Apesar do movimento de interdições em rodovias ter sido iniciado por caminhoneiros, não são todos os motoristas que estão a favor da manifestação. Diante dos bloqueios das rodovias por bolsonaristas que não aceitaram a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), outros trabalhadores estão sendo obrigados a ficar parados nas estradas, sob ameaças e condições precárias.
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De acordo com o motorista, estão deixando passar apenas carros pequenos e ônibus. Questionado sobre o movimento, ele diz que é totalmente contrário a paralisação.
"Tô apoiando não. Tô aqui contra a minha vontade. Eu tinha que estar descarregando meu caminhão hoje, às 5h da manhã, lá em Volta Redonda no Rio de Janeiro, eu nem sei quando eu vou poder descarregar. Nem todo mundo que está aqui é a favor", declarou.
Do ponto em que o motorista está até o seu destino final, a distância é de cerca de 360 km.
Segundo ele, outros colegas de trabalho também estão sendo impedidos de sair do local. "Muitos e muitos, muitos. Acho que 50% está obrigado", pontua.
O motorista que é diabético, destaca as dificuldades da paralisação na estrada. "Sem comida, sem água. Eu sou diabético, tomo insulina, até agora sem almoçar. Não tem lugar para almoçar. Comi um pão com manteiga, bebi uma água, deu para equilibrar as coisas", desabafa.
Bloqueio nas estradas
Desde a noite de domingo (30/10), após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), bolsonaristas têm bloqueado rodovias pelo país, buscando questionar o pleito nacional.
Eles protestam a favor de uma "intervenção militar" e aguardam um posicionamento do Presidente Jair Bolsonaro, que está, até o momento, em silêncio sobre a derrota.
Ontem à noite, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a PRF desbloqueie as rodovias com trânsito interrompido por bolsonaristas. A ordem dele foi confirmada pelo STF, em reunião de emergência na madrugada de hoje.
Hoje, Moraes ainda determinou que policias militares podem desbloquear até mesmo as estradas federais.