Às véspras da votação do segundo turno para presidente da República, centenas de eleitores e eleitoras, depois de participarem do ato de 'abraço à Avenida do Contorno', foram para a 'praia', na Praça da Estação, na Região Central de Belo Horizonte, para manifestar apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Blocos carnavalescos, que floresceram a partir da ocupação do espaço público em BH, deram o tom e o compasso com os tambores. O dia ensolarado aqueceu a disposição de extravasar a ansiedade com o resultado da votação no domingo (30/10).
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A arquiteta e urbanista Gabriela Rezende, de 29 anos, aproveitou o jato d'água do caminhão-pipa, pago com uma vaquinha entre os frequentadores da praia, para se refrescar do calor, mas destacou que era também um "banho pela democracia". "Estamos vivendo dias delicados. Todo mundo está muito ansioso com a eleição. Está muito tensionada, mas é importante estarmos aqui reunidos para eleger Lula e transformar esse país. Não é pelo PT, mas para termos outro projeto de governo mais democrático".
O desenvolvedor Alexandre da Silva de Menezes Paiva, de 34, levou o pai para a Praia da Estação depois de muitos convites feitos sem o aceite paterno. O que fez o aposentado Antonio de Menezes sair de casa para ir ao ato público é a admiração que tem por Lula. "É um cara que merece tudo só por ter sido um metalúrgico e ter chegado a chefe da nação duas vezes", afirma. E justificou o voto do segundo turno: "Lula é gente que merece a nossa gratidão, além de ser um político autêntico, é um excelente ser humano".
O filho lembrou que, embora o pai seja conservador em alguns aspectos, foi dele que herdou a admiração pelo Partido dos Trabalhadores. "Herdei dele a luta de classe e a consciência de classe também. A gente pode ganhar 10 mil, 20 mil, 40 mil, mas a gente é da base. Somos trabalhadores, e é isso que o Partido dos Trabalhadores representa." O jovem se emocionou ao ver o pai se divertir com os jatos d'água do caminhão-pipa. "Ele feliz dançando e molhando na praia da estação é bonito demais."
A jornalista Luiza Ferreira Martins, de 24, destacou a importância da Praça da Estação para momentos democráticos da história brasileira. "É um espaço democrático, lugar de muita luta também. A gente está sempre aqui. Estive aqui no 8 de março (Dia Internacional da Mulher). Estive aqui em outros movimentos também . Ocupar isso aqui é falar do direito da população à cidade de Belo Horizonte".
Ânimo não faltava para que os eleitores-foliões seguissem horas a fio na 'praia', mas, por volta de 15h, policiais militares pediram que o caminhão-pipa encerrasse os trabalhos. De imediato o pedido da polícia, que havia feito um acordo com os organizadores em relação ao horário de encerramento, foi atendido. Os manifestantes permaneceram na praça conversando e cantando.