Apesar do incômodo gerado no ex-presidente Michel Temer, a cúpula do MDB minimizou a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de golpista. O diálogo aconteceu nesta sexta-feira (28) no último debate antes das eleições entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Ele (Bolsonaro) recebeu o governo de um golpista chamado Michel Temer, do qual ele ajudou a derrubar a (ex-presidente) Dilma (Rousseff)", atacou Lula durante o confronto.
Para integrantes do MDB, a menção a Temer acabou passando em segundo plano, porque o Bolsonaro deixou passar a oportunidade de rebater. Não questionou, por exemplo, porque então Lula tem se valido do apoio da senadora Simone Tebet (MDB), que votou a favor do impeachment. Nem perguntou, já que o petista defende a ex-presidente, se irá nomeá-la em algum ministério.
Além disso, em caso de vitória de Lula, esse emedebistas não acreditam que o episódio nem a posição do PT sobre o assunto serão impeditivos para um alinhamento do partido com o novo governo. Eles afirmam que integrar uma possível gestão PT não será uma decisão automática, mas que a defesa de que o impeachment foi um golpe não será determinante.
Como revelou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Temer telefonou ainda durante o debate para o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), para perguntar se Tebet seguirá apoiando Lula. A senadora acompanhou o ex-presidente no evento.
Temer e filha se manifestam
Neste sábado (29), o próprio Temer se manifestou sobre o assunto. "Lamento a deselegância do candidato Lula ao chamar-me de golpista. Quem derrubou o governo petista foi o povo nas ruas e o Congresso Nacional", declarou.
Também neste sábado, Luciana Temer, filha do emedebista, publicou um vídeo em um rede social afirmando que seguirá votando em Lula, mesmo ele tendo chamado seu pai de golpista. Luciana é ex-secretária municipal de Assistência Social, durante a gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo, entre 2013 e 2016. O período coincidiu com o impeachment de Dilma.
"Muita gente me perguntando aqui se vou continuar a defender um homem que chamou meu pai, Michel Temer, de golpista em rede nacional. Quem me conhece sabe o quanto eu amo e admiro esse meu pai. Mas deixa eu explicar uma coisa para quem ainda não entendeu. Eu não defendo um homem, defendo um modelo de país, eu defendo um modelo de sociedade", afirmou.
E o debate?
Lula e Bolsonaro se enfrentaram em torno de temas como economia e valorização do salário mínimo e trocaram acusações sobre corrupção em debate na TV Globo na noite desta sexta-feira (28), a dois dias do segundo turno das eleições. Sem profundidade, as discussões se perderam em meio a ataques e contestações mútuas.
Ambos os postulantes se esquivaram de temas incômodos, o que deixou truncado o ritmo do debate - o último antes da ida dos brasileiros às urnas, neste domingo (30).