A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (30/10), no segundo turno da eleição presidencial, representa a quebra de paradigmas que envolvem a política brasileira. É a primeira vez que alguém é eleito três vezes pelo voto popular para a Presidência da República. Em 1° de janeiro, o petista vai voltar ao Palácio do Planalto doze anos após ter transferido o cargo para a correligionária Dilma Rousseff. A data marcará, ainda, os 1.667 dias desde que Lula deixou a prisão.
A vitória de Lula põe fim a uma estatística que acompanha o Brasil desde 1998, quando os presidentes passaram a poder pleitear, nas urnas, a reeleição. Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) conseguiu renovar o mandato. O mesmo aconteceu em 2006 e 2010, com Lula e Dilma, respectivamente. A eleição deste ano foi, também, a primeira em que duas pessoas que já ocuparam a chefia do governo federal travaram confronto direto pela presidência.
Com 99,9% das urnas apuradas, Lula tinha 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% de Bolsonaro. "Nunca antes na história deste país", a frase que dá título a este texto, foi bastante utilizada por Lula durante seus anos à frente do país. Serviu, também, para nomear um livro do jornalista Marcelo Tas sobre pensatas do petista.
A frase pode ser usada, ainda, para explicar a redenção política de Lula. Há quatro anos, ele assistiu à derrota do correligionário Fernando Haddad para Bolsonaro de uma televisão instalada na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR). Ele viveu em uma sala do local entre abril de 2018 e novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou o entendimento sobre a prisão de condenados em segunda instância e possibilitou sua libertação.
No ano passado, as condenações de Lula, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato, foram anuladas pela Suprema Corte. Sergio Moro (União Brasil), o juiz do caso, foi considerado suspeito. Neste mês, depois de atuar como ministro da Justiça, ser eleito senador pelo Paraná e se distanciar de Bolsonaro, o ex-juiz confirmou publicamente o retorno da relação com o presidente derrotado e atuou como uma espécie de assessor do candidato do PL nos debates promovidos por veículos jornalísticos.
A opção pelo dono da Coteminas, empresa do setor têxtil, serviu como aceno a setores então refratários ao ideário lulista.
Neste ano, além de dar à sua campanha um caráter de frente ampla em defesa da democracia, Lula também teve, como candidato a vice, um homem de bom trânsito com o empresariado e setores tradicionalistas.
O escolhido, Geraldo Alckmin, foi ferrenho adversário do PT quando era filiado ao PSDB e disputou o segundo turno da eleição de 2006, vencida por Lula. Assim como Alencar, Alckmin migrou a um partido simpático ao PT, o PSB, e se engajou a favor do mais novo aliado.
A vitória de Lula põe fim a uma estatística que acompanha o Brasil desde 1998, quando os presidentes passaram a poder pleitear, nas urnas, a reeleição. Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) conseguiu renovar o mandato. O mesmo aconteceu em 2006 e 2010, com Lula e Dilma, respectivamente. A eleição deste ano foi, também, a primeira em que duas pessoas que já ocuparam a chefia do governo federal travaram confronto direto pela presidência.
Com 99,9% das urnas apuradas, Lula tinha 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% de Bolsonaro. "Nunca antes na história deste país", a frase que dá título a este texto, foi bastante utilizada por Lula durante seus anos à frente do país. Serviu, também, para nomear um livro do jornalista Marcelo Tas sobre pensatas do petista.
A frase pode ser usada, ainda, para explicar a redenção política de Lula. Há quatro anos, ele assistiu à derrota do correligionário Fernando Haddad para Bolsonaro de uma televisão instalada na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR). Ele viveu em uma sala do local entre abril de 2018 e novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou o entendimento sobre a prisão de condenados em segunda instância e possibilitou sua libertação.
No ano passado, as condenações de Lula, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato, foram anuladas pela Suprema Corte. Sergio Moro (União Brasil), o juiz do caso, foi considerado suspeito. Neste mês, depois de atuar como ministro da Justiça, ser eleito senador pelo Paraná e se distanciar de Bolsonaro, o ex-juiz confirmou publicamente o retorno da relação com o presidente derrotado e atuou como uma espécie de assessor do candidato do PL nos debates promovidos por veículos jornalísticos.
Tabus quebrados, mas com tática repetida
Apesar de romper com alguns arquétipos da cena política nacional, Lula recorreu, neste ano, a expedientes que utilizou em 2002, quando venceu pela primeira vez a corrida ao Planalto. À época, escolheu o empresário mineiro José Alencar, para ser seu vice. O líder petista, então, articulou para colocar Alencar, homem ligado ao centro e à direita, no antigo Partido Liberal (PL).A opção pelo dono da Coteminas, empresa do setor têxtil, serviu como aceno a setores então refratários ao ideário lulista.
Neste ano, além de dar à sua campanha um caráter de frente ampla em defesa da democracia, Lula também teve, como candidato a vice, um homem de bom trânsito com o empresariado e setores tradicionalistas.
O escolhido, Geraldo Alckmin, foi ferrenho adversário do PT quando era filiado ao PSDB e disputou o segundo turno da eleição de 2006, vencida por Lula. Assim como Alencar, Alckmin migrou a um partido simpático ao PT, o PSB, e se engajou a favor do mais novo aliado.