Vinícius Prates, Matheus
Muratori e Ana Mendonça
A vitória nas urnas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi reconhecida ontem pelos poderes Legislativo e Judiciário tão logo a apuração confirmou o terceiro mandato do candidato petista. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reconheceram o resultado anunciado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que destacou a lisura das eleições. “O Brasil deu mais um exemplo de eleições limpas e com ampla participação popular”, reforçou o ministro do STF Gilmar Mendes nas redes sociais.
Arthur Lira, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), se pronunciou minutos após a confirmação do resultado. Lira disse que não é hora de olhar revanchismos políticos e, sim, trabalhar por um país unido. Disse ainda que as urnas não devem ser contestadas e que vai trabalhar, junto à Câmara dos Deputados, por um país melhor.
“O Brasil deu mais uma demonstração da vitalidade da sua democracia. Da força das suas instituições e do nosso povo. A vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada, e seguiremos em frente na construção de um país soberano, justo e com menos desigualdade”, disse o parlamentar.
Rodrigo Pacheco parabenizou o presidente eleito da República e o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e afirmou esperar que ambos possam exercer mandatos com “dignidade”, “êxito” e “espírito democrático”. Pacheco deu as declarações durante entrevista no Senado, cerca de duas horas depois de o TSE confirmar a vitória de Lula sobre o candidato do PL à reeleição.
“Cumprimento em especial o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice, Geraldo Alckmin. Desejo que a partir de janeiro de 2023, quando aqui estaremos a dar posse aos eleitos, que possam exercer os seus mandatos com dignidade, êxito, espírito democrático, contribuindo para efetivas soluções dos problemas re- ais”, declarou o presidente do Senado. Ao longo do processo eleitoral, o parlamentar, que chegou a ser cotado como candidato do PSD ao Palácio do Planalto, não declarou apoio a nenhum dos candidatos.
Questionado sobre a postura de Bolsonaro, que até as 23h não havia se manifestado publicamente sobre o resultado da eleição, Rodrigo Pacheco afirmou acreditar que o presidente reconhecerá que as eleições são “inquestionáveis”. O senador por Minas Gerais também disse esperar uma “transição” governamental "eficiente", "pacífica", "equilibrada" e "colaborativa". O presidente do Senado disse que ainda não entrou em contato com Lula e Bolsonaro. “Devo fazer contato com ambos (Lula e Bolsonaro). Inquestionável que o presidente Jair Bolsonaro é um líder nacional. A sua postura vai contribuir para processo de pacificação do Brasil”, disse.
“Da mesma forma que reafirmamos a lisura, a estabilidade e a confirmação da vontade popular não podemos aceitar revanchismos ou perseguições de que lado for”, afirmou Lira ao garantir que vai trabalhar junto à Câmara dos Deputados por um país que trabalhe para atender a “aspirações mais amplas”, disse o parlamentar “É preciso ouvir a voz de todos, mesmo divergentes, e trabalhar para atender a aspirações mais amplas. É hora de desarmar os espíritos, estender a mão aos adversários, debater, construir pontes, propostas e práticas que tragam mais desenvolvimento, empregos, saúde, educação e marcos regulatórios eficientes. Tudo o que for feito daqui pra frente tem que ter um único princípio: pacificar o país e dar melhor qualidade de vida ao povo brasileiro”, acrescentou o presidente da Câmara.
Ligações Alexandre de Moraes afirmou ontem que ligou para o presidente Jair Bolsonaro e para Lula para informar o resultado da eleição presidencial. A ação é tida como padrão por parte dos presidentes do TSE. “Liguei pessoalmente para conversar com ambos os candidatos após as eleições, após a apuração. Conversei com o candidato, agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, dizendo que a Justiça Eleitoral já estava apta e iria proclamar o resultado oficial das eleições, e cumprimentando ambos por terem participado do mais importante momento da democracia, que é o momento das eleições”, disse Moraes em pronunciamento no TSE.
“O presidente Bolsonaro me atendeu com extrema educação, agradeceu a ligação, e não foi mais nada do que isso. Da mesma forma que o presidente agora eleito, Luiz Inácio Lula da Silva”, completou. Moraes também afirmou que o resultado do pleito será acatado pelos dois candidatos. O presidente do TSE disse que não teme “nenhum risco real”. O ministro é criticado recorrentemente por Jair Bolsonaro e seus apoiadores, tanto nas ações no STF quanto no TSE.
“Não vislumbramos nenhum risco real e nenhuma contestação. O resultado foi proclamado, o resultado será aceito, e aqueles que foram eleitos a presidente da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a vice-presidente, o ex-governador Geraldo Alckmin, serão diplomados em 19 de dezembro e tomarão posse em 1º de janeiro, sem risco nenhum”, disse em entrevista coletiva.
Posteriormente, Moraes disse que “eventuais fissuras” fazem parte do jogo eleitoral. Segundo o presidente do TSE, o presidente eleito precisa “unir o país” após uma disputa tão acirrada. “Quanto a eventuais fissuras, faz parte do jogo político, do jogo democrático. Obviamente, houve uma polarização maior, e agora compete, eu diria muito mais, aos vencedores unir o país, porque aqueles que são eleitos vão governar para todos os brasileiros, não só para os seus eleitores", completou.