Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, é o presidente eleito do Brasil. O petista venceu, neste domingo (30/10), o segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Às 23h de hoje, com 99,99% das urnas apuradas, Lula somava 50,9% dos votos válidos, ante 49,1% de Bolsonaro. Não há, portanto, chance de mudança no resultado final.
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Lula venceu a eleição menos de três anos após deixar a prisão. Entre abril de 2018 e novembro de 2019, ele ficou detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava-Jato.
A soltura do petista ocorreu após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a prisão de condenados em segunda instância. No ano passado, a Suprema Corte anulou as condenações de Lula por entender que o ex-Juiz Sergio Moro, responsável por decidir os rumos do caso, atuou de forma parcial. Houve a avaliação, ainda, de que ao serem julgados em Curitiba, os casos não tramitaram na jurisdição certa.
A coalizão liderada por PT e PSB uniu, da esquerda à centro-direita, outros oito partidos. Além de petistas e socialistas, a coligação de Lula, batizada "Brasil da Esperança", teve as participações de PCdoB, PV, Psol, Rede Sustentabilidade, Agir, Avante, Solidariedade e Pros.
No segundo turno, Lula conseguiu mais adesões à frente que o apoiou. Terceira colocada na primeira votação, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) engrossou o bloco a favor da candidatura do PT, a exemplo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Economistas ligados ao Plano Real, responsável pela instituição da moeda nacional, como Armínio Fraga, também declararam voto no vencedor do pleito.
Em Minas Gerais, Lula teve o apoio de lideranças do PSD, como o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e o senador Alexandre Silveira. O atual prefeito da capital, Fuad Noman, outro integrante do PSD, também defendeu publicamente o vitorioso. O deputado federal mineiro André Janones (Avante) abriu mão de sua candidatura ao Planalto para apoiar Lula e teve papel importante ao utilizar as redes sociais para defender o aliado.
Petista promete mandato único; aliados esperam 'travessia'
Lula diz que, quando subir a rampa do Palácio do Planalto ao lado da esposa, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, vai carregar consigo o compromisso de liderar o governo federal apenas até dezembro de 2026. O presidente eleito já assumiu publicamente o desejo de não tentar a reeleição.Na semana retrasada, em entrevista ao Estado de Minas e à TV Alterosa, Lula disse que vai trabalhar para estabelecer uma "convivência democrática" entre os brasileiros. "Não é o PT que vai ganhar as eleições. Fazemos parte de um movimento criado para restabelecer a democracia neste país ferido", afirmou. "Se eu ganhar a eleição, você pode ficar certo que este país vai ter um 'céu de brigadeiro'", emendou.
Na quinta-feira (27), também ao EM, Simone Tebet adotou discurso semelhante. "Lula vai significar, nos quatro anos, a travessia mais importante desde a redemocratização. A ponte que precisamos entre a democracia e a barbárie, o progresso e o retrocesso civilizatório, o amor e o ódio, o livro e a arma".
A união entre o torneiro mecânico e o médico
Antes de vencer a eleição presidencial de 2002, Lula tentou chegar ao Planalto em 1989, 1994 e 1998 - sem sucesso. Antes, foi um dos deputados federais que ajudou a redigir a Constituição Federal. Líder sindicalista, Lula informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser torneiro mecânico de profissão.Alckmin, o vice, é médico. Adversários na eleição de 2006, vencida pelo PT, eles se uniram neste ano, após o ex-governador paulista deixar o PSDB.
Este texto foi atualizado às 23h44 deste domingo (30/10) a fim de incluir os índices de votação de Lula e Bolsonaro com 99,99% das urnas apuradas.