Vamos juntos por Minas e pelo Brasil", diz, na gravação.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada na corrida presidencial, se posta como "fiadora" do voto de eleitores do centro à direita em Lula. Ontem, ao EM e à TV Alterosa, ela afirmou acreditar que, em caso de vitória do PT, as diferenças ideológicas entre os governos federal e estadual não vão prejudicar o povo de Minas Gerais.

"Estamos falando de um dos principais estados da federação brasileira. Lula, se eleito presidente, vai governar para todos, independentemente do partido do governador do respectivo estado", asseverou. Segundo ela, o petista "nunca" se ateve à "coloração partidária" para basear os atos de sua gestão.

As pesquisas do Datafolha e da Atlas/Intel estão registradas na Justiça Eleitoral sob os números BR-04208/2022 e BR-05792/2022, respectivamente.