A capital mineira recebeu os últimos atos da campanha dos dois presidenciáveis. Jair Bolsonaro Bolsonaro (PL) esteve na capital para uma motocarreta, enquanto petistas organizaram um abraço simbólico a BH.
As estratégias das cúpulas das duas campanhas estão voltadas para Belo Horizonte uma vez que, historicamente, a maioria dos presidentes eleitos venceu em Minas. Às vésperas da eleição mais acirrada da história republicana, os dois lados saíram às ruas para tentar convencer os indecisos. E o clima, apesar de toda a tensão, era de festa, dos dois lados, ambos muito confiantes na vitória.
Na manhã de sábado, os apoiadores de Bolsonaro realizaram uma 'motocarreta', que saiu da região do Barreiro em direção à Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul. O movimento foi liderado pelo próprio presidente, que usou uma camisa estilizada do América Futebol Clube.
Os apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, deram um abraço simbólico à Avenida do Contorno, ato tradicional das campanhas da esquerda em demonstração de afeto à capital, e depois seguiram para a Praça da Estação.
Os dois grupos se encontraram em alguns pontos no coração de BH, mas, segundo a Polícia Militar, não houve registros de incidentes. Com tanto em jogo, eleitores dos dois candidatos não deixaram de dirigir provocações ao adversário, mas não agiram com violência - ao contrário do que ocorreu em São Paulo, onde Carla Zambelli apontou uma arma para um homem.
Com as pesquisas demonstrando que os dois candidatos têm percentuais muito próximos, a ansiedade toma conta do coração. Vale tudo nesta reta final: sair com a bandeira do candidato, cantar os jingles de campanha e usar as mãos para sinalizar o 22 de Bolsonaro ou L de Lula. A pé, de carro, bicicleta ou de ônibus, cada eleitor deu um jeito de manifestar suas preferências para o futuro do país.
A paz foi garantida na sexta-feira (28/10), por meio de um acordo feito entre os coordenadores da campanha de Lula e Bolsonaro. "Eles estão ocupando a Praça da Liberdade, nós combinamos de vir aqui para a Praça da Estação, então é democrático. Que vença o melhor e o resultado seja respeitado", avalia um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e um dos fundadores do bloco carnavalesco "Volta, Belchior!", Kerison Lopes.
Certeza da vitória
Os dois lados ficaram satisfeitos com o recado das ruas. "Foi lindo o dia de hoje. Ocupamos 29 pontos da Avenida do Contorno. Nós dos blocos de carnaval combinamos terminar aqui num evento, que é tradicional em Belo Horizonte também chamado Praia da Estação", afirma Kerison.
Kerison avalia que Lula pode virar em BH. "Lula perdeu com a diferença de 60 mil votos. Nossa é virar. Fzemos um trabalho, principalmente voltado para a periferia a a militância se envolveu muito. Então temos expectativa de virar em Belo Horizonte e as pesquisas mostram que em Minas, a gente deve manter os 5% que tivemos no primeiro turno em todo o Brasil", avalia Kerison.
O deputado reeleito Bruno Engler também avaliou positivamente o clima da cidade. "Gostei muito do clima para nossa motocarreata em BH hoje. Primeiro, pelo número enorme de pessoas que participaram do evento, foram milhares de motos e carros, além de inúmeras pessoas que foram a pé para receber o presidente tanto no Barreiro quanto na Praça da Liberdade", afirmou.
Ele avalia que, ao longo do trajeto, as pessoas reagiram bem a passagem, "acenando, sorrindo, fazendo o 22 com as mãos". "Tinha um outro contrário, é natural, mas grande maioria foi favorável. Foi uma maneira linda de o presidente encerrar a campanha em Minas", disse Engler.
Engler também está confiante na vitória. "Estamos confiantes que vamos vencer em Belo Horizonte, Minas e em todo o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro será reeleito", afirma.
Cautela nas ruas
A arquieteta e urbanista Gabriela Rezende, de 29 anos, adotou cautela para sair às ruas neste momento de sentimentos à flor da pele. "Tem que ir para as ruas mesmo, mas tenho ficado um pouco preocupada e alarmada com relatos e fotografias de pessoas que têm sido agredidas por se manifestarem com o adesivo ou se manifestarem com bandeiras", afirmou.
Mas a jovem não deixou de destacar a beleza das ruas da cidade ocupadas. "É o povo na rua manifestando sua verdade. Tivemos apoiadores de Bolsonaro na rua, na Praça da Liberdade, e o pessoal do Lula aqui na Praça da Estação. É importante termos essas duas ocupações da cidade", pondera a jovem que acredita na vitória de Lula.
Os atos dos dois lados eram observados, de longe, por muito trabalhadores de bares e restaurantes e lojas ou de outros serviços que funcionaram neste sábado. Mesmo diante da disputa acirrada, muita gente teve um dia comum, de trabalho nas lojas, restaurantes e bares. No fim da tarde, muitos aguardavam no ponto para voltar para a casa, cenas que em nada lembrava a polarização, mas que deixavam claro os motivos de essa disputa ser tão importante.