O medicamento Cytotec ficou entre os assuntos mais comentados na noite desta sexta-feira (28/10), após o presidente Jair Bolsonaro (PL) citá-lo durante uma discussão sobre aborto no debate da TV Globo.
Em um momento da discussão, Lula (PT) questionou o adversário a respeito de uma declaração em 1992 sobre pílulas abortivas.
"Trinta anos atrás, 30 anos atrás, abortiva é cytotec, é pílula do dia seguinte, é isso? Outra coisa, 30 anos atrás, eu posso mudar", disse Bolsonaro.
O que é o Cytotec
Segundo a organização sem fins lucrativos Safe 2 Choose, o Cytotec é uma pílula utilizada para interromper gestações de até 13 semanas. O medicamento possui prostaglandina, que causa um amolecimento e dilatação do colo uterino e contrações uterinas. Assim, causa a expelição da gravidez.
O remédio surgiu como uma alternativa para a curetagem, procedimento de “limpeza” uterina após um aborto natural. Por conta da capacidade de interromper uma gestação, o medicamento é proibido no Brasil, mas é possível encontrá-lo em mercados paralelos e em ONGs pró-aborto.
Pílula do dia seguinte não é abortiva
Ao contrário do que foi dito por Bolsonaro, a chamada pílula do dia seguinte ou pílula de emergência não é considerada um método abortivo pela literatura médica. O medicamento é indicado para após relações sexuais vaginais sem proteção e deve ser utilizado até 72 horas após o ato, reduzindo em até 75% a chance de engravidar.
A pílula age liberando hormônios que impedem o desenvolvimento de4 folículos ovulatórios, impedindo a ovulação e, consequentemente, a fecundação. O medicamento também retarda o transporte dos espermatozóides pelas tubas uterinas, ficando mais lentos. A pílula também torna o colo uterino mais espesso, dificultando a migração dos espermatozoides para dentro do útero.
A pílula do dia seguinte é encontrada facilmente em qualquer farmácia e até em unidades básicas de saúde. Apesar de não precisar de receita, seu uso frequente não é indicado, já que pode reduzir sua eficácia.